No Diário do Sul e na Rádio Telefonia do Alentejo promovemos um ciclo de entrevistas a propósito das eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro.

Falámos com todos os candidatos à presidência da Câmara de Évora, sendo as entrevistas feitas pela ordem em que foram apresentadas as respetivas candidaturas.

Hoje temos Henrique Sim-Sim, candidato à Câmara de Évora, encabeçando a coligação AD – Évora tem mais futuro, que junta o PSD, o CDS-PP e o PPM.

Vive em Évora, cidade onde nasceu em 1973. É licenciado em Engenharia Zootécnica pela Universidade de Évora (UÉ), com especialização em Cooperação para o Desenvolvimento, além de possuir um mestrado em Relações Internacionais e Estudos Europeus.

Henrique Sim-Sim conta com mais de duas décadas de experiência no desenvolvimento territorial, tendo começado o seu percurso na associação “Terras Dentro”. Em 2006, integrou a Fundação Eugénio de Almeida, onde lidera a Área Social e de Assuntos Institucionais.

Entre 2015 e 2016, fez também parte da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social. É ainda presidente da Direção da Alentejo de Excelência.

Atualmente, é presidente da Comissão Política de Secção de Évora do PSD e vice-presidente da Comissão Política Distrital do mesmo partido.

Foi eleito pela primeira vez em 2017 para a Assembleia de Freguesia do Centro Histórico.

Nas autárquicas de 2021 foi candidato à presidência da Câmara de Évora pela coligação “Mudar com Confiança” (que juntou PSD/CDS-PP/MPT/PPM), tendo sido eleito vereador.

Porque é que se candidata à Câmara de Évora?

Há quatro anos que estou como vereador e, diariamente, estou a pensar a cidade, a lutar pela cidade, a denunciar algumas fragilidades e a apresentar propostas concretas. Conheço muito bem a cidade, os agentes e também alguns instrumentos de financiamento que podem efetivamente levar por diante um conjunto de investimentos de que a cidade precisa. Penso que tenho todas as condições para desenvolver um projeto vencedor e de futuro para a cidade. Évora precisa de desenvolver-se e precisamos de criar condições para aqueles que aqui estão serem felizes. Do meu ponto de vista, hoje em dia, o estado em que a cidade se encontra leva a que as pessoas estejam tristes. Évora era conhecida como a cidade “branca”. Este brio alentejano sempre esteve muito presente e hoje em dia isso não acontece. Sou muito sensível à vida do eborense comum, vivo cá desde sempre, trabalho cá há muitos anos. Conheço bem as freguesias rurais, a cidade histórica e os bairros. Para mim, é muito natural candidatar-me à presidência da Câmara de Évora, uma instituição que tenho vindo a conhecer cada vez melhor. Acredito que posso apresentar um projeto mobilizador e de futuro, que leve Évora para um outro patamar que os eborenses desejam.

Quais os principais desafios do Município de Évora?

Acho que o próximo mandato vai ser muito desafiante de uma forma geral. Desde logo, o estado em que a cidade se encontra. É desafiante a nível da limpeza ou do trânsito, mas também pelas condições das vias viárias ou das infraestruturas de água e das redes de saneamento, que são investimentos que têm de ser feitos e que são muito pesados.

Depois temos dois grandes projetos que são estruturantes para o nosso concelho que são a Capital Europeia da Cultura e o Hospital Central do Alentejo.

Mas desde logo o próximo presidente da Câmara de Évora vai ter de olhar para a própria câmara, que, neste momento, é uma instituição em que, infelizmente, sentimos que os funcionários estão muito desmotivados. Há uma desorganização, uma falta de liderança, os procedimentos estão antiquados, não há digitalização. Toda a parte do funcionamento da câmara vai precisar de um investimento muito grande.

A par disso, o parque de máquinas da câmara também está praticamente obsoleto, com avarias constantes.

Vários eborenses transmitem-me essa sensação de tristeza que já referi e há coisas que temos de fazer de imediato. Não podemos continuar a ter lixo e monos acumulados. Temos de ter uma cidade limpa, bonita e cuidada.

Vai ter que haver um trabalho muito grande de recuperação da cidade para voltar a dar essa autoestima aos eborenses, para que a partir daí se construa um futuro com mais sucesso e para que a cidade se torne mais atrativa, incluindo para os turistas, dos quais também já há queixas.

Depois há os desafios mais estruturantes, como a habitação ou o crescimento económico. Temos de atrair boas empresas para criar bons empregos para os nossos não saírem de cá.

A nível de desafios, há ainda a componente financeira, pois os dados que temos são muito preocupantes, já que a dívida está a voltar a crescer.

Embora seja um mandato muito desafiante, estou confiante no conhecimento que já tenho do município, dos instrumentos de financiamento e das equipas. Tem de haver um grande trabalho com as juntas de freguesias, que são parceiros inestimáveis e que também têm sido desconsiderados, bem como criar relações de parceria com outras instituições.

Quais os pilares estratégicos do programa desta candidatura?

Toda a componente que tem a ver com habitação é fundamental. Temos de criar habitação para os eborenses e para aqueles que procuram Évora para viver. Temos de acelerar a execução da Estratégia Local de Habitação e de desbloquear um conjunto muito vasto de projetos que estão anos e anos na secretária do Departamento de Obras, o que não se compreende.

É necessário ter uma grande digitalização e uma grande transparência daquilo que é toda a componente entre o promotor imobiliário e o nosso município. É ainda preciso criar novos lotes para auto construção.

A economia é outro pilar. Temos de ter novas empresas, empresas de ponta, ligadas à logística, ao setor aeroespacial, defesa e espaço e em todas as áreas que possamos atrair. Temos ainda a agricultura e tudo o que tem a ver com o agro-negócio.

Vamos ter o Hospital Central do Alentejo, com a Escola de Saúde ao lado. É preciso começar já a falar com as farmacêuticas, os laboratórios, com todo esse cluster ligado à área da saúde para que possam trabalhar aqui.

Temos um parque industrial que precisa de ser ampliado, um aeródromo que precisa de ser potenciado, reforçando o cluster aeronáutico. Retomar o Air Show é outra das propostas que já fizemos.

A videovigilância também é um dos nossos pilares. Em Évora, as forças de segurança têm menos 30 por cento dos efetivos que deveriam ter, por isso temos de ter instrumentos que facilitem aquilo que é a segurança da cidade. Podíamos aproveitar a Capital Europeia da Cultura para investir e arranjar financiamento para a sua implementação.

Temos tudo para fazer de Évora uma grande cidade. Temos de aproveitar todo o potencial que existe no concelho, mas, infelizmente, têm-se perdido demasiadas oportunidades. O que proponho fazer é criar um ciclo de desenvolvimento e de futuro.

Évora é Capital Europeia da Cultura em 2027. Que impacto pode ter este acontecimento no concelho e na região?

Conheço o projeto desde o ponto zero e sei bem o alcance que pode ter. O projeto terá muitas dificuldades em ser concretizado na sua plenitude, pois perdeu-se muito tempo em jogos de política. Mas esta nova Direção tem feito um trabalho extraordinário.

Já devíamos estar a notar mais o impacto de ser Capital Europeia da Cultura em 2027. Temos tido pouca promoção, temos de nos afirmar e já podíamos estar a beneficiar desta designação. A Entidade Regional de Turismo do Alentejo desenvolveu um plano de hospitalidade para preparar a cidade para acolher os visitantes. Temos de acelerar a execução desse plano que tem a ver com proteção civil, acolhimento na rua, estacionamento ou instalações sanitárias. É preciso falar com os ministérios e pedir ajuda porque este é um projeto de interesse nacional e europeu, por isso temos de trabalhar com todas as instituições que têm competências nas diferentes áreas.

Eu apresentei algumas propostas concretas à Associação Évora 27. Uma tem a ver com o antigo Hospital dos Canaviais, um edifício extraordinário que está semi-abandonado há muitos anos. Propomos que seja um equipamento de natureza cultural ligado à sua origem, que é a saúde mental. Cruzar estas duas dimensões e criar um grande centro de investigação e produção artística, mas também ligado à saúde mental de integração de pessoas, abrindo todo aquele espaço à comunidade e criando-se também uma nova centralidade naquele bairro.

Candidatos efetivos à Câmara Municipal de Évora pela AD – Henrique Sim-Sim, Patrícia Raposinho, António Carriço, Diogo Pestana Vasconcelos, Fernanda Barreiros, Telmo Marono e Pedro Giões

Cabeça de lista à Assembleia Municipal de Évora pela AD – Francisco Figueira

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

Entrevista publicada na edição imprensa do jornal Diário do Sul a 5 de setembro de 2025.

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