“Fotovoltaicas no Alentejo – Entre o Sol e a Terra”. Este foi o mote para o debate realizado no dia 9 deste mês, promovido pela plataforma cívica Juntos Pelo Divor. A sessão decorreu no Palácio de D. Manuel, em Évora, contando com a participação de representantes de várias áreas.

Segundo a nota de imprensa enviada ao Diário do Sul, “a instalação de centrais fotovoltaicas no Alentejo, que se verifica e projeta em larga escala, coloca problemas de conservação da biodiversidade, da paisagem e do património cultural da região, afetando seriamente atividades agropecuárias, florestais e turísticas, fundamentais para o seu equilíbrio socioeconómico”.

Para os promotores, “como conciliar estas características identitárias da realidade alentejana com as exigências da transição energética é uma questão central que carece de análise e de resposta”.

À margem do evento, Ana Barbosa, cofundadora da plataforma “Juntos pelo Divor”, juntamente com Marcial Rodrigues, explicou aos jornalistas os objetivos deste debate.

“Desde que fundámos a plataforma, uma das realidades de que nos apercebemos é que grande parte desta temática está a passar ao lado das pessoas, que não têm informação”, referiu Ana Barbosa.

Na sua opinião, “as pessoas não se dão conta da dimensão do que se está a passar”, constatando que “vem um projeto, depois vem outro e depois outro, não há a visão global daquilo que se está a passar, nem no concelho de Évora, nem no conjunto do Alentejo”.

Alertou ainda que “se for feito tudo o que está planeado há uma alteração radical da face do Alentejo”, focando que “realizámos este debate porque achamos que é preciso as pessoas terem uma informação e esclarecimento cabais e fidedignos para poderem tomar posições, uns a favor, outros contra”.

De acordo com Ana Barbosa, “gostaríamos que deste debate saísse uma visão muito clara daquilo que está a ser preparado”.

Exemplificou também com “sair daqui a proposta de que este estudo do LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia pudesse ser considerado um embrião de um futuro plano de ordenamento que compatibilizasse os diferentes usos do território, promovesse a articulação entre os diversos interesses e salvaguardasse tudo aquilo que consideramos a essência do Alentejo”.

A esse respeito, frisou que “não é a essência do Alentejo para o turismo, isso é a valia económica da paisagem, mas sim o nosso bem-estar e a nossa saúde, o bem-estar do mundo”.

Afirmou também que “eu não tenho alternativas para as centrais solares, eu tenho alternativas para as megacentrais, que é uma coisa completamente diferente”.

Na perspetiva de Ana Barbosa, “há uma forma de fazer energias renováveis, que é importante, que até pode implicar alguns sacrifícios aqui ou acolá, mas que não tem de ser a destruição massiva de uma região como o Alentejo”, considerando que “o que se prepara é uma destruição grande”.

Acrescentou ainda que “o objetivo é deslocalizar” e, referindo-se aos projetos para o Divor, sublinhou que “é tudo menos uma zona onde devam ser implementados parques solares daquela dimensão”.

Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal

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