“Mário Soares. Campanhas a Sul”. É este o nome da exposição que o CIDEHUS – Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS.UÉ) apresenta na academia alentejana, até 3 de novembro.

Inaugurada a 3 de outubro, esta mostra está patente no Corredor da Sala das Bellas Artes do Colégio do Espírito Santo e integra-se na comemoração do 100.º aniversário do nascimento de Mário Soares.

“As campanhas eleitorais, por constituírem momentos de particular proximidade entre eleitores e candidatos, são um dos traços mais marcantes das democracias”.

Esta é uma das frases que se pode ler no catálogo da exposição, que cita Fernando Gameiro, investigador do CIDEHUS.UÉ e curador desta mostra.

Destacou ainda que, “no alvorecer da nossa democracia, os trilhos que conduziam aos eleitores foram desbravados pelos protagonistas da política nacional de então”, lembrando que “foi assim que o Alentejo, embora periférico em termos geográficos e políticos, recebeu não só as caravanas partidárias dirigidas a eleições legislativas, mas também os candidatos presidenciais”, por exemplo.

O mesmo investigador realçou que “a imprensa regional coeva registou os principais acontecimentos desta natureza, razão pela qual permanece essencial na preservação da memória de natureza política”, considerando que “a sua importância enquanto fonte histórica, numa altura crítica para a sobrevivência da comunicação social impressa, é realçada nesta mostra”.

Em declarações ao Diário do Sul, Fernando Gameiro sublinhou que, “do ponto de vista cronológico, recuperámos os principais marcos, nomeadamente as eleições para a Assembleia Constituinte, os primeiros resultados eleitorais onde o Partido Socialista (PS) se envolveu ativamente, tal como a generalidade das forças partidárias”.

Acrescentou que “evoluímos pelas principais eleições legislativas e analisámos o protagonismo político-partidário do dr. Mário Soares enquanto ligado ao PS” e reiterou que “depois passámos para a dimensão presidencial do dr. Mário Soares, remetendo para as duas campanhas eleitorais”.

O curador frisou que “esta iniciativa tem também uma dimensão pedagógica, uma vez que é uma exposição itinerante e vai estar presente em várias escolas secundárias”, especificando que, “para além de termos o catálogo eletrónico, há diversas ligações através de QR Code para conteúdos externos, pelo que a exposição é relativamente minimalista, mas depois remete os conteúdos para o mundo digital”.

Revelou que “estamos a preparar a produção de guiões que depois serão utilizados pelos colegas nas escolas, no sentido de poderem fazer a exploração curricular ou do ponto de vista da formação cívica dos alunos tendo por base estes conteúdos”.

Por sua vez, Fernanda Olival, diretora do CIDEHUS.UÉ, reforçou que “a exposição surgiu porque a Fundação Mário Soares lançou esse repto em dezembro do ano passado, o qual acolhemos por várias razões”.

Especificou que, “por um lado, estamos a investir em aumentar o conhecimento científico sobre o século XX porque para a maior parte dos docentes universitários e das pessoas que se formaram sensivelmente até aos inícios dos anos 90, normalmente, os programas académicos acabavam na Primeira Guerra Mundial nos cursos de História, portanto há um défice de conhecimento sobre o século XX”.

De acordo com a mesma responsável, “por outro lado, também há muito interesse da parte da sociedade sobre este mesmo período”, focando que, “no nosso caso, nós estamos interessados em aumentar esse conhecimento e em melhorar os arquivos históricos”.

Nesse âmbito, anunciou que “temos o projeto ‘Sharing Memories, Voices of Community’, que recolhe documentação ou fotografias que as pessoas têm em casa, mas também testemunhos, e temos incidido em três grandes polos, a guerra colonial, a memória dos liceus e escolas industriais do sul do país e a transformação dos papéis femininos nos meios rurais do Alentejo”.

Segundo Fernanda Olival, “o 25 de Abril também nos interessa como espaço de investigação porque uma revolução não acontece com frequência e é muito transformadora”, constatando que “se nos interessa o homem comum, também nos interessam os grandes protagonistas da mudança”.

Referiu que “aproveitámos o repto de lembrar alguma coisa sobre esta figura que contribuiu para a construção da democracia e foi nesse sentido que se pensou esta exposição, pegando em trabalho de recolha, centrada na imprensa periódica”.

Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal

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