O antigo ministro da Educação, Eduardo Marçal Grilo, recebeu o grau de Doutor Honoris Causa, atribuído pela Universidade de Évora (UÉ), numa sessão que decorreu no dia 19 de fevereiro, na Sala de Atos do Colégio do Espírito Santo.
A cerimónia contou com a presença do homenageado e da reitora da UÉ, Hermínia Vasconcelos Vilar, bem como de diversas personalidades da região e do país, nomeadamente o antigo Presidente da República, Ramalho Eanes.

Quantos aos discursos laudatórios, foram proferidos por Maria de Fátima Nunes, professora do Departamento de História da UÉ, e por Júlio Pedrosa, professor universitário jubilado e também antigo ministro da Educação.
Marçal Grilo, que nasceu em Castelo Branco, em 1942, ocupou diferentes cargos a nível nacional durante o seu percurso profissional, destacando-se o facto de ter sido ministro da Educação entre 28 de outubro de 1995 e 25 de outubro de 1999.
No final da cerimónia, a reitora da UÉ justificou aos jornalistas a atribuição deste título honorífico a Marçal Grilo, referindo que “é uma personagem marcante no nosso período do pós 25 de Abril, nomeadamente ligado à área da educação”.

Hermínia Vasconcelos Vilar acrescentou que “é também um exemplo de um cidadão interventivo, ativo, com sentido de responsabilidade e que nunca deixou de intervir e de nos ‘premiar’ com as suas reflexões”.
A par disso, evidenciou que “é uma pessoa realmente marcante na educação e que fez da educação sempre o centro da sua atenção, como se viu no seu discurso aqui”.
A reitora reforçou que “a educação continua a estar no centro da sua reflexão”, considerando que “nunca é demais referir que a educação é hoje, como sempre foi e penso que continuará a ser, um elemento estrutural para o desenvolvimento de um país, não só porque obviamente nos permite capacitar os nossos jovens e os menos jovens, mas porque sem educação não é possível assegurar o desenvolvimento económico e social do país”.
Na sua opinião, “o professor Marçal Grilo é um exemplo de percurso e de cidadão e foi isso que a UÉ quis também reconhecer no ano em que faz 50 anos em que ocorreu a primeira aula, ainda no Instituto Universitário de Évora”, recordando que “foi criado pela reforma de Veiga Simão, em 1973, mas na verdade só teve a primeira aula em 1975”.

Também em declarações à comunicação social, Eduardo Marçal Grilo admitiu que “é uma honra enorme e um grande privilégio ser membro de um conselho doutoral como este na UÉ, pela qual tenho uma grande admiração”, confessando que “estou muito reconhecido à universidade”.
O homenageado sublinhou que “acompanho a UÉ desde a sua reinstalação em 1973, e depois em 1979 como universidade, portanto para mim é uma honra estar numa instituição que é a segunda universidade mais antiga do país”.

Constatou que “é muito prestigiada e tem um passado histórico forte”, lembrando que “ela deve-se obviamente à intervenção do professor Veiga Simão, mas esta instituição é herdeira da universidade dos Jesuítas e que o D. José encerrou por opção do Marquês de Pombal”.
Reiterou ainda que “estou disponível para participar com a universidade naquilo que entenderem”, assumindo que, “enquanto a minha cabeça funcionar e eu tiver força, terei todo o gosto em participar em muitas iniciativas da UÉ”.

Embora já esteja em Lisboa há muitos anos, Marçal Grilo é natural de Castelo de Branco, focando que “tenho grande preocupação pelo interior do país e acho que as universidades e os institutos politécnicos que estão no interior do país têm uma responsabilidade grande”.
Na sua perspetiva, “são instituições que têm uma inserção regional muito grande, mas não quer dizer que sejam instituições regionais” e deu como exemplo que “a UÉ não é uma universidade regional, é uma universidade à escala nacional”.

A esse nível, o antigo ministro da Educação avançou que “têm muitas responsabilidades a nível regional”, comentando que “o interior é muito rico, embora esteja muito abandonado, pelo que precisa de conhecimento, de gente qualificada e de emprego qualificado, mas precisa também de combinar aquilo que são tradições com aquilo que são os fatores da modernização do país”.
Concluiu que “as universidades são um pouco centros onde é possível pensar e refletir e conseguem combinar ciências humanas e ciências das engenharias, das matemáticas e das físicas”, exemplificando que “os cursos de engenharia devem ter Filosofia, Sociologia ou Teatro, tudo o que seja relacionado com as ciências humanas”.
Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal