O Anfiteatro 131 do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora acolheu, no dia 24 de junho, o seminário “Filhos do (Des)Amor – Olhares Multidisciplinares sobre a Parentalidade Conflitual”, uma iniciativa que reuniu investigadores, profissionais e membros da comunidade para debater as complexas dinâmicas da parentalidade em contextos de rutura conjugal marcada pelo conflito e o lugar que os filhos ocupam nestas situações que afetam milhares de crianças em Portugal.

O evento coorganizado pelo Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade de Évora (CICS.NOVA.UÉvora) e a Associação para a Cultura, o Desporto e a Comunidade (VIVER+), reuniu investigadores, profissionais da área da justiça, da psicologia, da mediação familiar, e autores para um debate alargado sobre as implicações sociais, legais e emocionais da parentalidade conflitual. Esta reflexão é particularmente relevante tendo em conta que, só nas últimas duas décadas, mais de 646 mil crianças passaram pelo sistema de justiça português em processos de regulação parental. Este número evidencia a necessidade de um olhar atento e multidisciplinar sobre o impacto das separações litigantes e das disrupções familiares, alertando para as consequências que estas vivências podem ter no bem-estar, no desenvolvimento e nos direitos das crianças e jovens.

O momento central do encontro foi a apresentação do livro “Filhos do (Des)Amor”, livro que oferece um olhar sociológico sobre a voz e a experiência dos filhos em torno das consequências da rutura conjugal conflitual dos progenitores, da autoria de Nuno Vilaranda, antigo aluno da Universidade de Évora. A obra resulta da adaptação da dissertação de Mestrado em Sociologia do autor e encontra-se disponível no Repositório da UÉvora. A apresentação da obra esteve a cargo de Hernâni de Carvalho, jornalista, apresentador e escritor, que sublinhou a relevância social do tema e a importância de dar voz às crianças e jovens afetados por contextos de parentalidade litigante. A sessão contou também com a presença de António Batista Lopes, em representação da Âncora Editora.

Para Bruno Dionísio, docente do Departamento de Sociologia da UÉvora, “que um tema desta dimensão possa sair do repositório digital da universidade e dar origem a algo palpável como um livro que ainda motivou a realização deste evento é fundamental para que dediquemos tempo a uma realidade cada vez mais presente no nosso país”, tendo ainda destacado que “apesar de ser uma problemática que chega tarde à sociologia enquanto objeto de estudo, urge abordar sociologicamente questões íntimas que se transferem para o domínio público”. Rosalina Pisco Costa, docente do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora, destacou a relevância do tema em análise, sublinhando que “a evidência científica revela que os momentos de rutura são marcantes na vida de uma pessoa em todas as suas esferas, o que significa que estas questões devem ser abordadas com um misto de sensibilidade e complexidade”.

A sessão contou ainda com um painel de discussão e debate multidisciplinar, sob a moderação de Rosalina Pisco Costa, docente do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora, onde se cruzaram perspetivas da sociologia, mediação familiar, justiça, educação e testemunho literário, com intervenções de Nuno Vilaranda, autor do livro, Anabela Quintanilha, mediadora familiar; Joaquim Manuel da Silva, Juiz de Direito de Família; Isabel Mesquita, docente do Departamento de Psicologia da Universidade de Évora; e, por último, Patrícia Mendes, coautora do livro “Pai, vem me ver”.

O seminário reforçou o papel da Universidade de Évora como espaço de pensamento crítico e de diálogo entre saberes, promovendo abordagens que articulam investigação científica, prática profissional e compromisso social.

Fonte: Nota de Imprensa / Universidade de Évora
Fotos oficiais do emissário

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