A promoção do mundo rural é um ponto forte da Feira da Luz/Expomor, que tem início hoje em Montemor-o-Novo, prolongando-se até à próxima segunda-feira.
Organizado em parceria entre o município local e a APORMOR (Associação de Produtores de Bovinos, Ovinos e Caprinos da Região de Montemor-o-Novo), o certame inclui concursos de gado, leilões, colóquios e outras iniciativas relacionadas com o setor agrícola e agropecuário.

Montemor-o-Novo é considerada “a capital nacional da pecuária extensiva”, assumindo por isso particular relevância um evento como este. Ao longo dos seis dias, a importância desta atividade no concelho e na região vai ser reforçada, sendo de referir que na edição de 2023 vai estar em destaque a raça Charolesa.
Em entrevista enviada pela Câmara de Montemor-o-Novo ao Grupo Diário do Sul, Joaquim Capoulas, presidente da APORMOR, começou por afirmar que “a Feira da Luz/Expomor é a maior mostra de animais do sistema forrageiro extensivo, como não há em mais nenhuma feira do país”.

Reforçou que “os outros certames têm tido outros setores para além do setor pecuário, que tem perdido expressão nas feiras do restante país”.
O mesmo responsável adiantou que, “este ano, pensávamos que iríamos ter dificuldade em captar a atenção dos produtores pecuários”, reiterando que “os que vêm aqui são essencialmente produtores de genética, mas o interesse mantém-se porque o mundo rural está em sofrimento”.

A esse respeito, evidenciou que “dois anos de seca seguidos é desastroso, mas, para além disso, sentimos que o mundo rural não é uma prioridade para o Governo, os apoios que nos deram, muito pequenos, não são nada comparados com a nossa vizinha Espanha”.
Nesse âmbito, Joaquim Capoulas anunciou que “na Feira da Luz/Expomor vamos tentar fazer uma afirmação da importância do setor e lançar um grito de alerta ao resto do país de que estamos a lutar sem armas para manter a atividade económica e a ocupação do território”.
Na sua opinião, “cada vez é mais difícil que as pessoas consigam ter sustentabilidade económica para continuar a cuidar do território, sem economia não há possibilidade de agricultura de conservação, sem pessoas no território os matos vão crescer e ciclicamente arder”, alertando que “quando as pessoas tomarem consciência disso, talvez já seja tarde”.

O presidente da APORMOR realçou que “na Feira da Luz/Expomor queremos fazer uma afirmação do que o mundo rural ainda tem, mas também daquilo que é necessário fazer para as pessoas continuarem a ocupar o interior do território e para que possam vir novas gentes para a agricultura”.
Quanto a esta edição do certame, Joaquim Capoulas adiantou que “vamos continuar a aposta na ligação aos mais novos”, recordando que, “no ano passado, já tivemos uma mostra daquilo que é a interação que queremos com as escolas e com as crianças e jovens”.
A par disso, salientou que “vamos ter os concursos e leilões habituais”, evidenciando ainda que “vamos promover um colóquio no sábado, às 10 horas, no Auditório APORMOR, com o tema ‘O Montado, o ecossistema a proteger’”.
Segundo o mesmo responsável, “há uma medida da PAC que começou a ser implementada este ano”, esclarecendo que “é uma medida piloto para cinco anos, em que os concelhos de Montemor-o-Novo, Évora e Arraiolos estão incluídos para se tomarem medidas tendo em vista os resultados”.
Explicitou que, “partindo de uma base zero que é este ano, o objetivo é sabermos daqui a cinco anos como é que os montados nessas explorações vão estar”, reiterando que “é um programa feito pela Universidade de Évora com o nosso acordo, em que é conciliada a parte económica com a parte ambiental”.
Em relação à parceria da APORMOR com o Município de Montemor-o-Novo, o dirigente garantiu que “tem sido sempre muito estreita, seja com o atual executivo, seja com os anteriores, porque as pessoas daqui conhecem o território”, afiançando que “a única política que nos interessa é fazermos para a nossa região aquilo que tenha em conta o mundo rural”.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS / Município de Montemor-o-Novo