A Universidade Popular Túlio Espanca (UPTE) da Universidade de Évora (UÉ) juntou cerca de 400 pessoas para assinalar o dia desta instituição. A cerimónia decorreu no dia 7 de maio, no auditório da UÉ, no Colégio do Espírito Santo.
“É um encontro anual de todas as pessoas que fazem o projeto acontecer”. Foi assim que Lurdes Pratas Nico, membro da equipa da UPTE, definiu o evento, em conversa com o Diário do Sul (DS).
A esse respeito, José Bravo Nico, diretor da UPTE, acrescentou que “o nosso aniversário é em dezembro, mas celebramos sempre o nosso dia em maio ou junho de cada ano, coincidindo com o final do ano letivo e com a altura em que estão a terminar as atividades”.

Acrescentou que, “durante a manhã, foi a parte mais teórica com a intervenção de João Palmeiro, que coordenou uma equipa que esteve no terreno na rede de polos da UPTE, a propósito dos 50 anos do 25 de Abril, a fazer uma recolha de testemunhos de pessoas que viveram nessa época”, salientando que, neste evento, “a equipa desse trabalho entregou, formalmente, à UÉ o repositório desses testemunhos”.
Segundo Bravo Nico, “decorreu ainda uma aula magistral do professor Jorge Araújo, que foi a pessoa que esteve na génese da UPTE, em 2009, tendo essa apresentação como tema ‘Tudo tem a ver com tudo’”.
Focou que, da parte da tarde, “foi o momento cultural, em que cada polo apresentou o seu contributo”, constatando que, ao longo do dia, “tivemos a presença de quase todos os polos, num total de cerca de 400 pessoas”.

De acordo com Lurdes Pratas Nico, “houve diferentes atividades para representar a diversidade desta escola”, destacando que “vimos aqui uma amostra daquilo que acontece ao longo do ano, sendo muitas dessas atividades de âmbito cultural”.
Na sua opinião, “é também uma forma de acesso das pessoas à nossa cultura e às nossas tradições, além de ser um convívio entre os vários polos”.
Quanto ao trabalho que a UPTE tem vindo a fazer, o diretor realçou que “foi criada em 2009 e tem atualmente cerca de 2000 alunos”, reiterando que “conta com quase 16 anos de vida e com 16 polos”.

Lurdes Pratas Nico especificou os vários pontos do Alentejo onde esta instituição já está presente, nomeadamente “Alandroal, Bacelo (Évora), Barrancos, Canaviais (Évora), Cano (Sousel), Cuba, Fronteira, Galveias (Ponte de Sor), Malagueira (Évora), Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, São Manços (Évora), São Miguel de Machede (Évora), Viana do Alentejo e Vila Viçosa”.
Evidenciou também que “devemos muito aos parceiros, a quem foi fundador e a quem se foi juntando ao projeto”, constatando que, “nestes concelhos que referimos, estamos a falar de associações, juntas de freguesias e, maioritariamente, câmaras municipais, pois são eles os promotores dos polos”.
Bravo Nico deu ainda conta de que “o objetivo da UPTE continua a ser proporcionar às pessoas a oportunidade de acederem à educação num registo não-formal, que é aquele que nós praticamos muito, de base intergeracional e popular, e com isso envolvermos todas as pessoas que quiserem participar em toda a região sul”.

Adiantou também que, “no próximo ano, provavelmente, a nossa grande novidade vai ser extravasarmos o Alentejo”, revelando que “estamos a ver se conseguimos abrir polos que não sejam na nossa região porque temos algumas manifestações de interesse fora do Alentejo”.
À margem da sessão, a reitora da UÉ, Hermínia Vasconcelos Vilar, relatou que “um auditório cheio como aquele que tivemos mostra a importância da UPTE e a recetividade que tem”.
Na sua perspetiva, “significa que este projeto corresponde a uma necessidade do território de integrar e de dinamizar estes grupos mais avançados na idade”, reiterando que “este projeto leva o conhecimento e a própria universidade a estes públicos que há umas décadas atrás estavam completamente afastados da universidade”.

Hermínia Vasconcelos Vilar reforçou que “esta adesão reflete que isto é uma necessidade à qual se tinha de dar resposta e à qual a UPTE tem dado resposta com o apoio da UÉ e dos parceiros”, frisando que “é um projeto para continuar e consolidar cada vez mais”.
Também em entrevista ao DS, Jorge Araújo confidenciou que “foi uma grande satisfação ter estado presente porque este é um projeto que eu lancei em 2009, um ano antes de terminar a reitoria, e em boa hora o entreguei a Bravo Nico”.
Admitiu que, “muitas vezes, há bons projetos que ‘morrem’, mas este vingou e está em larga expansão, mostrando este auditório que é um projeto que conseguiu a adesão do público”.

Por sua vez, João Palmeiro referiu alguns pontos que partilhou durante a sessão, recordando que “a memória tem uma importância transcendental num mundo em que tudo é digital, mas também que o mundo digital permite hoje em dia que a memória seja alargada”.
Explicou que “mostrámos um pouco do trabalho que fizemos com nove polos da UPTE e com cerca de 60 colaboradores desta instituição”, sustentando que “conseguimos obter informação que de outra maneira se perdia”.
João Palmeiro disse ainda que “mostrámos um vídeo que não pensávamos fazer e que é sobre poetas, isto porque em todas as gravações que fizemos sobre o 25 de Abril, no fim, aparecia sempre alguém a dizer que tinha uma poesia sobre este tema”.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS / UPTE