O Restaurante Fialho dispensa apresentações, mas conhecer a sua história ajuda a perceber o sucesso que tem alcançado ao longo das suas quase oito décadas de existência.
A gastronomia alentejana é, desde sempre, a grande aposta desta casa eborense, que prima também pela qualidade do serviço e dos seus produtos. E é essa a matriz que se mantém até aos dias de hoje.
Helena Fialho, uma das gerentes deste espaço, recorda como tudo começou. “O Restaurante Fialho teve início com o meu avô, Manuel Fialho, em 1945”, realçando que “vamos atualmente na terceira geração, comigo e com o meu primo Rui”.
Salientou também “três peças muito importantes” em todo este percurso, referindo-se “ao meu pai (Gabriel) e aos meus dois tios (Amor e Manuel) que fizeram um trabalho notável e que nos entregaram entretanto o testemunho”.
Para a empresária, “é inevitável falar-se do passado do Fialho, pois é um dos restaurantes mais antigos de Évora, se não talvez o mais antigo”, constatando que “tem acompanhado várias gerações também em termos de clientes”. No entanto, não deixa de mencionar que “nós, neste momento, temos é saudades do futuro”.
Na sua perspetiva, “as pessoas já estão muito saturadas de não se poder viajar e sentem saudades de ir, provar e de conviver à mesa”, apontando que “as coisas sabem sempre melhor no próprio local”.
Helena Fialho reforçou que, “felizmente há restaurantes de comida alentejana em várias partes do país e do mundo, mas há coisas que sabem bem é aqui, o próprio ambiente e esta forma alentejana de viver as coisas mais devagar também atraem muito as pessoas”.
Quanto ao caminho a seguir, afirmou que “queremos pensar e projetar o futuro, nunca esquecendo as nossas raízes, nem os ensinamentos que nos deixaram, nem aquele véu que nos entregaram de embaixadores da gastronomia alentejana”.
A mesma responsável garantiu que “nem eu, nem o Rui queremos cair na tentação de sair muito desta matriz, que é a nossa, não deixando no entanto de inovador e de fazer algumas diferentes, com uma outra roupagem”, reiterando que “a grande vantagem das empresas que conseguem ter quase 80 anos é a resiliência e a capacidade de adaptação”.
Acrescentou ainda que “as empresas que ficam estáticas e agarradas a um passado não conseguem ter presente”, destacando que “o nosso grande desafio é continuarmos a fazer aquilo que temos feito, continuarmos a receber bem as pessoas, apostar na qualidade dos produtos e divulgarmos cada vez mais”.
A esse respeito, Helena Fialho focou que “temos muitos clientes não só de Évora e de Portugal, como de várias nacionalidades”, considerando que “esta mistura de clientes também nos ajuda a crescer e também nos enriquece bastante”.
Rui Fialho, o outro gerente do restaurante eborense, também faz questão de vincar a importância de manter o registo que vem pautando o percurso desta casa.
“Temos aqui um modelo que não podemos desvirtuar, até porque nós somos conhecidos, ao longo destes quase 80 anos, precisamente pela gastronomia alentejana”, realçou, evidenciando que “esta é a nossa matriz e é isso que queremos perpetuar”.
Em relação aos pratos que constam da ementa, comentou que “são efetivamente de raiz alentejana e é isso que queremos manter”, sublinhando que “há uns mais emblemáticos do que outros e que nunca saem da carta, como a Perdiz à Convento da Cartuxa, a Lebre com Feijão Branco (por encomenda), a Favada Real de Caça (também por encomenda) ou o Cação de Coentrada”.
Segundo o mesmo responsável, “aquilo que temos para oferecer ao cliente, ou seja a gastronomia, bem como uma preocupação constante em manter o mesmo nível de qualidade da comida e do serviço, são aspetos intocáveis e que têm contribuído para o sucesso que o Fialho tem hoje”.
Como tal, “aquilo que pode ser mudado é o próprio espaço, que é o mesmo desde 1945, mas sem sair muito deste registo”, disse, especificando que “tentamos ‘refrescar’ o ambiente, até para não nos cansarmos de estar sempre com as mesmas cores e materiais”.
A par disso, Rui Fialho adiantou que “também estamos sempre atentos à evolução das técnicas que se utilizam na cozinha e às máquinas novas, embora sem adulterar o receituário”.
Revelou ainda que “tentamos também envolver a comunidade ao trabalhar com os fornecedores locais e alguns deles já se mantêm há muitos anos”, justificando que “o grande segredo do Fialho é a consistência”.
No que diz respeito às comemorações das oito décadas, que se aproximam, o empresário anunciou que “queremos fazer um evento digno do Fialho”, sustentando que “estes 80 anos de obra merecem que festejemos a data com algum respeito e ‘com pompa e circunstância’”.
Afiançou que “é isso que estamos a planear ao mais ínfimo pormenor”, explicando que “queremos que seja um evento que marque como esta obra também tem marcado, não só quem nos visita, mas a nós próprios”.
Apesar de ainda não desvendar muito sobre o evento, Rui Fialho assegurou que “vai acontecer até ao final deste ano, dando assim início às comemorações destas oito décadas, que se assinalam em 2025”.
O restaurante Fialho está situado no centro histórico de Évora, mais concretamente na Travessa das Mascarenhas n.o 16. Encerra à segunda-feira. Mais informações pelo telefone 266 703 079.
Pode assistir à reportagem vídeo no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=Dhcv9HkAqkI&t=7s
Autor: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS