Está aí mais uma edição da Feira do Montado, um dos maiores eventos da região que conta já com vinte e dois anos de existência, sendo uma organização do Município de Portel.

A Feira do Montado é um evento que tem contribuído para a promoção e valorização do montado, tratando-se de um acontecimento de importância económica, ambiental, cultural e científica, de âmbito nacional e internacional.

Durante os cinco dias da feira, expositores de diversas empresas do sector florestal, do sector da cortiça, dos agro-alimentares, restauração e do comércio em geral, têm a oportunidade de promover e comercializar os seus produtos e desenvolver oportunidades de negócio.

A par das diversas exposições promovidas pelas várias entidades, a Feira do Montado, mais uma vez, será uma montra dos melhores produtos do Montado, o que de melhor se produz no Alentejo.

A animação será um dos principais atrativos e os concertos à noite irão trazer a Portel grandes nomes da música nacional.

Evento de referência no debate e discussão de políticas suberícolas, contribuindo para uma maior visibilidade do montado

O que se pode esperar da edição deste ano da Feira do Montado? Há novidades?
As novidades não são muito acentuadas uma vez que a Feira do Montado atingiu um patamar bastante interessante e atraente pelo que se pretende dar continuidade ao que tem vindo a ser realizado nos últimos anos. A afirmação da feira, com as suas características muito próprias, está concretizada, e distingue-se pela qualidade dos seus expositores e dos seus produtos, pelo ambiente acolhedor e familiar e pela sua animação e programa cultural, pela sua gastronomia, pela qualidade científica dos seus colóquios e debates. Logo a ideia é manter o bom nível do certame e das suas variadas iniciativas, continuar a contribuir para a divulgação e promoção da riqueza natural que é o montado e da excelência dos produtos que lhe estão associados.

Quantos expositores vão estar presentes? Quais os principais setores?
Estamos a prever que sejam cerca de 200 expositores que vão estar presentes nesta 22.a edição da Feira do Montado. Ao longo dos anos, este certame tem-se mostrado como um evento temático e transversal de referência no contexto local, regional e também no panorama nacional, e em que os vários setores de atividade económica têm afirmado a sua presença. Assim irão continuar a participar os diferentes expositores que se propõem a comercializar e a divulgar os mais variados produtos associados direta e indiretamente às atividades económico-sociais do “Montado” e da região, dando destaque à produção agrícola e florestal (cortiça), à agro-pecuária, à agro-indústria, ao turismo, à gastronomia e ao artesanato, não esquecendo a representação das entidades públicas e privadas com intervenções nas áreas da cultura, do desporto, da proteção civil, da educação, da ação social, do emprego, do desenvolvimento regional e da atividade autárquica e intermunicipal.

O debate em torno do montado e do mundo rural continua a ser uma aposta?
O Montado, criado pela ação humana (de pastoreio ou de práticas agrícolas), é um ecossistema caracterizado pela presença de azinheiras e sobreiros mas também por uma fauna e flora rica e diversificada. Assim, a utilização dos montados como sistemas de produção e de aproveitamento agro-silvo-pastoril tem representado, ao longo dos tempos, um enorme ativo e suporte económico das nossas populações e do mundo rural, resultante dos múltiplos produtos que lhe estão associados e dos quais se destacam, para além da cortiça, as plantas silvestres, as ervas aromáticas, o mel, os cogumelos, a caça, o porco alentejano, a cabra, a lenha, o carvão,… e o turismo, um dos mais recentes produtos do montado. No entanto, são inúmeras as ameaças que se colocam hoje à sustentabilidade dos montados, levando ao seu declínio, condicionando o seu rejuvenescimento e colocando ainda em causa grandes investimentos e consequentemente o rendimento e emprego das populações, bastante importante a reflexão, debate e discussão dos problemas dos montados em todas as suas dimensões. Dada as muitas ameaças ao ecossistema do montado, continua a ser de extrema relevância a sua defesa e valorização, bem como da necessidade de boas práticas e políticas adequadas para o sector. Por outro lado, o Mundo Rural (do qual o Montado é parte integrante) com todo o seu potencial ambiental, cultural, social e económico, apresenta-se cada vez mais como um espaço de oportunidades para a captação de investimento, para a criação de riqueza e de emprego de uma forma diferenciadora e especializada. Contudo, e à semelhança do Montado, também estes territórios apresentam patologias negativas e preocupantes e das quais as alterações climáticas são um exemplo, tal como o despovoamento e a desertificação. Assim, o debate e a reflexão sobre esta problemática deve continuar sempre na ordem do dia, sendo que é obrigação dos Municípios, localizados particularmente em áreas rurais e de baixa densidade, aprofundar esse debate e tanto quanto possível, através de uma abordagem integrada e interdisciplinar, adotarem estratégias de valorização do meio rural e instrumentos de desenvolvimento territorial e de combate às assimetrias regionais. Contribuir-se-á assim para a dinamização de todas as atividades económicas em meio rural, associadas à agricultura, à pecuária, ao turismo, à cultura e património, ao ambiente e ordenamento, à organização social das populações, à inovação e criatividade, concorrendo-se para a criação de empregos e para a fixação de populações, permitindo ainda a tão desejada coesão social, económica e territorial.

Qual a importância que este certame assume para o concelho de Portel e para a própria região?
O Montado é o tipo de ocupação de solo predominante e mais característico do nosso concelho. A ele está associada uma exploração agro-silvo-pastoril de grande peso e importância local em termos económicos e sociais (e ambientais). A possibilidade de uma gestão sustentável dos montados e do seu uso múltiplo, que permite conciliar a rentabilidade da produção de cortiça com outros produtos e serviços de valor económico, gera importantes rendimentos a nível concelhio, mantendo o emprego e algum equilíbrio no nosso mundo rural. Assim, relacionados com o montado, e para além da tiragem de cortiça e da sua relevância económica, surgem outras atividades importantes na economia local, como a lenha e a produção de carvão vegetal (de azinho), a exploração das plantas e frutos silvestres (esteva, rosmaninho, medronho), a apanha do cogumelo (silarcas), a produção de mel (de rosmaninho), a caça (coelho, lebre, perdiz, javali, veado), a criação do porco (alentejano) e da cabra (serpentina),… A este último aspeto, da exploração pecuária, está associado a indústria agro-alimentar, bastante importante na nossa região, através da produção de presuntos, enchidos e queijos. Todos estes produtos, por serem do montado surgem com caraterísticas de sabor e de qualidade reconhecida. Também os nossos valores naturais, culturais, (cante, artesanato), gastronómicos, e, principalmente, as atividades turísticas relacionadas com a natureza (turismo rural, agro turismo e mais recentemente o turismo fluvial) surgem intimamente ligadas aos recursos do montado. O surgimento do Grande Lago de Alqueva e as suas potencialidades turísticas de especificidades próprias (água, sol, e “montado”) são mais do que nunca oportunidades que são necessário ter em conta e incentivar de forma que contribuam decisivamente para o desenvolvimento do concelho de Portel e do Alentejo. Portel tem duas vertentes bem definidas, duas faces da nossa moeda de desenvolvimento: por um lado, Alqueva com todo o seu potencial e, por outro lado, o Montado, uma riqueza que ainda tem muito para dar. Em Portel, o Montado tem vida económica mas também social, cultural e ambiental, embora tudo isto não represente a solução para a totalidade dos problemas das gentes que habitam nesta região.

Para finalizar, quer deixar alguma mensagem?
Faço um convite muito sincero a todos os leitores do vosso jornal para visitarem o concelho de Portel e a sua Feira do Montado. As entradas são gratuitas e o espaço é coberto, por isso, mesmo que o tempo não esteja convidativo é sempre um espaço agradável. Há boa gastronomia nos restaurantes e tasquinhas da feira, animação musical na hora das refeições, fados e espetáculos para agrado de todos e as crianças têm um espaço próprio de animação. Lembro também que os produtos locais (enchidos, mel, queijo, azeite, vinho, pão e doçaria, artesanato,…) têm uma excelente qualidade e são sempre uma boa solução para oferta como presentes de Natal. Todos estes motivos são de certeza bem fortes para visitarem a Feira do Montado e tudo faremos para recebermos os visitantes da melhor forma.

Texto: Redação DS
Fotos: DS

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