O antigo presidente da câmara Abílio Dias Fernandes foi homenageado, no dia 25 de novembro, na cerimónia comemorativa dos 38 anos da classificação de Évora como Património Mundial.
O Palácio D. Manuel foi “palco” da entrega da Medalha de Ouro da Cidade de Évora ao ex-autarca, que presidiu a este município entre 1977 e 2002.
O evento contou também com uma sessão comemorativa, que teve como oradores Jorge Carvalho, professor e investigador na Universidade de Aveiro, e José Moraes de Cabral, embaixador e presidente da Comissão Nacional da UNESCO, terminando com a intervenção do presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá. Houve ainda um momento cultural, protagonizado pelo Quarteto de Cordas da Orquestra Sinfonietta de Lisboa e pelo grupo Cantares de Évora.
De realçar que este programa de comemorações também assinalou os dez anos do Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade.
No final da cerimónia, Abílio Fernandes, nascido em Moçambique, a 22 de fevereiro de 1938, mostrou-se emocionado com a medalha recebida.
“Esta homenagem é acima de tudo uma recordação dos bons tempos do 25 de Abril”, disse aos jornalistas.
Recordou que “esse é um momento que nós nunca nos podemos esquecer”, sublinhando que “o 25 de Abril trouxe a liberdade e essa liberdade foi riquíssima em todo o país, e nós, naturalmente, cá em Évora também tivemos essa felicidade”.
Abílio Fernandes destacou que “fizemos muita coisa, toda a gente participava e colaborava porque o espírito e a vida política nacional era de abertura, de franqueza e de estímulo a todas as pessoas”.
Por sua vez, Carlos Pinto de Sá justificou o porquê da atribuição da Medalha de Ouro da Cidade de Évora ao antigo autarca.
“Esta foi uma época única para o nosso país e também para Évora”, lembrou, apontando que “houve um período de transformação que nunca houve na nossa história do ponto de vista social, em que as classes trabalhadoras profundamente desprezadas e que viviam miseravelmente tiveram possibilidade de ganhar um estatuto e passar a ter uma vida digna”.
O edil evidenciou que “para isso houve necessidade de construir tudo aquilo que não havia, as necessidades básicas não eram satisfeitas e esse foi o trabalho que foi feito, como o dr. Abílio disse, e bem, esse foi um trabalho coletivo”.
Relembrou que, “do ponto de vista da câmara municipal, esse foi um trabalho que teve a coordenação do dr. Abílio, havendo também uma ampla participação popular nessa altura”.
De acordo com Pinto de Sá, “é um período da vida de Évora e do país que aqui simbolizamos na pessoa incontornável do dr. Abílio Fernandes”.
Segundo a informação divulgada pelo Município de Évora, Abílio Fernandes é casado e pai de cinco filhos, sendo licenciado em Finanças, pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa.
A nível político, fez parte do antigo MDP/CDE, ingressando no Partido Comunista Português, em 1976. Foi também nesse ano que foi eleito presidente da Câmara de Évora, pela FEPU – Frente eleitoral Povo Unido. Assumiu a presidência deste município durante 25 anos, mais concretamente entre 3 de janeiro de 1977 e 13 de janeiro de 2002.
De mencionar ainda que foi deputado comunista à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Évora, entre 2005 e 2007.
Na notícia sobre esta homenagem, são salientadas algumas das conquistas de Abílio Fernandes enquanto presidente da Câmara de Évora, nomeadamente “a elaboração e aprovação do primeiro Plano Diretor Municipal (PDM) em Portugal, a execução do icónico Bairro da Malagueira e a classificação, em 1986, do centro histórico de Évora como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO”.
Texto e fotos: Redação DS / Marina Pardal