Criada em 2007, a Orquestra Geração é um projeto de cariz social para crianças e jovens com foco na aprendizagem da música. Foi na Escola Miguel Torga, na Amadora, que tudo teve início. Hoje, 18 anos depois, existem mais de 20 núcleos, situados, sobretudo, na Área Metropolitana de Lisboa.
Desde a sua criação, são já mais de cinco mil alunos que contactaram com este projeto, que tem “impacto ao nível do desenvolvimento biopsicossocial dos jovens, que promove a inclusão social e a cidadania”, adiantou a Orquestra Geração, em nota de imprensa enviada ao Diário do Sul (DS).
Explicou ainda que “é através da aprendizagem da música, particularmente em contexto orquestral, e da formação de orquestras que se pretende atingir o desenvolvimento comunitário inclusivo”.

No âmbito do seu processo de expansão, o projeto chegou ao Alentejo, tendo sido criada a Orquestra Geração Évora Planícies neste ano letivo, mais precisamente no passado mês de fevereiro.
Segundo a mesma fonte, “esta expansão surgiu a convite da Câmara de Évora, que reconheceu a importância social e educativa do projeto e alinhou-o com a estratégia de desenvolvimento cultural da cidade e com o título de Évora 2027 – Capital Europeia da Cultura”.
Revelou que “conta com financiamento do Portugal Inovação Social 2030 e também com o apoio financeiro por parte do Município de Évora, que investe 20 por cento do orçamento”.

Focou ainda que “o projeto abrange 50 alunos das escolas EB1 de São Mamede e EB 2,3 de Santa Clara, ambas do Agrupamento de Escolas Severim de Faria”, reiterando que estas crianças “beneficiam de acesso gratuito à prática musical em contexto orquestral”.
O DS acompanhou dois ensaios destes jovens músicos, um em cada uma das escolas envolvidas. José Conde, coordenador da Orquestra Geração Évora Planícies, deu a conhecer um pouco mais sobre o projeto.
“Acho que faz sentido descentralizar as oportunidades que normalmente surgem nas capitais”, começou por dizer, acrescentando que, “para além de toda a inclusão social que fazemos, há uma oportunidade de acesso que é mais democratizada a alunos desfavorecidos, ou não, através da música, neste caso, da prática orquestral”.

José Conde explicitou que “também trabalhamos com as crianças temas de cidadania, como o respeito, o ouvir os outros, as emoções ou a disciplina”, frisando que em Évora “estão envolvidos nove professores”.
Realçou ainda que, “em Évora, para já, decidimos aplicar só instrumentos de cordas, ou seja, violinos, violas de arco, violoncelos e contrabaixos”, justificando que “nas zonas mais periféricas existe uma forte componente filarmónica e achámos que a oferta do ensino da música ao nível de instrumentos de sopro já estaria englobada nas filarmónicas”.
De acordo com o mesmo professor, “temos um público muito diversificado, sendo o projeto aberto a qualquer aluno, desde que não esteja no conservatório, pois seria uma duplicação da oferta”.

Evidenciou que “o público-alvo são miúdos com alguma dificuldade económica, que estão sinalizados pela Ação Social Escolar, alunos migrantes e temos uma percentagem de outros alunos que não têm nenhum destes critérios”, considerando que “isto permite-nos ter também uma integração social neste contexto”.
José Conde especificou ainda que “o objetivo de ramificar a Orquestra Geração por vários pontos do país é também com o objetivo, talvez daqui a uns anos, de criarmos uma orquestra nacional da Geração”, reforçando que “temos pontos de referência entre os professores para termos as mesmas metodologias e os mesmos reportórios para podermos juntar as orquestras”.
Quanto a outras mais-valias deste projeto, sublinhou que “as horas que passam dedicados à orquestra é tempo em que não estão à frente de um telefone e em que estão a criar algumas ferramentas de socialização com os outros”.

O mesmo responsável assegurou também que “alguma criança que se destaque a nível performativo ou artístico encaminhamo-la para os conservatórios porque este ensino da Orquestra Geração não confere certificado nenhum, é um ensino não formal”.
Durante os ensaios, conversámos com alguns alunos. Na Escola de São Mamede, Theo Frisso, Carlota Vieira, Nahyma Ambrósio e Sebastião Vasconcelos, com idades entre os 8 e os 9 anos, partilharam as suas experiências.
Foram unânimes em realçar que estão a gostar muito de participar na orquestra, sendo que na maior parte dos casos é a primeira vez que estão a contactar com este mundo da música.
Na Escola de Santa Clara, Laura Ferreira e José Luz, ambos com 12 anos, também mostraram a sua satisfação em fazer parte do projeto, confidenciando que gostavam de continuar a aprender mais na área da música.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS / Orquestra Geração Évora Planícies