A importância de ter um kit de emergência preparado esteve em foco na Rádio Telefonia do Alentejo (RTA), no programa feito em parceria com a Unidade de Saúde Pública (USP) do Alentejo Central.

A edição de maio contou com a participação de Vera Leal Pessoa, médica especialista em Saúde Pública (SP); Beatriz de Aranha, médica interna de SP; e Miguel Carvalhais, técnico de Saúde Ambiental.

O apagão ocorrido no passado dia 28 de abril foi o mote para esta conversa, que teve como tema central as emergências em saúde, sendo abordado aquilo que a SP faz antes, durante e depois de uma catástrofe.

Segundo Vera Leal Pessoa, “antes de uma catástrofe, a SP tem um papel fundamental e a sua intervenção divide-se em várias fases, sendo a primeira a prevenção e mitigação”.

Especificou que, “antes que algo aconteça, a SP já está a trabalhar através da identificação de riscos, melhoria das condições de saneamento, controlo de pragas como ratos ou mosquitos, campanhas de vacinação ou segurança alimentar”.

A mesma médica realçou ainda que, “numa segunda fase, a da preparação, a SP elabora planos de emergência, faz simulacros internos e externos, garante reservas de medicamentos e vacinas e identifica grupos vulneráveis, como idosos ou pessoas com doenças crónicas”.

Quanto ao kit de emergência, Miguel Carvalhais explicou que “é um conjunto de materiais essenciais que deve estar sempre preparado e acessível em sua casa, no carro ou no trabalho”, lembrando ainda “a importância de ser escolhido um ponto de encontro entre a família”.

E o que deve conter esse kit de emergência? O técnico de Saúde Ambiental revelou que “deve estar preparado para durar pelo menos 72 horas e deve ter vários elementos, nomeadamente água potável (pelo menos quatro litros por pessoa por dia), alimentos não perecíveis (como enlatados, barras energéticas ou frutos secos), lanterna com pilhas extras ou carregamento solar, rádio portátil a pilhas ou manivela e carregadores portáteis”.

Enumerou ainda outros itens, como “um kit de primeiros socorros (incluindo medicação habitual), máscaras de proteção (de preferência FFP2), documentos importantes (em cópia física ou num pen USB), dinheiro em espécie, roupa extra e manta térmica, canivete ou ferramenta multifunções, artigos de higiene pessoal, apito, mapa local em papel e camping gás”.

A importância de estar bem informado e de evitar partilhar informações falsas durante uma situação limite também foi abordada durante o programa.

Segundo Beatriz de Aranha, “existem guias do instituto Reuters que nos ajudam a identificar conteúdo falso, as chamadas ‘fake news’”, reiterando que “durante uma emergência há o fenómeno dos vazios de informação, que geram automaticamente desinformação”.

Deixou ainda a recomendação de alguns meios de informação a que é possível recorrer durante as catástrofes, nomeadamente “as rádios ou os telejornais”, acrescentando que, “por vezes, recebemos mensagens da proteção civil, que também são fiáveis”.

A médica interna frisou que “durante uma emergência as fontes oficiais são as do Governo ou de autoridades”.

Ainda em relação ao papel da SP durante a catástrofe, Vera Leal Pessoa realçou que “a terceira fase do ciclo é a resposta e a SP atua no terreno, garantindo água potável e higiene nos abrigos, coordena ações de vigilância epidemiológica para evitar surtos, organiza campanhas de vacinação de emergência, dá apoio psicológico às vítimas e assegura que os hospitais e os centros de saúde continuam a funcionar”.

E depois de uma catástrofe, qual a intervenção da SP? A mesma médica anunciou que “avalia os danos, reativa os serviços essenciais e continua a apoiar as comunidades, havendo no final uma reflexão conjunta de avaliação sobre os acontecimentos”.

A questão da saúde mental também foi discutida nesta conversa na RTA, sublinhando Beatriz de Aranha que “é muito importante entendermos que a reação a uma situação tão diferente do habitual é impossível de prever”, frisando que “depois de uma emergência devemos tentar rever o que poderíamos ter feito melhor e aprender”.

Por sua vez, Miguel Carvalhais alertou ainda que “depois de uma situação limite deve repor-se aquilo que se gastou do kit de emergência”, aconselhando também que “se vá verificando a validade de alimentos, pilhas e medicamentos”.

Em jeito de conclusão, evidenciou que “preparar-se não é viver com medo, mas viver com consciência e responsabilidade”, acrescentando Beatriz de Aranha que “treinarmos várias vezes o que fazer em situações de emergência é a melhor forma de nos prepararmos”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS

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