Como já é habitual, no mês de junho os Tapetes de Arraiolos “saíram à rua” com o objetivo de promover a valorização e salvaguarda deste património que remonta, pelo menos, ao século XVI.

Entre quinta e segunda-feira, esta vila alentejana acolheu mais uma edição do evento “O Tapete está na Rua”, organizado pelo município local. Ao longo destes dias, o centro histórico foi “povoado” por diversas bordadeiras a coser, ao mesmo tempo que foi possível apreciar a recriação histórica do Tapete de Arraiolos.

Para além disso, decorreram diversas iniciativas, nomeadamente exposições, espetáculos musicais, animação de rua, colóquios, feira do livro e uma mostra de produtos regionais e de artesanato, contribuindo o certame para a dinamização da economia do concelho.

Em declarações aos jornalistas, Sílvia Pinto, presidente da Câmara de Arraiolos, recordou que apesar das muitas atividades que decorreram durante estes dias, o grande destaque é “sempre o Tapete de Arraiolos”, considerando que “há que conhecer mais da nossa história”.

Reforçou que “o Tapete de Arraiolos é o ‘rei’ desta iniciativa e é por causa dele que a fazemos, nomeadamente para a sua valorização e salvaguarda”, destacando que “aliámos esta edição à comemoração dos 50 anos do 25 de Abril”.

Na sua opinião, “tudo o que tivemos ao longo do evento foi uma mais-valia para trazer muitas pessoas até cá, que puderam vivenciar todas as experiências que tivemos aqui preparadas”.

A questão da salvaguarda e valorização do Tapete de Arraiolos continua a ser motivo de destaque, lamentando a autarca que “não temos novidades nesta matéria”.

Sílvia Pinto adiantou que “assinei na quinta-feira um ofício para o senhor primeiro-ministro para que olhe para o nosso tapete e para as nossas bordadeiras, pois é preciso dar atenção às suas questões laborais para que possamos ter Tapete de Arraiolos daqui a muitos séculos”.

Não obstante, têm sido várias as formas de promover o Tapete de Arraiolos, inclusive através de novos produtos criados a partir deste bordado. Exemplos disso são os ímanes, presépios, cestos para o pão ou outros objetos utilitários. Sílvia Pinto focou que, “obviamente, que nem todas as pessoas podem comprar um tapete e com essas pequenas lembranças levam um bocadinho de Arraiolos com elas”.

A autarca realçou que “para isso também é preciso saber fazer o ponto de Arraiolos”. Lembrou ainda que “vamos levando este património para as escolas para que as nossas crianças o conheçam, para que esta identidade não se perca e para que sintam orgulho no nosso património”, alertando, contudo, que “isso não é suficiente”.

Mas afinal o que é que falta para que se chegue à tão esperada certificação do Tapete de Arraiolos? Segundo a presidente do município, “falta a aplicação da lei de 2002”, afirmando que “estamos dispostos a ver com as entidades governamentais como é que podemos implementar o Centro para a Promoção e Valorização do Tapete de Arraiolos”.

Sublinhou que “aceitamos que seja necessário fazer alguns ajustes ao que estava previsto inicialmente, mas é urgente avançar com essa situação para fazermos uma certificação do Tapete de Arraiolos”, considerando que “tem faltado vontade política” nesta matéria.

Pode ver a reportagem vídeo no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=BE9ytaosDdg&t=40s

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

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