O artista plástico Ai Weiwei recebeu o grau de Doutor Honoris Causa atribuído pela Universidade de Évora (UÉ), numa sessão que decorreu, na passada quarta-feira, na Sala de Atos do Colégio do Espírito Santo.

A cerimónia contou com a presença do homenageado e da reitora da UÉ, Hermínia Vasconcelos Vilar, bem como de Paul Dujardin, historiador de arte e diretor-geral do BOZAR em Bruxelas, entre 2002 e 2021, que teve a seu cargo o discurso laudatório, além de ser o patrono da distinção.

Em nota de imprensa, a academia alentejana especificou que “Ai Weiwei nasceu em Pequim (China), em 1957, mas está atualmente a residir em Portugal, mais concretamente no concelho de Montemor-o-Novo”.

Justifica a outorga por o homenageado ser “uma das figuras culturais mais destacada da sua geração e um símbolo da liberdade de expressão, tanto na China, como internacionalmente”.

A UÉ salientou ainda que, “para além de artista, é um pensador e ativista”, destacando que “a sua prática artística aborda questões prementes como a sustentabilidade, os direitos humanos e o fenómeno global da migração”.

Acrescentou que Ai Weiwei “lidera uma prática diversificada e prolífica que abrange instalação escultórica, cinema, fotografia, cerâmica, pintura, escrita e redes sociais”, considerando-o “um artista conceptual que funde o artesanato tradicional e a sua herança chinesa”.

A mesma fonte realçou que o artista “move-se livremente entre uma variedade de linguagens formais para refletir sobre a condição geopolítica e sociopolítica contemporânea”.

A par disso, focou que “o trabalho e a vida de Ai Weiwei interagem regularmente e informam-se mutuamente, muitas vezes estendendo-se ao seu ativismo e defesa dos direitos humanos internacionais”.

Em declarações aos jornalistas, Hermínia Vasconcelos Vilar explicou que “este Honoris Causa foi aprovado em 2021, pela Secção Científica do Senado, ainda durante o mandato da professora Ana Costa Freitas, mas por várias circunstâncias não pôde ser realizado”.

A reitora da UÉ especificou que “quando eu assumi o mandato foi obviamente uma das questões que me foi passada e eu disse que íamos continuar com esse compromisso”.

Quanto aos motivos para este reconhecimento, adiantou que, “por um lado, ele surge muito ligado à importância que as Artes têm na UÉ, que é um elemento central da nossa identidade enquanto instituição universitária”.

Por outro lado, Hermínia Vasconcelos Vilar admitiu que “homenagear um artista com um reconhecimento internacional, como é o caso do Ai Weiwei, fazia todo o sentido”.

A par disso, evidenciou que “o facto dele ter escolhido o Alentejo para se instalar e para fazer um investimento enorme, como o que ele está a fazer na zona de Montemor-o-Novo, também é digno de realce, tanto mais num país em que, muitas vezes, trazer população para o interior não é fácil”.

A reitora da UÉ reforçou que “por todas estas razões justifica-se a atribuição do grau de Doutor Honoris Causa a Ai Weiwei”, recordando que “a UÉ é um protagonista da região e esse reconhecimento é também um sinal de que nós, enquanto instituição, damos importância a esta obra e a este percurso, procurando também contribuir para a continuação do reconhecimento dessa importância a nível internacional”.

Também em declarações à comunicação social, Ai Weiwei confessou que “este momento significa muito”, realçando que “significa que fui aceite pelas pessoas do mundo académico no Alentejo”.

Para o artista plástico, “este reconhecimento é de uma enorme generosidade”, afirmando que “estou muito feliz”.

A residir em Portugal há quatro anos, Ai Weiwei salientou que “é um território com muita qualidade de vida, com bom clima e onde as pessoas são amigáveis”.

Em jeito de mensagem para os estudantes, comentou que “é um privilégio estar em Portugal”, ao mesmo tempo que realçou a importância de “saírem para ver o mundo, que está em mudança”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

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