No passado dia 21 de junho o Primeiro Ministro Luís Montenegro anunciou, aquando da sua deslocação a Évora para inauguração da nova fase do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, a autorização dada à Universidade de Évora para a aquisição do direito de superfície de um terreno junto ao novo Hospital Central do Alentejo, no qual se pretende vir a construir a nova Escola de Saúde.

Esta autorização era imprescindível para o avanço do projeto que visa desenvolver e consolidar a oferta formativa e a investigação na área da Saúde, congregando a oferta da atual Escola de Saúde e de Desenvolvimento Humano e da Escola de Enfermagem num mesmo espaço. Oferta à qual esperamos que se venha a juntar, num futuro próximo, o mestrado integrado em Medicina.

Uma formação que pretendemos que seja atenta aos novos desafios que se colocam à saúde e ao exercício da profissão médica e articulado com instituições nacionais e internacionais, com quem foram já estabelecidos protocolos e acordos, de forma a assegurar a mobilidade de docentes e de estudantes. Uma formação que visa ir ao encontro das necessidades do país e suprir uma lacuna num território que representa cerca de um terço de todo o país.

Com a proximidade da Escola de Saúde ao novo Hospital Central do Alentejo procura-se contribuir para uma melhor gestão dos recursos, ajudando a fixar talento e recursos humanos na região, partilhar equipas e assim valorizar e alavancar a investigação e a formação.

Em paralelo, a construção da Escola de Saúde junto ao novo Hospital levará a Universidade de Évora para um novo espaço reforçando, ainda mais, a sua presença no território.

Nunca é demais lembrar que o campus da Universidade de Évora se entretece com a cidade, mas também com o Alentejo através dos seus diferentes polos. Fazer da cidade o seu campus foi uma opção tomada há muito pela Universidade de Évora. Opção que obrigou à readaptação de múltiplos edifícios, assegurou a manutenção e sobrevivência de muitas construções, em contextos de menor especulação imobiliária, os quais sem a presença da Universidade não teriam possivelmente sobrevivido da mesma maneira.

Com efeito, falamos recorrentemente da necessidade de reforçar a coesão territorial, de inverter o despovoamento e contribuir para uma melhor distribuição de recursos, combatendo as assimetrias regionais.

Estou ciente de que as instituições de ensino superior, por si só, não podem resolver os problemas das assimetrias regionais as quais, apesar de todas as afirmações e as políticas públicas encetadas, se mantem senão mesmo se agudizam em alguns aspetos e espaços.

A Universidade de Évora tem contribuído para essa coesão, trazendo professores, investigadores e estudantes de diferentes partes do mundo e com diferentes trajetos para o Alentejo, tem formado e apoiado investigação reconhecida nacional e internacionalmente, tem captado financiamento competitivo, tem vindo a assumir cada vez mais o seu compromisso com o território e com o país numa crescente articulação com o mundo empresarial.

O desejo de alargamento e de consolidação da oferta na área da saúde vem na sequência deste processo de afirmação e de crescimento da Universidade e procura ir ao encontro das necessidades do país e de um território que representa um terço do país.

É, pois, claro que se as instituições de ensino superior não conseguem resolver, por si só, os problemas das assimetrias, também é claro que estes problemas não podem ser resolvidos sem as instituições de ensino superior.

Quando se discute a rede de ensino superior o que também se discute é o modelo de desenvolvimento para o país. Por isso a importância do passo dado no dia 21 de junho. Um passo apenas num processo que se adivinha longo e nem sempre fácil.

Mas as dificuldades, naturais, de um processo ambicioso como este poderão ser gradualmente ultrapassadas se este projeto for entendido não apenas como um objetivo da Universidade de Évora, mas como um objetivo do território e do país.

Artigo de opinião de Hermínia Vasconcelos Vilar – Reitora da Universidade de Évora
Fotos oficiais do emissário

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