Carlota Lobo é a representante de Portugal na 23ª Grande Final e Coroação do Miss Earth 2023, que decorrerá no próximo dia 22 de dezembro no Vietname.

A jovem alentejana de Viana do Alentejo que alcançou o ano passado o título de Miss Queen Portugal, vai assim representar o nosso país no concurso que se realiza no  Saigon Exhibition & Convention Center, o maior centro de convenções de Ho Chi Minh, que terá cerca de 108 concorrentes de todo o mundo.

Carlota Lobo é uma menina/mulher bela. Claro, só podia ser, ou não tivesse ela ganho um concurso de beleza nacional e não se preparasse para partir para o Vietname como representante da beleza alentejana e portuguesa.

Nesta viagem pela vida e sonhos da Miss e depois do primeiro impacto visual, a Carlota foi-se transfigurando numa bela menina/mulher que é mais do que a estética mostra, e que apesar de tão jovem, apenas 18 anos, à beleza vai juntando a decência da pessoa, a bondade sincera, as opiniões firmes, o foco e naturalmente no sonho de ser psicóloga e vingar no mundo da moda, no mundo das Miss.

Comunicadora nata de olhar brilhante e voz aveludada, Carlota não esconde as suas origens e mesmo que quisesse o sotaque ia traí-la. Também ela não faz nada para o disfarçar, como não se defende das suas fragilidades quando nos conta que o mundo da moda foi de certa forma o seu refugio, a forma que encontrou para poder mostrar quem é.

“O mundo da moda, para além de ser uma grande paixão minha, foi um escape para me mostrar, porque uma das dificuldades que eu sempre senti foi a de expressar os meus sentimentos e em conseguir mostrar a minha personalidade e a pessoa que eu era. A moda permitiu-me demonstrar às pessoas através de fotos e desfiles a minha personalidade”. Foi-nos confidenciando.

O que era uma diversão, foi aos poucos tornando-se uma paixão e um caminho que quer percorrer “candidatei-me a Miss Queen Portugal, através da CNB Portugal, que é a maior organização que manda mais candidatas para concursos internacionais de Portugal em 2020. Ainda estávamos no período de COVID”, foi aí que tudo começou “eu na altura não sabia nada do que era ser miss, eu candidatei-me mais como uma experiência, tinha quinze anos e nem participei no escalão que depois vim a ganhar, participei nas mais novinhas, no escalão da teen e acabei por ficar em segundo lugar”.

Para trás ficou o concurso e a experiência, mas não o trabalho na moda, onde Carlota passou a “investir” mais. Um dia de férias com a mãe Cláudia, que sempre está atenta “à sua menina”, apareceu um anúncio no Instagram e ela pensou “porque não este ano, que já tenho mais maturidade, já vejo as coisas de outra forma e já encaro o desafio de outra maneira” e decidi candidatar-me, tinha 17 anos”.

Carlota Lobo acompanhada pela sua mãe, Cláudia.

Aconselhada pelos responsáveis da organização nacional do concurso, Leticia Silva e Ricardo Monteverde, optou por concorrer a um escalão mais importante e onde melhor se enquadrava, na opinião da responsável.

Depois da fase regional a Carlota Lobo foi Miss Alentejo, e depois Miss Queen Portugal.

Podíamos ter continuado a falar do glamour da passerelle, dos flashes, dos vestidos, dos sorrisos, da beleza, mas Carlota Lobo fez questão em mudar o rumo da conversa “o mundo mudou e o mundo da moda e das misses também tem vindo a mudar” disse com firmeza.

“Nós, as mulheres que participam nos concursos, estamos aqui para desmistificar um bocadinho o preconceito que há sobre os concursos de beleza e do que é ser miss” e continuou “ser miss não é só ter uma cara bonita é muito mais que isso”.

Escondendo momentaneamente o sorriso a “nossa” Miss atirou, “há uns anos atrás dava-se mais notoriedade a concursos de beleza, esse interesse mediático foi-se perdendo e hoje Portugal é dos poucos países onde não passa a Gala de Miss universo na televisão. Este ano fala-se mais na Miss Portugal e, mas não pelas melhores razões”.

E sem “papas na língua” Carlota prossegue “a evolução do mundo e das mentalidades tem de ser algo efetivo eu, estou aqui para dar uma imagem da mulher e do seu papel na sociedade e desmistificar a imagem que se tem de nós”.

“É preciso que as pessoas saibam que os concursos de beleza e quem os gere, tal como o mundo evoluiu, também os concursos evoluíram, há novas regras, não há limites de idade, podem concorrer mulheres trans, mulheres casadas, mulheres com filhos, as candidatas passam por vários desafios, para mostrarem quem são, não basta só ter uma cara bonita”. disse-nos.

E, chegou a vez de no falar de si. Aí, o brilho dos olhos foi ainda mais visível “desde muito nova que senti necessidade de fazer qualquer coisa de diferente em relação ao mundo em que vivo, sempre quis mudar o que estava à minha volta, e contribuir para que tenhamos uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais inclusiva”

E, disse-nos: “encontrei essa possibilidade no mundo da miss, porque lá, entre candidatas passamos por várias provas e é na soma de todas as valências que vai ditar a vencedora; no meu caso eu preocupo-me muito com a sustentabilidade e o meio ambiente, todas as provas que eu fui tendo ao longo de todo este tempo foram acerca do ambiente, que hábitos podemos mudar e o que podemos reverter, para mudarmos a situação climática”.

“O meu papel é através da minha imagem da minha notoriedade fazer chegar às outras pessoas uma mensagem de defesa do planeta” referiu.

Mas à pergunta inevitável do que mudou depois de ter ganho o concurso, Carlota Lobo não se intimidou “quando ganhei o concurso fiquei um bocadinho em choque ao perceber que ia passar a ser uma referência para as outras pessoas e ficava nervosa com a minha aparência, como é que eu estava, que imagem é que estava a passar às pessoas e o que é que as outras pessoas pensavam de mim”

E continuou sem hesitações “a certa altura percebi que não tinha de mudar nada, porque eu já era a pessoa que era, antes de ganhar o concurso, portanto o que mudou foi o que me foi dado, uma visibilidade diferente, um palco em que as pessoas me ouvem mais e tenho mais possibilidade de poder transmitir as coisas em que acredito, mas que antes já acreditava”.

Apesar da sua juventude Carlota sabe que nada vai ser como dantes “agora, claro, tenho que ser mais aprimorada, mais assertiva, mais coerente e com melhor cuidado com a imagem, mas no essencial todas as coisas em que eu já acreditava e a pessoa que era, continuo a ser e por isso percebi que não tinha de mudar, não preciso de corresponder às expectativas de ninguém a não ser as minhas”.

E, pergunta o repórter:

– E, no momento em que não se ganha?

– “É muito complicado é todo o nosso trabalho, todo o nosso empenho, os nossos sonhos que podem de repente ser postos em causa”, respondeu.

Depois de respirar fundo sorrir, Miss Earth olha-nos com firmeza e continuou no tema, “apesar de ser frustrante, apesar de ficar triste e um pouco em baixo eu e todas as mulheres que passam por esta situação, não podemos encarar como derrota o não atingir o nosso objetivo, isto porque todas vencemos só pelo fato de chegarmos até aqui, todas passamos etapas, ultrapassamos obstáculos para chegar até aqui, por isso apesar de ficarmos naturalmente tristes, temos de pensar no que ganhamos, não só a nível profissional, mas a nível pessoal e isso sim é uma vitória, que não se esgota no momento do título, que é saboroso mas não é tudo”.

Carlota é uma mulher/menina muito focada, consciente que tem de dar um passo de cada vez e não tem receio de dizer que neste momento está focada no sonho da moda “acabei o 12.º ano, fiz questão disso, concentrei-me totalmente nesse objetivo, abdiquei de tudo o resto, porque gosto de me concentrar no que faço. Quero ser psicóloga e entrei para a Universidade no curso que escolhi, no entanto acabei por congelar a matrícula para me dedicar totalmente ao meu sonho este ano. Vou dedicar-me totalmente, e focar-me nos objetivos que tracei e, para o ano vou voltar ao meu outro sonho ser psicóloga”.

Carlota Lobo é o rosto de Portugal e do Alentejo, como ela escreveu e disse “Mulher é Poesia, é património é Alentejo. É morena como a terra, suave como a planície, mais forte que o barro moldado pela mão da vida. Mulher não é só, mulher é voz, mulher somos nós e nós… somos uma só.”

Tem 18 anos, tem do seu lado os órgãos autárquicos da sua terra, Viana do Alentejo, de algumas entidades privadas e da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e vai ao Vietname para viver mais uma etapa do seu sonho “levar o ar puro do Alentejo e do nosso país, para o nosso mundo”.

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