O ano corrente assinala o 80º aniversário da vitória da Guerra da Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Guerra Antifascista Mundial. Será organizada na China, no dia 3 de setembro, uma série de eventos comemorativos, incluindo um desfile militar, com o objetivo de recordar a história, honrar os mártires, prezar a paz e construir o futuro.
A Guerra da Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa constituiu o principal campo de batalha oriental da Guerra Antifascista Mundial e contribuiu significativamente para a vitória da guerra. Foi a China que sofreu a primeira agressão fascista e que resistiu por mais tempo. Desde o Incidente de 18 de Setembro de 1931 quando as forças japonesas ocuparam o nordeste da China, que sinalizou o início da Guerra Mundial Antifascista, passando pelo Incidente de 7 de Julho de 1937, que marcou o início da resistência de toda a nação chinesa, até à rendição incondicional do Japão em 1945, o povo chinês travou batalhas sangrentas com bravura por 14 anos. A resistência chinesa teve uma perda enorme, com mais de 35 milhões de baixas entre militares e civis e com mais de 600 mil milhões de dólares americanos de prejuízos económicos diretos e indiretos, calculados com base nos valores de 1937. Com a grande contribuição chinesa, as forças principais do militarismo japonês foram contidas e combatidas, tendo sido eliminados mais de 1,5 milhões de soldados japoneses. Estrategicamente, a China cooperou e apoiou os Aliados na guerra, restringindo e impedindo as tentativas de cooperação estratégica entre o fascismo japonês e o fascismo alemão e italiano.
A vitória da Guerra da Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa, tendo sido uma grande vitória da justiça sobre o mal, da luz sobre as trevas e do progresso sobre o retrocesso, constituiu um ponto de viragem para a nação chinesa, que passou de uma crise profunda para uma grande revitalização. Destruiu completamente os planos do militarismo japonês de colonizar e escravizar a China e restabeleceu a posição da China como uma das potências mundiais. Durante a guerra, o então governador de Macau, Gabriel Maurício Teixeira, acolheu e protegeu um grande número de civis chineses que fugiram da invasão japonesa. Jamais será esquecida a contribuição de todos os povos, incluindo a de Portugal, para a resistência chinesa contra a agressão.

Na altura da Segunda Guerra Mundial, a decisão mais importante tomada pela comunidade internacional foi a criação da Organização das Nações Unidas. Ao longo dos 80 anos, a ONU tem desempenhado um papel fundamental na manutenção da justiça e equidade internacionais e na promoção do desenvolvimento comum. A Carta das Nações Unidas, sendo a pedra angular da ordem internacional, define os princípios básicos das relações internacionais contemporâneas. Como membro fundador da ONU e um dos membros permanentes do Conselho de Segurança, a China apoia firmemente o multilateralismo e defende com convicção que existe apenas um sistema mundial, que é o sistema internacional centrado na ONU; que existe apenas uma ordem, que é a ordem internacional baseada no direito internacional; e que existe apenas um conjunto de regras, que são as normas básicas das relações internacionais baseadas nos princípios da Carta das Nações Unidas. Nos últimos anos, a China tem sido o país que envia mais forças de manutenção da paz entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, dedicando-se à salvaguarda da paz e segurança mundial. Pode dizer-se que, a cada aumento do poder da China, aumenta também a esperança de paz mundial.
Este ano marca também o 80º aniversário da recuperação de Taiwan. O retorno de Taiwan à China é uma parte importante dos resultados da vitória na Segunda Guerra Mundial e da ordem internacional do pós-guerra. Uma série de documentos com efeito legal internacional, incluindo a Declaração do Cairo e a Proclamação de Potsdam, com factos históricos e legais incontestáveis, confirmaram a soberania da China sobre Taiwan. A autoridade da Resolução 2758 da Assembleia Geral das Nações Unidas não pode ser contestada. Não importa como a situação na ilha de Taiwan evolua e não importa como as forças externas tentem interferir, a tendência histórica de que a China vai alcançar e tem que alcançar a reunificação é imparável.
O mundo atual ainda não está em paz, o unilateralismo está em alta, as práticas hegemónicas são comuns, e os déficits de paz, desenvolvimento, segurança e governança continuam a aumentar. A humanidade está mais uma vez na encruzilhada entre a união ou a divisão, a abertura ou o fechamento, a cooperação ou a confrontação. A escolha diz respeito aos interesses globais de toda a humanidade e põe à prova a sabedoria de todos os países. A humanidade não precisa da lei da selva, mas sim de um destino comum; não precisa de intimidação e hegemonia, mas sim de cooperação e benefício mútuo; não precisa de subverter a ordem internacional pós-guerra, mas sim de preservar os resultados da vitória da Segunda Guerra Mundial. Só assim será possível consolidar os fundamentos da paz e do desenvolvimento e evitar que as tragédias do passado se repitam.
Há um provérbio português que diz: “A união faz a força”. Os países do mundo são uma comunidade que partilha alegrias e tristezas e devem unir-se para enfrentar a situação internacional conturbada e os desafios globais que surgem continuamente. A China e Portugal, aplicando a sabedoria política, resolveram de forma apropriada a questão de Macau, o que estabeleceu um bom exemplo de solução de questões legadas pela história mediante negociações amistosas entre países. Olhando para o futuro, a China está disposta a continuar a trabalhar em conjunto com a comunidade internacional, incluindo Portugal, para defender firmemente o sistema internacional centrado nas Nações Unidas e a ordem internacional baseada no direito internacional, a ser um praticante da cooperação amigável, um promotor do intercâmbio cultural e um construtor da comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, e construir, de mãos dadas, um futuro ainda mais belo para o nosso planeta.
Artigo de Opinião de Zhao Bentang – Embaixador da China em Portugal