No Paço dos Henriques, Alcáçovas, está aberta ao público uma nova exposição sobre a Arte Chocalheira, Alcáçovas: Património com Som. Assinala os dez anos de reconhecimento da Unesco como Património da Humanidade e debruça-se especialmente sobre os mestres chocalheiros.

A exposição comemorativa da internacionalização da Arte Chocalheira debruça-se especialmente sobre a vida e a obra dos mestres chocalheiros dos séculos XX e XXI, entre os quais a primeira mulher a praticar a Arte. Habitualmente as mulheres desempenhavam na Arte Chocalheira.

A história de vida da Mestre Francisca Alice Maia conjuga-se com a do seu marido Mestre José Luís Maia (Pardalinho) e com as do já desaparecidos Mestres Gregório Sim Sim e Joaquim Vidazinha Sim Sim. As gerações de famílias que caracterizam a Arte Chocalheira estão retratadas nos Mestres Francisco Morita Sim Sim e Franklim Sim Sim (já falecidos) e o seu continuador Mestre Rodrigo Sim Sim. Mestre Rui Picavéu que tem oficina em Viana do Alentejo, faz parte da nova geração de Mestres Chocalheiros formados com o reconhecimento internacional da Arte Chocalheira pela Unesco.

A Arte Chocalheira inclui a produção e afinação de esquilas, esquilões, Campainhas, campainhas de dois toques (especialmente destinadas a burros), guizos, guisadas com 18 ou 24 guizos usados pelas vacas na condução de touros) e entre outras sinetas (usadas nas igrejas, em portões e similares).

A exposição, patente no piso superior, para além de retratar os mestres chocalheiros e fundidores campanis de Alcáçovas, no passado e no presente, apresentando a sua biografia, inclui peças e ferramentas de trabalho.

Recorde-se que em 2015, o fabrico de chocalhos foi classificado como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente, pela Unesco, numa candidatura de âmbito nacional, coordenada pelo antropólogo Paulo Lima e liderada pela Turismo do Alentejo e Ribatejo, em colaboração com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas.

A Arte Chocalheira compreende a produção e afinação singular, contribuindo para o desenvolvimento local e para a dinamização turística da região. Esta arte constitui uma marca identitária não apenas de Alcáçovas, mas da região.

A exposição, com curadoria dos serviços do Paço dos Henriques; teve a participação da Santa Casa da Misericórdia de Alcáçovas, Dra. Fátima Farrica; Chocalhos Pardalinho (Mestres José Maia, Guilherme Maia e Francisco Cardoso); filhas do Mestre Joaquim Vidazinha Sim Sim – Marisa e Quinita Sim Sim; filho do Mestre João Chibeles Penetra – António Rodrigo Penetra; Mestre Rodrigo Sim Sim; Mestre Rui Picavéu; com fotografia da autoria de Pedro Carvalho. A exposição vai estar patente ao público até dia 28 de junho de 2026, de acordo com o horário de funcionamento do Paço dos Henriques.

Texto e Fotos: Associação “Os Amigos das Alcáçovas

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