Legislativas 2024

«Diário do SUL» publicou as seguintes entrevistas aos candidatos a deputados pelo Círculo Eleitoral de Évora, às próximas Eleições Legislativas:

Combate às desigualdades territoriais com reabertura dos serviços publicos

MANUEL CANUDO, cabeça de lista do Bloco de Esquerda por Évora

Manuel Canudo, 23 anos, professor, natural e residente no concelho de Évora, é o cabeça de lista do BE por este círculo e coloca entre as prioridades a reabertura dos serviços públicos como uma solução no combate ao despovoamento.

A desertificação e a ideia de ficarmos esquecidos são uma consequência clara do desinvestimento e encerramento dos serviços públicos no Interior”, assinala o candidato, apontando o dedo à “política seguida pelo Governo PS”.
Manuel Canudo alerta para a necessidade do distrito fixar população e atrair novos quadros recorrendo ao investimento no território com a reabertura desses mesmos serviços. “É a estratégia para se combater as desigualdades territoriais”, afiança, “e conseguir que os recursos humanos venham para a região”.
O futuro Hospital Central do Alentejo serve de exemplo para o candidato justificar a prioridade que deve ser dada à captação de recursos humanos para o distrito. “O edifício pode lá estar, mas se não houver profissionais com bons salários e com condições dignas de trabalho, a desertificação não se combate”, alerta, enquanto aproveita o tema “saúde” para aplaudir a recente notícia que aponta ao desenvolvimento de um projeto para introdução do curso de Medicina na Universidade de Évora.
Escutemos Manuel Canudo: “Este pólo vai permitir a formação de novos médicos e de outros profissionais. Obviamente que parece ser um ótimo caminho”, enfatiza, acrescentando que a relação entre o Hospital Central do Alentejo e a abertura de um pólo universitário na área da saúde se afigura como “um caminho certeiro” no desígnio do “combate à desertificação na região”.

Preocupações com a habitação e transportes

Sendo a próxima legislatura aquela que se vai cruzar com Évora Capital Europeia da Cultura, em 2027, Manuel Canudo reconhece a importância do acontecimento. “Julgo que não podemos parar de trabalhar e no fórum político há coisas que, dentro de Évora, têm que estar na nossa senda de prioridades”, defende, mencionando a questão dos transportes.
“É preciso abraçar políticas que melhorem a cidade a este nível”, diz, alertando para a necessidade de se debater a ambiguidade entre Évora ser a Capital Europeia da Cultura e a importância das pessoas viverem no centro histórico.
Aqui o candidato aborda a questão da habitação. “Esta maioria absoluta e a inflação deixou-nos a crise na habitação. A própria vivência dentro da cidade tem que se ligar a outras questões a par da cultura. Temos que ser ambiciosos e insistirmos em pedir 1% do Orçamento de Estado para o setor cultural”.
Já sobre a forma como o turismo tem evoluído por cá, Manuel Canudo rejeita “um país monocultural economicamente assente no turismo. Por isso fala-se neste momento na industrialização, fala-se numa transformação para a agricultura”, recorda. Ou seja, o candidato reconhece que o turismo surge aos dias de hoje como um setor estratégico para o país e para o Alentejo, mas alerta para os perigos que isso pode acarretar para a economia. “Nós sabemos que a estratégia de crescimento económico assente no turismo e imobiliário provocou, de certa forma, uma crise e temos grande preocupação com isso”, conclui.

Publicado na edição Diário do SUL de 21/Fevereiro/2024

CDU aposta em recuperar deputado e defende mais investimento público

ALMA RIVERA, cabeça de lista da Coligação Democrática Unitária por Évora

Nas legislativas de 2022 a CDU não elegeu nenhum deputado por Évora. Foi a primeira vez desde 1976. Não admira que a coligação dê prioridade à recuperação da sua representação parlamentar pelo distrito. Aposta em Alma Rivera, jurista de 32 anos e deputada do PCP nas duas últimas legislaturas.

Assegura a cabeça de lista da CDU que o voto no partido que lidera “é o único comprometido com uma política de esquerda”, garantindo que “é fundamental a recuperação do deputado”. Justifica que “isso faz a diferença na forma como os problemas são trazidos para a Assembleia da República”.
Defende que “Évora não precisa de deputados que venham defender as políticas dos respetivos governos. Precisamos é de deputados que vão de cá para lá falar das dificuldades do distrito”, acrescenta, puxando por um caso prático em torno do Hospital Central do Alentejo.
Lamenta que o projeto esteja a “marcar passo”, porque, sublinha, “não foram aprovadas propostas para garantir o financiamento das acessibilidades, infraes-truturas e equipamentos que o hospital vai necessitar”. E lança críticas aos três deputados eleitos por Évora. “Os do PS votaram contra as propostas que fizemos e a deputada do PSD firma um caminho de privatização com o qual não concordamos. É nestas coisas que se percebe a diferença de ter ou não ter um deputado comprometido com os serviços públicos”, insiste.
No topo das prioridades Alma Rivera coloca a necessidade de “inverter o caminho do desinvestimento em serviços públicos nas funções sociais do Estado”, alertando ser essa “a política de direita. Poupa nos direitos de todos nós e contribui para a desertificação e despovoamento dos territórios”. Segundo a candidata, “onde não existem serviços públicos fortes é mais difícil fixar população”.

Foco nas infraestruturas e regionalização

Reporta-se ao setor da saúde, mas também à educação, justiça ou segurança social, sublinhando que “o investimento público atrai investimento privado. Se queremos que as pessoas tenham qualidade de vida e se possam fixar no distrito, e no Alentejo em geral, também é preciso construir essas condições”, refere, sem perder de vista a necessidade de dotar a região de “infraestruturas e equipamentos” que se perfilam como dinamizadores da atividade económica.
A candidata fala das estradas que estão por concluir há largos anos, como é o caso do IP2 e do IC33, que considera “elementos fundamentais para a dinamização do território”, mas também aborda a ferrovia. “Tem de ser aproveitada a ligação Sines/Caia, para trazer alguma coisa ao território e permitir, por exemplo, o escoamento das produções do distrito que trariam riqueza, desenvolvimento, população, dinamismo social e económico”.
E sobre a regionalização que tem sido defendida ao longo das várias campanhas pela CDU? Alma Rivera reforça que o país “não está a cumprir um desígnio constitucional”, que considera ser determinante para um desenvolvimento equilibrado das diferentes regiões. “O PS e PSD não querem, porque as condições estão mais do que criadas. Tem-se optado por um caminho de desresponsabilização em vez de descentralização”, afirma, apontando o Alentejo como uma possibilidade para ser a “região-piloto” neste processo.

Publicado na edição Diário do SUL de 22/Fevereiro/2024

Centro de alto rendimento em foco e a aposta no cluster da saúde

SÓNIA RAMOS, cabeça de lista da Aliança Democrática por Évora

É de desporto ao mais alto nível que se fala à boleia da criação de um centro de alto rendimento em Évora. Já foi objeto de um projeto de resolução entregue na Assembleia da República, mas acabou chumbado. Contudo, continua bem vivo na agenda de Sónia Ramos, que encabeça a candidatura da AD por Évora – que junta PSD, CDS e PPM – na corrida às legislativas.

A região do Alentejo é a única do país que não tem uma infraestrutura destas. E faz muita falta”, alerta a candidata de 50 anos e jurista, que assumiu o cargo de deputada do PSD na última legislatura.
Segundo Sónia Ramos, um centro de alto rendimento permitia desenvolver o desporto na região para outros patamares com todas as vantagens inerentes junto da população mais jovem. “Seria uma mais valia para a saúde, mas também como actividade de tempos livres. Está provado que a prática desportiva afasta os jovens de outras atividades mais nefastas no desenvolvimento humano”, sublinha a candidata.
Argumentos que justificam a proposta da AD na criação deste centro, que, insiste Sónia Ramos, teria ainda impacto na atração de mão de obra qualificada e no turismo.
“O combate à desertificação e despovoamento é grande e tem que ser feito em todas as frentes. Fixar pessoas tem muito a ver com as dinâmicas dos territórios, com as ofertas de habitação, emprego, atração de investimento. É preciso que vejam o que lhes é oferecido que as convença a mudar da grande metrópole para uma cidade de média dimensão”, enfatiza. Assume que “tem faltado aos governos e entidades locais o arrojo de avançar com projetos com grande visão de futuro.”

Regionalização prematura e alerta ao comboio

Entre as prioridades da AD surge o cluster da saúde, agora impulsionado pela construção do Hospital Central do Alentejo. Sónia Ramos destaca a possibilidade de transferir para os terrenos contíguos da futura unidade a Escola de Saúde e Desenvolvimento Humano da Universidade de Évora e a própria Escola de Enfermagem, sem perder de vista a criação de condições para arrancar com o curso de Medicina, como foi anunciado pela reitora.
“Temos de oferecer condições aos profissionais de saúde que terão de mudar a sua vida para Évora para assegurar os serviços, porque é preciso ter todas as especialidades”, acrescenta.
A regionalização fica fora da campanha da AD, justificando a candidata que “há tanto para consolidar e assinar ao nível da transferência de competências para as autarquias”, que se perfila prematuro abordar este processo.
Já o caminho rumo à Capital Europeia da Cultura, em 2027, merece total atenção, por se tratar de “uma possibilidade de desenvolvimento para Évora e todo o Alentejo, que será um cartão de visita”, assegura, alertando tratar-se de “um desafio do ponto de vista da articulação de todas as entidades envolvidas. É preciso que se ande mais depressa. 2027 está aí e ainda vamos ter autárquicas. As coisas podem mudar em algumas câmaras.”
Sobre o futuro da linha ferroviária Sines/Caia, a candidata coloca-se ao lado dos defensores da construção do terminal de mercadorias, assumindo que “a região não pode ficar a ver passar os comboios. É preciso favorecer, por exemplo, o cluster aeronáutico, mas também o triângulo dos mármores”.

Publicado na edição Diário do SUL de 23/Fevereiro/2024

Acessibilidades e habitação são foco no combate à desertificação

VÍTOR GRADE, cabeça de lista da Nova Direita por Évora

Afirma que sempre se interessou por política, mas desta vez é que o cenário se conjugou para que Vítor Grade, gestor comercial de 58 anos, optasse por dar rosto a uma candidatura eleitoral. Concorre pela Nova Direita, situando o partido na área da “democracia cristã”. Objetivo? Ambiciona ser “o ponto de equilíbrio à direita”, porque, segundo diz, “os partidos da direita não se entendem”.

E é a partir daqui que a Nova Direita define as suas prioridades para o distrito de Évora, identificando a falta de habitação como um dos maiores obstáculos ao crescimento da região.
“Por exemplo, Évora tem falta de residências para universitários, tal como acontece noutros pontos do país e também assistimos a muitos prédios devolutos no centro da cidade. Imóveis que estão fechados”, alerta Vítor Grade, lamentando o fim da isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) nos centros históricos já anunciado para este ano. “Esta isenção era um incentivo à renovação dos centros históricos e à sua não desertificação, que se acumula há largos anos”, sublinha.
Para lá da habitação, Vítor Grade puxa pela falta de acessibilidades regionais para a campanha. “É ridículo que até aos dias de hoje não haja uma auto-estrada que ligue duas importantes capitais de distrito do Alentejo, como são Évora e Beja. Neste momento, seria um pólo de maior desenvolvimento para ambas as regiões”, assegura o candidato.


Capital da Cultura é um grande desafio

Olhando agora para o potencial proporcionado pela Capital Europeia da Cultura, que se irá instalar em Évora em 2027, Vítor Grade fala num “grande desafio” para o Alentejo. Garante tratar-se de “uma excelente oportunidade para promovermos o desenvolvimento da cidade e dos equipamentos culturais”, refere, continuando sem perder de vista a vertente imobiliária.
Admite que a região poderá aproveitar também para “renovar o parque habitacional. Porque, de facto, a questão da habitação é determinante”, reitera, enfatizando que o país é destino de muitos imigrantes. “Infelizmente, não são recebidos da melhor forma, porque faltam casas também para eles”, acrescenta, não hesitando em assumir que, na visão da Nova Direita, reside aqui uma importante ferramenta no combate ao despovoamento do Interior.
“A habitação, a par da criação dos empregos e as acessibilidades, iriam ajudar. A maior facilidade à instalação de indústria e serviços iria fixar as camadas mais jovens da população”, insiste o candidato.
E diz mais: “Évora tem uma universidade, com muita gente a formar-se. Seria muito comum que durante o tempo em que dura a licenciatura as pessoas conhecessem a cidade e ganhassem gosto por ela, ao ponto de aqui se fixarem. Mas para isso precisamos de dar condições”, reforça, deixando ainda uma palavra dirigida às gerações de idades mais avançadas que se mantêm a viver no centro histórico. Afinal, assume, “são eles que dão identidade a esta zona da cidade”.
Já a regionalização fica de fora do programa eleitoral. “Não é tempo de se falar disso, porque a regionalização só vai contribuir para engordar a máquina do Estado.”

Publicado na edição Diário do SUL de 28/Fevereiro/2024

Prioridade ao aproveitamento do sol que tem a vantagem de ser gratuito

HUMBERTO BAIÃO, cabeça de lista da Alternativa Democrática Nacional por Évora

Humberto Baião, 69 anos, recua três décadas para recuperar a recomendação que o mundialmente reconhecido economista Michael Porter deixou em Portugal, quando nos visitou a convite do governo. Sugeriu que o país apostasse no que sabia fazer ou explorasse, o melhor possível, os recursos à sua disposição.

É este o fio condutor que guia o candidato pelo círculo de Évora da recentemente criada Alternativa Democrática Nacional (ADN) – nasceu a 28 de setembro de 2021 – assumindo que o seu partido ambiciona conquistar “assento na Assembleia da República e poder ampliar a sua voz”.
Mas fixemo-nos nos investimentos que o candidato considera prioritários para o distrito. “Atendendo à beleza natural do Alentejo, montados, planície, Alqueva, praias, de mar e fluviais, defenderia como prioridade para Évora o aproveitamento do sol, do turismo em geral”, sublinha o cabeça de lista da ADN, acrescentando uma evidência: “o sol tem a vantagem de ser gratuito”.
Licenciado em História e Ciências Sociais na Universidade de Évora, tendo exercido a partir daí a função de professor do ensino secundário, Humberto Baião dá como exemplo a oferta potenciada por Évora Monte. “Tem condições excecionais para a prática de parapente”, aponta, destacando ainda a expressão que deve ser tida em linha de conta em torno setores como o “turismo ligado à saúde” ou o turismo “virado para os seniores”.
Aqui o candidato recorda tempos em que tentou “colocar de pé um projeto que faria de Évora e do Alentejo a Florida da Europa”, refere, lamentando que tenha sido “chumbado pela Câmara depois de lhe ter sido concedida licença de obras”.

Travar rapidamente a debandada de portugueses

Entre as preocupações rumo à próxima legislatura, o candidato alerta que “se não acudirem rapidamente ao Alentejo e ao país, estarão desertificados de portugueses e estes mal substituídos por uma massa universal de refugiados ou de imigrantes”, acrescenta.
Uma declaração que tem por base o facto de estarem em causa homens e mulheres “ávidos por deixarem de passar fome, de fazer qualquer coisa por cinco tostões e por preencherem os lugares que a debandada dos portugueses lhes deixou em aberto e que alguém terá que ocupar para que isto ainda funcione. Mal, mas funcione”, diz Humberto Baião, que em 2003 foi notícia nos órgãos nacionais por ter participado como voluntário da paz na invasão do Iraque em março e abril de 2003. Acompanhou de perto a operação “Choque E Terror” que então se abateu sobre aquele país.
E como está a ADN a tentar conquistar o eleitorado nesta sua primeira incursão eleitoral? “Centra os esforços na divulgação do seu programa, com que qualquer pessoa se pode identificar ou aceitar sem pruridos”, sustenta. Resume que o programa “é despido de ´ismos´, cujo foco aponta para a salvação do país e, naturalmente, dos portugueses, de quem ninguém parece lembrar-se, tais as dificuldades por que passam. Este facto aconselha naturalmente uma pedagogia da paciência”, enfatiza, admitindo que decidiu juntar-se à ADN para “fazer o que ainda não está feito”, quando, diz no seu currículo, Portugal e Évora “mirram, definham dia a dia, morrem”.

Publicado na edição Diário do SUL de 28/Fevereiro/2024

Ligar Évora a Lisboa por comboio “o mais rápido possível”

HUGO VARANDA, cabeça de lista da Alternativa 21 por Évora

Foi presidente da Juventude Popular Monárquica até janeiro e dirige a rádio digital “Agora Varandas”, no Cacém. Mas aos 23 anos decidiu abraçar um novo desafio: ser candidato pela Alternativa 21 às eleições legislativas pelo círculo de Évora.
Chama-se Hugo Varanda e assume-se como defensor incondicional do transporte ferroviário em nome do crescimento da região.

Quer que as cidades de Évora e Lisboa passem a estar ligadas “o mais rápido possível” por comboio.
“A linha ferroviária tem que ser reativada. Évora está a hora e meia de comboio de Lisboa. Compensa ter este transporte para poder levar estudantes universitários. Estamos a falar de um centro que tem estudantes e temos que pensar no futuro. Veja-se o que está a acontecer noutros distritos que têm comboios regionais. Viana do Castelo, por exemplo, ou a Beira Alta. Acho que faz todo o sentido haver uma ligação regional, sem ser o alfa pendular ou o intercidades”, sublinha o cabeça da lista da Alternativa 21.
Sem se desviar do tema, assume que quando tanto se fala em despovoamento e desertificação do Interior, é essencial dotar as regiões mais deprimidas de “transportes capazes de movimentar as pessoas para dentro das cidades. Por isso, na minha opinião, os transportes são um meio fundamental e revelam-se essenciais desde a inauguração da primeira linha ferroviária por D. Pedro V”, assume.
E diz mais. Considera “mesmo importante, e até obrigatório, que o comboio seja um meio de transporte utilizado entre o Porto de Sines e Lisboa, mas que Évora esteja incluída neste percurso.” Alerta que há estudantes que saem da universidade às 19.00 horas e precisam de “apanhar um autocarro para Borba, Montemor-o-Novo ou Alandroal. E não falo só de jovens, também há pessoas que querem procurar uma nova vida no Interior e precisam que existam estas condições”.

Évora com casas muito caras para estudantes

É ainda em nome das melhores condições de vida e da atração do Interior que Hugo Varanda inscreve nas suas prioridades a necessidade de isentar os moradores dos centros históricos de impostos. Reporta-se ao Imposto Municipal sobre Imóveis e ao Imposto Municipal de Transição.
Considera que esta medida irá contribuir, de forma determinante, para fazer face à crise habitacional que se instalou na região e no próprio país. “Chegámos a uma altura em que o preço do metro quadrado em Évora está um absurdo. É quase impossível para um estudante que vem para cá pagar tanto por um quarto. Neste momento já paga tanto como um colega em Lisboa”, diz o candidato, assumindo que numa cidade do Interior “essa diferença deveria ser menor”.
Pegando agora no tema da Capital Europeia da Cultura em 2027, que vai ter palco em Évora, o candidato alerta que “é tempo de se começar a olhar para esse momento importante”, que admite ser uma “oportunidade” para a região, mas diz que também é tempo dos eleitores darem uma “oportunidade” aos partidos que estão fora do arco do poder.
“Aqui em Évora, durante 50 anos, foi sempre a CDU, o PS e PSD em coligação com o CDS. Achamos que é tempo dos novos partidos também terem a possibilidade de governar. Évora e o Alentejo merecem mais do que tem sido oferecido até hoje”, resume Hugo Varanda.

Publicado na edição Diário do SUL de 4/Março/2024

Prioridade à saúde e habitação em tempo de investir no emprego

CARLOS DIAS, cabeça de lista do Reagir Incluir Reciclar por Évora

Dotar os centros de saúde do Alentejo de mais profissionais e meios de diagnóstico está entre as propostas que acompanham a campanha do RIR – Reagir Incluir Reciclar – pelo círculo de Évora. Carlos Dias, residente em Vendas Novas, é o cabeça de lista. Tem 64 anos, é reformado e foi técnico de higiene e segurança no trabalho.

É preciso aliviar os serviços do hospital central de Évora e isso só se consegue com centros de saúde melhor equipados”, diz Carlos Dias, lamentando que na maioria dos concelhos do distrito se tenha chegado ao ponto em que “qualquer unha encravada vai para Évora. Isto não faz sentido”, assume.
O candidato puxa ainda de uma reivindicação nacional do partido que representa em torno do setor da saúde para reclamar “medicamentos gratuitos para todos os reformados e pensionistas”, que tenham um salário abaixo do ordenado mínimo nacional. Alerta que, sobretudo, numa região envelhecida como o Alentejo esta medida seria “muito importante” no apoio a quem mais precisa.
Entre as prioridades para a corrida eleitoral, o RIR coloca ainda a falta de habitação que está percorrer o distrito, concentrando maiores preocupações ao nível da cidade de Évora. Pede mais habitação social, mas avisa que terá de ser controlada. “A habitação social não é um bem adquirido, como se está a passar agora, que é para pais, filhos e netos. Tem que ser controlada com actualização de rendas, conforme os rendimentos das pessoas”, sustenta.
Segundo Carlos Dias, Évora debate-se com a agravante de ser uma cidade universitária sem respostas ao nível de residências para estudantes. “Logo, o aluguer de quartos e de casas faz subir as rendas. Os proprietários querem alugar uma casa para quatro ou cinco estudantes por 1200 euros, quando se alugassem a casa só a uma família iriam receber 500 ou 600. E isto faz encarecer as rendas”, diz, enfatizando que pela cidade existem edifícios abandonados do Estado e da Câmara “que poderiam ser recuperados para habitação estudantil. Isso iria contribuir para reduzir os preços das rendas”.


Abdicar de impostos para criar empregos

Ainda no que concerne ao mercado imobiliário, o candidato afirma ter conhecimento de pessoas que vivem sozinhas em casas de habitação social, com tipologias T2 e T3, e que estão a aproveitar para alugar os quartos. “Isso tem que ser fiscalizado”, diz.
Sobre a regionalização, afirma que não é tempo de trazer o tema para a agenda política. “O país está todo virado ao contrário. O Governo passou a pasta do ensino para as câmaras municipais e surgiram dificuldades, porque faltam condições. Os municípios ficaram com este problema nos braços. Com a regionalização seria a mesma coisa. Primeiro tem que se pôr tudo em ordem e só depois pensar nisso”, afirma.
Mais importante aos dias de hoje, diz, é pensar em criar novas dinâmicas que promovam emprego na região. Carlos Dias sugere que os municípios do distrito se empenhem em reduzir a taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis e abolir a derrama, arranjando novos espaços industriais. “Seriam terrenos a custos simbólicos para que mais empresas se instalassem no distrito. Isso iria trazer mais pessoas para cá para trabalhar e estaríamos a combater a desertificação, que tem sido um problema tão grave”.

Publicado na edição Diário do SUL de 4/Março/2024

Investir em habitação pública e semana laboral de 4 dias

GLÓRIA FRANCO, cabeça de lista do Livre por Évora

A educadora de infância Glória Franco, 64 anos, recandidata-se pelo Livre no círculo de Évora, depois de já ter sido a primeira da lista nas legislativas de 2019 e 2021. Os objetivos mantêm-se: “Lutar por uma maioria de esquerda, para travar o avanço da extrema-direita”, diz a cabeça de lista.

Glória Franco assume que o Livre espera alcançar o melhor resultado de sempre ao nível nacional, admitindo eleger entre quatro a cinco deputados, lamentando que Évora não esteja ao seu alcance, porque o distrito elege apenas três deputados. “Por continuarem a ser desperdiçados os votos dos círculos eleitorais mais pequenos, defendemos a criação de um círculo nacional de compensação”, sublinha.
Entre as propostas para o desenvolvimento regional, o Livre defende “a urgência de fomentar a economia local, solidária e colaborativa, apoiando a criação de cooperativas e de empresas autogeridas pelos trabalhadores que garantam o desenvolvimento ecológico e sustentável”, revela. Alerta ainda para a prioridade de “reorganizar e coordenar os serviços desconcentrados a partir das CCDR, enquanto não avança o processo de regionalização, integrando as funções que hoje já detêm, com as de educação, cultura, economia e agricultura”.
Assume ainda que se os setores primário e o terciário são essenciais para a economia local, deverá ser feita uma aposta numa “economia do conhecimento”, na tentativa de “promover a ligação das unidades de investigação ao tecido empresarial”, o que vai permitir, enfatiza, “a criação de sinergias para a otimização dos processos produtivos”.
Diz a candidata que “um Estado social forte é fundamental para garantir a confiança das populações”, destacando que a conclusão da construção do hospital central é um dos investimentos públicos prioritários. “Mas para ser uma realidade muito ainda está por fazer”, nota, dando os exemplos das acessibilidades e expropriações. “Urge que o município e o governo cheguem a um entendimento para não nos depararmos com um hospital, pronto a estrear, mas sem acessibilidades”, alerta.


A aposta na ferrovia moderna

A representante do Livre puxa ainda pela necessidade de garantir a sustentabilidade com uma aposta na “ferrovia moderna”, que chegue ao maior número de populações, propondo o alargamento do Passe Ferroviário Nacional, em nome de deslocações mais fáceis e mais baratas. Mas não perde a habitação de vista.
“É preciso investir em mais Habitação Pública para além do Plano de Recuperação e Resiliência. Propomos alcançar 10% de habitação pública, garantido melhor habitação”, sublinha.
O Livre quer um país menos centralizado, “com a criação de governos intermédios”, diz a candidata, ambicionando “atenuar as diferenças entre litoral e interior”. Define ainda planos de infraestruturas e investimentos, na tentativa de atrair populações para o interior, defendendo “discriminação positiva ao nível dos incentivos fiscais e investimentos, assim como a criação de empregos estáveis e com remunerações justas.
“A proposta da semana laboral de quatro dias, uma das bandeiras do Livre para estas eleições, já experienciada em algumas empresas e, com resultados já testados e muito positivos, podia ser uma aposta para as empresas empregadoras do distrito”, refere, colocando Évora como o distrito que poderia testar este projeto piloto.

Publicado na edição Diário do SUL de 5/Março/2024

Agricultura e energia são sectores vitais para atrair jovens talentos

VIVIANA MOITA, cabeça de lista da Iniciativa Liberal por Évora

Viviana Moita tem 39 anos e é professora. Assume que concorre pelo IL “no limiar de um momento decisivo” para o distrito de Évora. “As expetativas são altas e os desafios que enfrentamos requerem soluções inovadoras e eficazes”, diz, sublinhando que o seu partido está “consciente do papel crucial que Évora desempenha no panorama nacional”.

Estabelece como meta o crescimento da representação do IL no país, de oito para doze deputados. “Esta visão não é apenas um objetivo numérico. Reflete uma aspiração profunda de construir um país mais próspero, onde a colaboração e a unidade são pedras angulares na edificação de uma sociedade mais justa e equitativa”, justifica.
A cabeça de lista do IL diz que durante a campanha tem procurado adotar uma abordagem “que valoriza o diálogo e a proximidade com os cidadãos”. Acrescenta que, como socióloga, defende a importância da educação e da igualdade “como pilares para uma sociedade mais coesa e informada”, revelando que, em Évora, se tem dedicado a ouvir as preocupações e as aspirações dos eborenses. “Através de reuniões e conversas diretas, reconhecendo que é apenas entendendo as necessidades reais das pessoas que podemos propor políticas efetivas e significativas”, assinala.
No que toca aos investimentos públicos prioritários para o distrito, Viviana Moita quer transformar Évora num “epicentro de inovação e desenvolvimento sustentável”, considerando a “agricultura e a energia” como “setores vitais, que, com o incentivo certo, podem florescer e atrair jovens talentos, bem como investimento estrangeiro”.
O Parque Tecnológico de Ciência e Tecnologia de Évora é apontado como “um exemplo luminoso”, diz, “do que pode ser alcançado quando criamos as condições certas para a inovação”. Admite que “sediar empresas tecnológicas e atrair talentos e investimentos torna Évora um lugar ainda mais atraente para se viver”, ressalvando que para impulsionar o crescimento e incentivar a permanência na região será “fundamental a implementação de políticas fiscais mais atrativas e o acesso a soluções habitacionais acessíveis”.

Habitação não pode ser considerada um luxo

A candidata defende que “a habitação deve ser considerada um bem essencial, não um luxo sujeito a elevadas taxações. Propomos, portanto, a redução de impostos, e alterações no IMI e IMT”, enfatiza. Esclarece que “esta abordagem visa atender diretamente às necessidades de jovens e famílias, fomentando sua independência e contribuindo para a revitalização demográfica de nossa região.”
Num olhar rumo futuro, Viviana Moita considera que dentro quatro anos Évora se deve distinguir como “um lugar de eleição para famílias e jovens, um local onde a economia local é dinâmica e a natalidade é incentivada”, pelo que “deverá existir plena liberdade de escolha educativa como um direito fundamental, permitindo que todas as famílias, independentemente do seu estrato económico, possam escolher o melhor para os seus filhos.”
A candidata reconhece que ao se oferecer apoio na formação contínua dos professores é possível “aprimorar os projetos pedagógicos, tornando-os mais atrativos para os alunos”. Resume ser este um alicerce “para uma Évora que se deseja ver transformada em um exemplo de cultura, inovação, e justiça social”.

Publicado na edição Diário do SUL de 6/Março/2024

Prioridade às estradas e ferrovia sem perder de vista o aeroporto

LUÍS DIAS, cabeça de lista do Partido Socialista por Évora

Luís Dias assume, aos 41 anos, a liderança da lista do PS pelo círculo de Évora com uma certeza: “a expetativa é de uma grande vitória para continuar a servir o país e a região através de um voto de confiança dos portugueses e dos alentejanos”, diz o candidato. Até aqui Luís Dias conduziu os destinos da Câmara de Vendas Novas.

A campanha socialista pela região tem apostado na proximidade junto do eleitorado, pro-curando mostrar o trabalho desenvolvido nos últimos oito anos do Governo de António Costa. O cabeça de lista reconhece “que há ainda muito por fazer”, mas garante que “só o PS pode construir um futuro promissor para a região”.
Assegura mesmo aos eleitores que a máxima “palavra dada, palavra honrada” é para cumprir. “Basta olhar para todos os nossos compromissos assumidos ao longo do tempo com os alentejanos e que temos honrado sempre. Sem demagogias, mas com a ambição que o Alentejo merece o melhor”, enfatiza.
Sobre os investimentos públicos que a candidatura socialista considera prioritários para o distrito, Luís Dias destaca que o mais importante, nesta fase, passa por acabar as obras do Hospital Central do Alentejo, equipando a nova unidade “tecnológica e humanamente”, sem perder de vista a necessidade de “criar já o curso de medicina no Campus de Saúde da Universidade de Évora”.
Por outro lado, insiste, o PS quer acabar as obras de modernização e desenvolvimento na ferrovia, “nomeadamente do Corredor Internacional Sul que vai ligar Sines a Évora e Évora ao Caia”. Mas ressalva que para potenciar o desenvolvimento económico na região, o PS quer que seja “construída a plataforma logística dos mármores e avaliadas as possibilidades de Vendas Novas, nomeadamente na ligação ao novo aeroporto, e Évora.
Já na área rodoviária, Luís Dias assume a relevância em torno da conclusão do IP2, reportando-se aos “nós de São Manços, Reguengos de Monsaraz e Mourão. “Lutaremos pela variante norte de Estremoz”, assume, ambicionando ainda “encontrar e implementar uma solução para desviar o trânsito pesado dos centros de Vendas Novas e Montemor-o-Novo, bem como implementar um programa de financiamento para os municípios do interior poderem requalificar estradas”.

Mais médicos com a formação feita em Évora

Lançando um olhar sobre o futuro agrícola e as necessidades de água que caracterizam o Alentejo, o cabeça de lista do PS diz ser “imperativo” acabar os blocos de rega que faltam no plano da EDIA. “Agora que acabámos mais 50 hectares de regadio, com os blocos de Évora, Montemor-o-Novo e Viana do Alentejo, queremos acabar o de Reguengos de Monsaraz e avaliar as ligações do regadio da Luz a Mourão e no Alandroal”, sublinha.
E como deve estar a região daqui a quatro anos? Luís Dias aposta na modernização e na sua capacidade de “reter e atrair o talento”. Sustenta que “sempre que o PS governa, o Alentejo avança. Foi assim com Alqueva, foi assim com o Hospital Central do Alentejo, é assim que está a ser com os investimentos na ferrovia e será quando concluirmos as obras que estão em curso”.
Admite que a região terá “mais condições de saúde, mais médicos com a formação feita aqui em Évora, mais possibilidades de desenvolvimento económico com as ligações ferroviárias entre Évora, o Caia e o Porto de Sines. Queremos ter a região com cobertura total de rede móvel e uma agricultura mais desenvolvida e sustentável”, conclui o candidato.

Publicado na edição Diário do SUL de 7/Março/2024

Aumentar a oferta da habitação com imóveis devolutos do Estado

HÉLDER MACHADO, cabeça de lista pelo Volt Portugal em Évora

Hélder Machado, 38 anos e operador de supermercado, recorre às evidências científicas para defender o “equilíbrio e a harmonia” entre os diferentes setores da sociedade. “Não sacrificamos nem a saúde, nem a educação em detrimento da economia, nem a inovação em detrimento do meio ambiente”, diz, preferindo falar em “soluções inovadoras que demonstrem que os diferentes setores estão interligados”.

O candidato do Volt por Évora acredita que com “todos juntos” será possível viabilizar uma “sociedade justa, inclusiva e próspera”, tendo esta a mensagem que vem procurando transmitir aos eleitores. “Somos uma opção viável de mudança que a sociedade tanto anseia num momento em que sente que o que passou não funciona mais e que são necessárias novas ideias e práticas conscientes rumo a um futuro mais promissor”.
E sobre a campanha. “De modo mais informal tenho falado com a população para conhecer quais as maiores dificuldades assim como desejos para futuro. Também falo sobre um partido novo”, revela, destacando tratar-se de um “partido europeísta”, sublinhando que “muitas das ideias já são ações implementadas noutros países da Europa e têm resultados comprovados”.
Pegando nas propostas em torno dos investimentos prioritários para o distrito de Évora, salienta a prioridade que deve ser dada a medidas capazes de travar a crise habitacional, colocando-se ainda ao lado do investimento na saúde, alteração no sistema educativo, melhoria nas condições de mobilidade.
“Neste momento Évora vive um momento de grande crise habitacional. Sabemos que não é algo regional, mas sim nacional”, refere, defendendo uma aposta na oferta, mas também na procura e planeamento, por forma a expandir a oferta da habitação. “Com foco na habitação público/cooperativa, no aproveitamento dos imóveis devolutos do Estado, no estímulo ao arrendamento acessível”, enfatiza, defendendo ainda a extinção do Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis e reforço de mecanismos de proteção de senhorios. Isto sem perder de vista a necessidade de “estender e simplificar o apoio ao arrendamento”.


Imprescindível valorizar os profissionais de saúde

No setor da saúde as propostas assentam na melhoria do acesso, reduzindo as listas de espera. Para Hélder Machado vale a pena “investir na área da medicina digital, apostar em redes multidisciplinares e reforçar a rede de cuidados de saúde mental”. O candidato também quer priorizar cuidados de saúde preventivos e considera imprescindível valorizar os profissionais de saúde ajustando os salários. Uma forma de “atrair mais profissionais para o distrito”.
A educação apresenta espaço “para melhorias”, refere, enumerando a “negociação da reposição integral do tempo de serviço dos professores, de forma faseada, assim como a redução da carga horária semanal dos alunos, no investimento de construções para alojamento de docentes deslocados”. Admite que este passo “iria beneficiar o distrito de Évora, apoiar o alargamento da oferta de creches, dotar o sistema de abordagens e técnicas inovadoras e também fazer uma revisão das aprendizagens essenciais.”
Reforça o candidato que todos estes pontos têm um fator em comum: “Mais e melhor planeamento e políticas de mobilidade que incentivem os cidadãos a depender cada vez menos do carro privado e que aproximem todas as regiões no território nacional.”

Publicado na edição Diário do SUL de 7/Março/2024

Distrito precisa de visibilidade nacional e dar prioridade à agricultura

RUI CRISTINA, cabeça de lista do CHEGA por Évora

“O distrito de Évora tem tudo para ser irresistível”, admite Rui Cristina, engenheiro de 44 anos, que lidera a lista do CHEGA por este círculo, assumindo que a região apenas lamenta “aquilo que está por fazer. O que foi prometido, às vezes há décadas, e nunca concretizado”, com “prejuízo para as populações e para o desenvolvimento do território”.

Justifica o candidato que foi por isto que aceitou “a missão” de ser candidato independente pelo Chega no distrito de Évora. “Missão, porque é indispensável o distrito ter visibilidade nacional, ter alguém que entende as necessidades e desafios locais, em vários aspetos semelhantes aos do Algarve, de onde sou natural”, refere.
Acrescenta que “é preciso pôr fim à falta de apreço pela agricultura e pelo mundo rural, que é preciso inverter o declínio populacional e proteger os idosos, como é necessário pôr fim à lentidão inadmissível de projetos como os blocos de rega de Reguengos e de Mourão”. Defende que a agricultura “é fundamental para a soberania alimentar”, colocando-se ao lado dos agricultores, referindo que “não podem ser tratados como inimigos. É no mundo rural que estão os amigos da terra”.
Assume ainda que a sua missão passa pela coesão territorial. “Não pode ser apenas uma ideia que se agita em período eleitoral. Nestes dias muito se fala do novo hospital, mas é preciso ir mais além”, diz, dando o exemplo da necessidade de criar condições para uma “cidade da Saúde, onde se concentrem escolas de Medicina e Enfermagem, empresas e tudo o mais que tenha um carácter multiplicador na vertente do desenvolvimento”.


Falta de habitação torna difícil fixar jovens

Mas para que isto se concretize Rui Cristina alerta que deverão ser criadas infraestruturas e habitação adequadas. “Neste último ponto o distrito apresenta uma quase inexistente oferta. Além de tornar difícil a vida da população estudantil, torna impossível fixar os jovens ou atrair para a região pessoas qualificadas, nacionais e estrangeiras”, acrescenta o candidato, revelando que por estes dias tem procurado “ouvir todos e recolher a maior variedade possível de opiniões.”
Assume que “o diálogo e a tolerância são aqui fundamentais”, assegurando que o que move o CHEGA “é o interesse de toda a região”. Reforça que “não se deve esquecer que um deputado, ao ser eleito, representa a nação por inteiro”, relatando que nas ações de campanha e nos contactos com vários setores de atividade, “muitos” eleitores dizem que “o seu voto não conta, dizem que o território tem sido sistematicamente esquecido”.
Rui Cristina dá o exemplo pela abstenção em 2022 para ilustrar este impacto, onde a sua percentagem superou os votos nos dois partidos que então elegeram deputados. “Mas hoje há uma alternativa real. A 10 de março, a abstenção não é o protesto eficaz. E, sendo eleito, tudo farei para que assim seja. O governo socialista tem tratado os portugueses, e em particular os alentejanos, com arrogância e desprezo”, acusa.
O candidato termina citando Mia Couto: “é preciso criar histórias em que o vencedor não é o mais poderoso. Histórias em que quem foi escolhido não foi o mais arrogante, mas o mais tolerante, aquele que mais escuta os outros. Histórias em que o herói não é o lambe-botas, nem o chico-esperto.”

Publicado na edição Diário do SUL de 8/Março/2024

Prioridade a travar despovoamento e começar a consumir português

CARLA RIBEIRO, cabeça de lista do Ergue-te por Évora

“As expectativas do Ergue-te nestas eleições são de subir o nosso eleitorado e de conseguir eleger pelo menos um deputado à Assembleia da República”, começa por revelar Carla Ribeiro, empresária de 56, justificando que “Portugal precisa de uma representação nacionalista no plenário”, assumindo-se como um partido que “defende Portugal e os portugueses, a nossa cultura, tradições e origens”.

Regista que o Ergue-te existe há 23 anos e procurou sempre “defender a verdade. Tudo o que alertamos nestes anos de existência, infelizmente para todos, veio a concretizar-se”, sublinha, destacando a entrada para a União Europeia. “Foi desastrosa, perdemos soberania dia após dia. Economicamente temos um país à deriva, completamente subjugado às diretivas dos outros e entregue nos nossos setores estratégicos a estrangeiros”.
Acrescenta que Portugal tem “uma política de portas abertas sem qualquer tipo de fiscalização ou controlo. Estamos a ser substituídos populacionalmente, quer através da baixa taxa de natalidade de portugueses, quer culturalmente. Não podemos continuar a assistir e a aceitar que qualquer pessoa possa ser cidadão português. O Ergue-te defende que só poderá ser português através de “jus sanguini” e nada mais.”
Alerta que aos dias de hoje “todas as classes estão descontentes com o que o nosso país se tornou. Assistimos à falência do Serviço Nacional de Saúde, a nossa massa encefálica envereda por outros países e oportunidades. Isto tem de ser travado de imediato”, reclama a candidata, que pede “políticas concretas de defesa, desenvolvimento e investimento em todos os nossos sectores básicos”.
Diz que Portugal “tem de começar a consumir português” e pede que “parem de nos sugar com impostos. O IMI é o imposto mais injusto a que nos obrigam. Com o Ergue-te isso seria de imediato corrigido, só seria taxada a segunda habituação, nunca a primeira casa de morada de família.»

Regresso do serviço militar obrigatório

Carla Ribeiro defende ainda que as forças de segurança “não podem continuar a ser desautorizadas nem decrescer o número de efetivos, bem como as forças armadas têm de estar devidamente equipadas e preparadas, bem como aumentar o seu número”. O Ergue-te defende o regresso ao serviço militar obrigatório, por um período a existir em todos os nossos jovens.
Sobre o Poder Judicial, avisa que “está a rebentar pelas costuras”, acrescentando que “a nossa Lei deveria ser mais eficaz e célere na sua aplicação, bem como a efectivação das penas. Portugal só poderá se tornar num País justo e seguro quando começarmos a olhar primeiro pelos nossos a justiça social deverá primeiro assentar em nós e não em toda a gente que para cá vem.
Como investimentos prioritários para o distrito a candidata coloca a reabilitação da linha ferroviária no caderno de encargos. “Nunca deveria ter sido abandonada, quer as vias, quer as estações”, diz, pedindo “um hospital central com mais capacidades de resposta, melhor equipado às necessidades desta população, nomeadamente em cuidados paliativos. Por último, não menos importante, voltarmos a produzir intensivamente e não extensivamente.
Como deve estar a região daqui a quatro anos? “Deverá manter-se fiel às suas tradições, gostos e paisagens, é isso que nos define enquanto alentejanos.”

Publicado na edição Diário do SUL de 8/Março/2024