O Alentejo acolheu, entre 22 e 25 de setembro, o evento internacional SMART CON EUROPE – Interregional Learning Event 5 (ILE5), promovido pelo NERE – Núcleo Empresarial da Região de Évora, no âmbito do projeto europeu financiado pelo INTERREG EUROPE. Durante quatro dias, parceiros de Espanha, Finlândia, Polónia, Grécia e França reuniram-se para partilhar experiências e definir estratégias que reforcem a participação das pequenas e médias empresas em projetos de investigação e desenvolvimento da Comissão Europeia.

O projeto SMART CON EUROPE nasceu da necessidade de incentivar mais pequenas e médias empresas (PME) a participarem de forma bem-sucedida em programas europeus de Investigação e Inovação (I+I). A iniciativa responde a desafios identificados em estudos como o “Estudo sobre a eficácia do apoio público à inovação para as PME na Europa”, que aponta o acesso ao financiamento como uma das principais barreiras. Também o Relatório de Avaliação Intercalar do Horizonte 2020 evidenciou desigualdades na participação das PME entre países, registando uma diferença de 18 pontos percentuais e uma taxa média de apenas 20%.

Para dar resposta a este problema, o SMART CON EUROPE propõe uma abordagem sistémica que fortaleça os ecossistemas regionais. O consórcio reúne oito parceiros e duas autoridades políticas associadas, provenientes de seis regiões europeias, que irão partilhar conhecimentos, experiências e boas práticas. Entre as ferramentas a utilizar destacam-se a Análise SWOT das Revisões por Pares e um processo intenso de intercâmbio e aprendizagem inter-regional.

O objetivo passa por melhorar os Programas Operacionais, instrumentos de política pública e estruturas de governação em cada região parceira, numa primeira fase do projeto. Já o repositório de conhecimento desenvolvido ao longo do percurso ficará disponível para todas as regiões da União Europeia, através do programa Interreg Europe e das plataformas políticas relevantes, reforçando o impacto e a disseminação dos resultados.

Durante o evento, Rui Espada, presidente do NERE, sublinhou a importância da iniciativa: “Este é já o quinto encontro, depois de França, Grécia e Polónia, e agora chegou a vez do Alentejo. O nosso papel foi mostrar a região e o que temos disponível para oferecer às empresas parceiras. O objetivo é criar uma Europa mais dinâmica e inovadora, aproveitando as oportunidades que cada território pode oferecer.” Acrescentou ainda: “Cada país identifica os temas que mais lhe interessam e no final retiramos conclusões que se traduzem em maior produtividade e interação entre regiões europeias.”

Por sua vez, Tiago Teotónio Pereira, vogal executivo do Programa Regional do Alentejo, apontou o contributo do encontro para setores estratégicos: “Falámos do cluster da saúde, que está a ganhar força com o Hospital Central do Alentejo e a futura Escola de Medicina, e também do cluster aeronáutico, que tem projeção a nível europeu. Projetos como este ajudam-nos a reter talento, atrair investimento e reforçar a posição da região nos mapas da inovação e da competitividade.”

Também Liliana Marum, investigadora do CEBAL – Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo, destacou os benefícios: “Este projeto integra e reúne boas práticas associadas a várias organizações, entre elas PMEs, que podem vir a ser bastante beneficiadas pelos resultados. No CEBAL temos trabalhado para aproximar a investigação à realidade do território, e estas iniciativas ajudam-nos a colmatar lacunas que as empresas sentem.”

De Espanha, Manuel París, representante da Agência Galega de Inovação, frisou o caráter transnacional: “Esta oportunidade permite-nos contactar com entidades regionais de outros países, promovendo a colaboração institucional e empresarial. Todos enfrentamos desafios comuns, mas também específicos, e é importante aprender como cada região os aborda. Para nós, já está a dar resultados muito bons.”

Marta Peres, diretora executiva do Cluster dos Recursos Minerais de Portugal, apresentou como boa prática o modelo de governação da estratégia regional de especialização inteligente: “Criámos quatro plataformas que envolvem cadeias produtivas e stakeholders regionais. Estamos a notar um diálogo que nunca tinha existido, entre setores tão diferentes como recursos minerais, turismo ou montado. São destas sinergias que podem nascer projetos estruturantes para o Alentejo.”

Já Alexandra Correia, sócia-gerente da empresa Símbolos Afirmativos, salientou a relevância da ligação ao terreno: “Trabalhamos diretamente com PMEs, ajudando-as a encontrar financiamento e a concretizar candidaturas a fundos comunitários. Estar neste projeto é importante porque partilhamos experiências com consultores e entidades de outros países e influenciamos programas regionais para que sejam mais eficazes e próximos das empresas.”

O SMART CON EUROPE demonstrou, assim, como a partilha de boas práticas e a cooperação transnacional podem tornar a inovação mais acessível às empresas e mais próxima das necessidades reais dos territórios.

Pode ver a reportagem vídeo no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=5adVOyuvZDk&t=19s

Texto e fotos: Redação DS

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