Continuamos com o ciclo de entrevistas que o Diário do Sul e a Rádio Telefonia do Alentejo promoveram a propósito das eleições autárquicas de 12 de outubro.

O objetivo foi falar com todos os candidatos à presidência da Câmara Municipal de Évora, sendo as entrevistas feitas pela ordem em que foram apresentadas as respetivas candidaturas.

Nesta edição, contamos com Ruben Miguéis, cabeça-de-lista do Chega à presidência do Município de Évora.

Nasceu em Oeiras, em 1983, mas desde os 3 anos que vive em Évora. Tem formação em Engenharia Zootécnica pela Universidade de Évora (UÉ), além de ter feito três anos em Medicina Veterinária.

Ruben Miguéis é militante do Chega e esta é a primeira vez que se candidata numas eleições.

Tem sempre trabalhado nas áreas da Zootecnia e da Veterinária, sendo empresário neste setor. Está também ligado a empresas na área da construção imobiliária.

É ainda de referir que está envolvido em vários projetos de solidariedade.

Porque é que se candidata à Câmara de Évora?

A minha candidatura é muito simples. Partiu primeiramente de um convite feito pelo André (Ventura), em que discutimos alguns pontos. Analisando o meu percurso por Évora, como sempre vivi no Alentejo, isso também influenciou. E o facto de ver o abandono que estamos a ter nestes 40 anos. A mim, deixa-me entristecido o abandono que estamos a ter na nossa cidade, que é tão bonita, com tanta história. Tem de haver obrigatoriamente uma mudança. Foi isso que me motivou a aceitar o convite do André e a candidatar-me à câmara para ver se Évora se torna melhor para os eborenses.

A minha frase de campanha é ‘Por Évora e pelo nosso Alentejo’ e, por isso, comecei a campanha logo nas legislativas, ao lado do deputado Jorge Galveias.

Nas autárquicas, temos feito uma campanha diferente, com vídeos onde evidenciamos os problemas que Évora tem. Acho que temos de andar nas ruas e falar com as pessoas, que querem ouvir soluções.

Quais os principais desafios do Município de Évora?

Logo no início da minha candidatura, eu referi que era muito importante fazer uma auditoria externa às contas da câmara. Fui criticado, mas ‘quem não deve, não teme’. Não sabemos o que se passa nas contas. Esse é um ponto muito sensível e muito importante para fazer logo ‘a priori’.

Há pessoas que não pagam a água há 20 anos e são receitas que a câmara perde. Temos funcionários contratados à última hora numa câmara que tem funcionários a mais. É preciso uma análise bem cuidada às estruturas da câmara e ver onde é que estão os problemas. A câmara tem de ser gerida como uma empresa, pois há receitas que entram e há funcionários e fornecedores para pagar.

Vejo a minha candidatura à Câmara de Évora como um grande desafio porque sei que ao assumirmos, vamos ter de fazer muita coisa para termos de novo Évora reerguida. Há muita coisa que está mal e algumas são de há 40 anos atrás.

A nível nacional, nós temos um grande desafio, o qual temos de ‘transportar’ para Évora, que é a habitação. É quase impossível os nossos jovens comprarem casa em Évora, dada a escassez imobiliária que temos e dado os valores que as habitações têm. Esse é um dos principais desafios que temos de priorizar em Évora.

A limpeza também devia ser a nossa aposta. Acho que todos os eborenses se deparam com isso à saída das suas casas. A não limpeza das ruas e dos espaços públicos, as vias rodoviárias completamente destruídas no nosso concelho. São assuntos que nós, eborenses, merecemos ter resolvidos.

Nós já fizemos uma campanha em que mostrámos como fazer a limpeza. Nós limpámos uma rotunda, com empresas locais a ajudar. Percebemos que as pessoas estão disponíveis para ajudar a limpar.

A iluminação também é outro aspeto. Temos uma muralha fantástica, em que se pode passear à volta, mas temos de usar a lanterna para o fazer.

Também é importante apostar no meio rural, que está muito abandonado, tendo as pessoas dificuldades para recorrer ao médico, por exemplo.

Também já fizemos uma campanha sobre os carros abandonados nas ruas, que em Évora são mais de 100. Em outras autarquias, num ação articulada com a polícia, é colocado um autocolante nesses carros e as pessoas têm 30 dias para tirá-los. Se não o fizerem, o carro é rebocado, vai para um centro de recolha da câmara e passado x dias, se não for reclamado, a câmara pode ficar com o direito dos carros.

Há pequenas coisas que conseguimos resolver de imediato se assumirmos uma câmara e se estivermos todos de acordo.

Temos diariamente pessoas a questionar-nos sobre estes assuntos. Limpeza, manutenção, segurança, habitação, vias rodoviárias, saúde. São pilares estratégicos a que temos de ter atenção e mudar.

Quais os pilares estratégicos do programa desta candidatura?

Os principais pilares são segurança, habitação, manutenção e limpeza das vias e espaço público. O investimento e a parte da saúde também são muito importantes. É isso que faz falta em Évora.

É necessário que o investimento, seja na parte da habitação, seja a nível empresarial, não seja tão burocrático. Há pessoas que querem investir em Évora e desistem, por haver muita burocracia para fazer alguma coisa. Isso não pode acontecer.

Na habitação, há outra coisa muito importante a fazer. Identificar as casas que estão devolutas em Évora e os seus proprietários, perguntando-lhes o que pretendem fazer com essa casa. Em casas em que há risco de ruir, o proprietário tem de ser avisado. Temos de fazer o inventário de quantos prédios devolutos temos.

Nós somos a favor das cooperativas de habitação, mas com certas cláusulas para quando a pessoa quiser vender, no sentido de evitar a especulação imobiliária.

O Hospital Central do Alentejo é um projeto importante para a região, mas temos casas para as pessoas que venham trabalhar para lá? São coisas que quem está na câmara deveria ter pensado. Évora tem espaço suficiente para fazer habitação, há muita gente que quer investir aqui, não tem é pessoas competentes para dar aprovação e para ver o que os eborenses precisam.

A nível da segurança, somos a favor de colocar câmaras de videovigilância. Dado que há poucos efetivos da PSP em Évora, é importante que possam estar no gabinete a gerir imagens da cidade. Defendemos o investimento para haver videovigilância nas principais artérias da cidade, sendo algo extremamente fácil. Já existe nas grandes cidades mundiais, porque é que Évora não há-de ter? Temos de pensar se queremos privacidade ou segurança. Acho que os eborenses vão preferir ser filmados na Praça do Giraldo, do que ser assaltados e não saberem quem foi.

Estando ligado à parte animal, estamos a fazer um projeto para um novo canil municipal. O atual canil é uma estrutura obsoleta. A nossa ideia é fazer um hotel para cães e gatos ao lado do canil. Vamos ter Évora 2027 e muitas pessoas vão trazer os seus animais de estimação, por exemplo. O valor que o hotel faturasse seria para ajudar o canil. A câmara teria o gasto de fazermos o projeto, mas acho que os eborenses também iriam ajudar para depois termos um excelente canil com todas as condições que os animais merecem. E um hotel para quem visita Évora ter onde deixar o seu cão ou o seu gato. Acho que vai ser muito positivo termos um bom canil para os animais abandonados e termos um hotel municipal para cães e gatos.

Évora é Capital Europeia da Cultura em 2027. Que impacto pode ter este acontecimento no concelho e na região?

Obviamente, que vai ter muitos aspetos positivos. Podemos destacar a renovação dos espaços públicos, o investimento em estruturas culturais ou o fortalecimento das práticas culturais locais, para não deixarmos ‘morrer’ a cultura local. O envolvimento da comunidade, para fortalecer o sentimento de pertença, ou o aumento do turismo, beneficiando a economia local, também são ótimos.

Por outro lado, temos a valorização imobiliária, que pode ser agravada, representando ainda uma maior dificuldade para comprar casa. Neste ponto, temos de estar muito atentos com Évora 2027.

Nesta área, também era importante que nessa altura já estivessem instaladas as câmaras de videovigilância, para os eborenses e os estrangeiros se sentirem mais seguros.

Para a concretização de alguns equipamentos culturais, acho que ainda há tempo, mas quem assumir a câmara vai ter de analisar muito bem as contas.

Candidatos efetivos à Câmara Municipal de Évora pelo Chega – Ruben Miguéis, Vítor Pereira, Maria Chaveiro, Vera Cavaco, João Gomes, Stela Lopes e Dário Bianchi

Cabeça de lista à Assembleia Municipal de Évora pelo Chega – Carlos Grave

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

Entrevista publicada na edição imprensa do jornal Diário do Sul a 12 de setembro de 2025.

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