Passavam poucos minutos das 21h30, do dia 9 de agosto, quando se iniciou o percurso dos “Caminhos do Medo”, um projeto da ExQuorum, integrado na iniciativa “Verão em Évora”.

Guiado pela Bruxa d’Évora, o público percorreu algumas ruas da cidade menos centrais, ouvindo lendas e cantigas que vão passando de geração em geração. Este espetáculo-percurso permitiu aos participantes conhecerem histórias que povoam o imaginário popular das gentes deste território.

Nesta noite quente de agosto, a “viagem” teve como ponto de partida a Igreja dos Meninos da Graça, seguindo até ao Largo da Misericórdia, com passagem pela Rua do Cenáculo e terminando no Largo Dr. Mário Chicó, junto à Sé.

Em declarações ao Diário do Sul, Hugo Coelho, diretor da ExQuorum, explicou que “o projeto ‘Caminhos do Medo’ conta várias histórias, entre elas a da Bruxa d’Évora e outras relacionadas com o lado menos histórico, aquele que oficialmente é menos estudado”.

Recordou que “há uns anos fizemos um outro projeto, chamado ‘Arrepios: a ansiedade que antecede o grito’ e andámos a fazer leituras de outras recolhas que já existiam sobre o tema do medo”.

O mesmo responsável acrescentou que “também fomos a alguns lares de idosos recolher ditos, cantigas e histórias semiestudadas, como a Bruxa d’Évora, que entretanto já está bastante reconhecida atualmente”.

Explicou ainda que, mais tarde, “pensámos em olhar novamente para o projeto dos ‘Arrepios’ e fazer o outro lado”, destacando que “algumas histórias estão assentes no património, essencialmente, imaterial de Évora” e reforçou que “outros contos foram recolhidos em alguns lares de idosos, como é o caso da cantiga dos olhos”.

De acordo com o diretor da ExQuorum, “temos um outro espetáculo que se chama ‘De Eborae Inquisitione’, que trata sobre histórias relacionadas com a Inquisição”.

Realçou ainda que “ambos os espetáculos foram estreados no Artes à Rua, mas em anos distintos”, reiterando que “o ‘De Eborae Inquisitione’ estreou em 2017 e o ‘Caminhos do Medo’ em 2018”.

Segundo Hugo Coelho, “o ‘Eborae’ está muito ligado à Inquisição e inicia na Praça 1.º de Maio, sobe até à Praça do Giraldo, Rua 5 de Outubro e termina junto às traseiras da Sé, percorrendo um percurso que é feito habitualmente pelos turistas”.

Neste caso, “pensámos fazer um percurso contrário e passar por ruelas mais escuras e menos centrais”, focou, exemplificando que, “para os mais velhos, a Rua do Cenáculo tem uma determinada fama”.

Depois de ter estreado em 2018 e de ter tido umas quantas sessões nesse ano, o “Caminhos do Medo” só voltou a sair à rua no passado dia 9 de agosto. “Desde essa altura que não havia nenhuma reposição”, adiantou o mesmo responsável, garantindo que “a nossa intenção era dar-lhe continuidade, mas depois com a Covid acabou por não acontecer”.

Para já, não há mais nenhum espetáculo agendado, mas Hugo Coelho referiu que “quer do ‘Caminhos do Medo’, quer do ‘De Eborae Inquisitione’, temos o objetivo de retomar as apresentações e fazê-las de forma continuada, inclusive numa vertente turística”, constatando que “é necessário ver como é que conseguimos viabilizar os projetos”.

Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal

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