São Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, voltou a ser o “palco” da Festa Ibérica da Olaria e do Barro, entre 22 e 25 de maio.
Durante o certame, 48 olarias e ceramistas de Portugal e de Espanha apresentaram as suas peças, umas com um perfil mais tradicional, outras que primaram pela inovação.

A par disso, o evento contou com demonstrações ao vivo de olaria, jornadas técnicas e uma programação cultural, em que a aposta mais forte foi para a música ao longo destes quatro dias.
Promover a olaria e o seu valor artesanal e artístico são objetivos deste evento anual, que visa ainda debater estratégias para o desenvolvimento económico e profissional desta arte.

Recorde-se que esta festa é organizada em anos alternados em São Pedro do Corval e em Salvatierra de los Barros (Espanha). A 29.ª edição foi promovida pela Câmara de Reguengos de Monsaraz, pelo Ayuntamiento de Salvatierra de Los Barros e pela Junta de Freguesia de Corval.
Em declarações aos jornalistas, Marta Prates, presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, definiu este evento como “uma grande festa, sobretudo de valorização da olaria e do barro e também de grande afirmação daquilo que é uma arte secular, a arte oleira”.

Destacou que esta “é uma festa ibérica de celebração daquilo que é a identidade de São Pedro do Corval e de Salvatierra de los Barros, dois territórios onde a olaria é um fator muito importante para a economia local”.
A autarca evidenciou ainda que “não é só o fator económico que nos interessa, mas também aquilo que nós somos enquanto povo”.

Exemplificou que “em São Pedro do Corval temos mais de 20 olarias em funções, sendo que no evento participaram 16 delas”, especificando que “tivemos ainda seis expositores de Salvatierra de los Barros, além de olarias de diferentes pontos de Portugal e também de Espanha”.
A presidente do Município de Reguengos de Monsaraz resumiu que “é uma festa que teve a celebração da olaria, a valorização da nossa identidade, a música, a gastronomia e muito convívio entre as pessoas”.

Relativamente à arte oleira em São Pedro do Corval, evidenciou que “ficamos muito felizes com haver jovens que querem seguir as ‘pisadas’ das suas famílias”, constatando que, “se não olharmos para o futuro, essa arte perde-se”.
Marta Prates reforçou que “a arte oleira em São Pedro do Corval não está em perigo e isso é extremamente importante porque as nossas tradições, a nossa cultura e a nossa identidade não podem ficar em causa”.
Primeiros “passos” para uma possível candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade
Durante esta edição da Festa Ibérica da Olaria e do Barro, a presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz anunciou também alguns dos projetos que estão a ser desenvolvidos para dar continuidade à olaria neste território.
Uma possível candidatura da arte oleira de São Pedro do Corval a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO foi uma das revelações feitas no evento.

“Da parte do município, temos neste momento a trabalhar connosco o responsável pela classificação do Produção de Figurado em Barro de Estremoz a Património Cultural Imaterial da Humanidade”, realçou Marta Prates.
Revelou que “já visitou todas as nossas olarias, tirou fotografias e entrevistou os oleiros porque aquilo que pretendemos neste momento é poder inscrever a nossa olaria no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial”.

Sublinhou que “esse é um primeiro passo para depois podermos sonhar com uma classificação da olaria de São Pedro do Corval a Património Cultural Imaterial pela UNESCO”, garantindo que “estamos a trabalhar afincadamente nesse processo, que é moroso”.
Outro projeto para a sua valorização, que já está aprovado, “é a revitalização da Casa do Barro, transformando esse espaço num centro interpretativo mais moderno, mais interativo e mais imersivo para as pessoas terem uma perceção diferente do que é esta arte”, concluiu a autarca.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS