São já 149 anos que marcam o percurso do Comando Distrital da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Évora. A data foi comemorada no dia 1 de agosto com uma cerimónia realizada no anfiteatro do Colégio Espírito Santo, da Universidade de Évora.

A sessão contou com as intervenções do comandante distrital da PSP de Évora, superintendente Joaquim Simão; do presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá; do diretor nacional da PSP, superintendente Luís Carrilho; e do secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia.

Marcaram também presença representantes de várias entidades da região, que assistiram ainda a uma intervenção do professor Eurico Dias sobre os quadrilheiros (precursores da PSP) e à imposição de condecorações e recompensas.

O baixo índice de criminalidade registado na área de intervenção do Comando Distrital da PSP de Évora, o papel que tem as parcerias e a importância da utilização de câmaras de videovigilância foram alguns dos temas evidenciados durante a iniciativa.

Em declarações aos jornalistas, o superintendente Joaquim Simão adiantou que, “neste comando, em termos de criminalidade, não há propriamente uma evolução que nos possa causar uma preocupação”, explicando que “aquilo que se passa na nossa área de atuação, seja em Évora, seja em Estremoz, tem muito a ver com comportamentos desajustados a nível da sociedade”.

O comandante distrital da PSP de Évora acrescentou que “tem a ver certamente com minorias étnicas, cuja cultura e vivência são diferentes do resto da sociedade e, muitas das vezes, alguns dos problemas surgem daí”.

No entanto, ressalvou que “é óbvio que há também alguma pequena criminalidade, mas nem sempre é essa criminalidade que causa o sentimento de insegurança”, reiterando que, “às vezes, são mais esses comportamentos desajustados, em que as pessoas efetivamente não estão preparadas para lidar com isso e dirigem-se às instituições, seja às autarquias ou à Polícia, por exemplo, para tentarmos de alguma forma melhorar o bem-estar dessas pessoas e o sentimento de segurança”.

Na sua opinião, “as parcerias e o trabalho de equipa com as outras instituições é fundamental, não só a nível da recolha da informação, mas depois em termos de planeamento do dia-a-dia da nossa área de responsabilidade”.

O comandante reforçou que “temos um índice de criminalidade baixo”, revelando que “os crimes que mais têm subido ultimamente são os crimes através da internet e aí não conseguimos ter uma ação tão direta em termos de prevenção, mas podemos apostar na sensibilização”.

Quanto a uma possível utilização do sistema de câmaras de videovigilância, Joaquim Simão considerou que “é um mais um instrumento que vem completar outros que a PSP dispõe”.

Especificou que “ao termos as câmaras na via pública estão depois ligadas a uma central que nos permite ter uma visão muito mais geral do que se passa em toda essa área em que as câmaras estão instaladas”.

Para o comandante distrital, “quando acontece algo, isso permite que a pessoa que está a controlar as imagens tenha uma comunicação para o exterior e dirija os meios que estão no terreno de forma muito rápida e objetiva”, garantindo que “não é para substituir polícias na rua, mas sim para complementar o nosso trabalho”.

A este respeito, o presidente da Câmara de Évora referiu que “a PSP entregou-nos um estudo para a possibilidade de colocar a videovigilância”, afirmando que, “neste momento, estamos a fazer uma avaliação orçamental da videovigilância e depois a câmara fará uma avaliação também, tendo em conta, quer a proposta da PSP, quer os custos orçamentais associados”.

De acordo com Carlos Pinto de Sá, esse estudo “está apenas apontado para uma parte do centro histórico de Évora”, evidenciando que “a minha preocupação com a videovigilância é a nível da eficácia e, sobretudo, que não seja pretexto para que se retire polícia da rua”.

Na sua perspetiva, “também tem aspetos negativos”, comentando que “um dos que me preocupa é que filmar cidadãos no espaço público pode pôr em causa o direito à sua liberdade, mesmo havendo regras para salvaguardar essas questões”.

Não obstante, o autarca reconheceu que “pode ser um instrumento”, lembrando que é preciso aferir se “é eficaz e se valerá a pena fazer o investimento”.

O evento comemorativo dos 149 anos do Comando Distrital da PSP de Évora ficou também marcado pela presença do secretário de Estado da Administração Interna. Para Telmo Correia, “é muito importante esta ligação entre o Ministério e a PSP e o nosso apoio inquestionável, do Governo, do poder político àquilo que é o trabalho da PSP em cada um dos seus comandos”.

Em conversa com os jornalistas, recordou que, “apesar de vários problemas, pois todos os países e cidades têm problemas de segurança, Portugal é globalmente um país seguro e isso é muito importante para os portugueses”, reiterando que, “neste caso para as pessoas que vivem em Évora e para aqueles que escolhem Évora para estudar ou para visitar como turistas”.

Segundo o governante, “devemos isso em larga medida ao esforço, ao brio e à dedicação que têm as forças e os serviços de segurança, muitas vezes com meios que não são aqueles que nós gostaríamos de ter e que queremos que existam no futuro”.

Sublinhou também que “Évora é um dos distritos e uma das cidades mais seguras do país, num dos países mais seguros do mundo”, apontando que “temos de ter, e a PSP está a trabalhar nesse sentido, e nós também, uma resposta adequada a cada uma das realidades”.

Telmo Correia sustentou ainda que “Évora também tem os seus problemas, uns têm a ver com a dimensão turística da cidade e também com a vivência universitária, mas isso só por si não quer dizer que leve ao aumento da criminalidade, mas tem de ter uma resposta específica”.

A esse nível, frisou que “a situação de acumulação de pessoas potencia sempre que quem queira cometer crimes se junte onde há mais movimentações”.

O secretário de Estado deu ainda conta de “fenómenos que são uma preocupação nacional, como a violência doméstica ou o renascimento do tráfico e consumo de droga no país”, comentando que “tem a ver com fatores internacionais, como a direção do tráfico para o sul da Europa”.

A par disso, focou que “os imigrantes são necessários e bem-vindos ao país” e afiançou que “a estatística não nos demonstra que haja uma ligação direta entre imigração e criminalidade, mas é evidente que, muitas vezes, a existência de imigração ou a concentração de pessoas de determinadas comunidades têm de ter uma atenção específica porque podem gerar desde logo um sentimento de insegurança por estranheza, mas também para combater as redes de tráfico e de exploração de pessoas”.

Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal

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