Um estudo conduzido pela World Weather Attribution (WWA), em parceria com a Cruz Vermelha, conclui que as condições meteorológicas quentes, secas e ventosas que alimentaram os incêndios de grande escala em Portugal e Espanha foram substancialmente amplificadas pelas alterações climáticas.

A análise, baseada em observações meteorológicas e em métricas de risco de incêndio, mostra que eventos que antes seriam extremamente raros passaram a ocorrer com muito maior frequência, tornando os grandes incêndios mais prováveis e mais intensos.

Neste verão tiveram grande impacto: Portugal perdeu mais de 260 mil hectares com os incêndios, cerca de 3% da superfície terrestre nacional e quase três vezes a média anual. Em Espanha, mais de 380 mil hectares foram queimados – quase cinco vezes a média anual. A área queimada na Península Ibérica representa cerca de dois terços da área total queimada na Europa, que ultrapassou um milhão de hectares em agosto pela primeira vez, desde o início dos registos, em 2006.

Além das perdas de património natural, os incêndios provocaram mortes, grandes fluxos de evacuação e efeitos de poluição atmosférica que atravessaram as fronteiras dos dois países.

Contudo, o aquecimento global não é causa única. O estudo sublinha fatores humanos e de gestão territorial que intensificam o risco: a migração de populações rurais para áreas urbanas ao longo das últimas décadas, o abandono agrícola e a acumulação de biomassa (que aumentam a quantidade de combustível disponível) e práticas de gestão insuficientes.

Os investigadores recomendam a necessidade urgente de implementar medidas preventivas estruturadas e de gestão do território local (gestão de combustível, pastoreio, queimadas controladas, limpeza mecânica) e políticas públicas ambiciosas de adaptação e mitigação das emissões (transição energética).

O estudo focou-se na região noroeste da Península Ibérica e utilizou, entre outras medidas, a Daily Severity Rating (DSR) – que integra temperatura, humidade, velocidade do vento e precipitação – para estimar a gravidade das condições de incêndio. Os resultados indicam que períodos de elevada severidade de incêndio e as próprias ondas de calor tornaram-se muito mais prováveis e significativamente mais quentes do que no clima pré-industrial, ampliando a janela temporal e a intensidade em que incêndios de grande porte podem ocorrer.

Durante os incêndios que afetaram Portugal, a Cruz Vermelha Portuguesa esteve no terreno a apoiar operacionais e populações afetadas, através da ativação de espaços de descanso e retaguarda para quem combate os incêndios, assistência às comunidades deslocadas e ações de apoio à recuperação.

Fonte: Nota de Imprensa / Cruz Vermelha Portuguesa

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