“Uma casa que é de todos”. Foi desta forma que a diretora da Biblioteca Pública de Évora (BPE), Zélia Parreira, se referiu a esta instituição que celebrou 220 anos.

A efeméride foi assinalada no dia 25 março, mas o programa comemorativo foi mais alargado, tendo decorrido ao longo de uma semana.

Em declarações ao Diário do Sul, Zélia Parreira explicou que “aproveitámos o aniversário para tentar demonstrar todas as atividades que a biblioteca pode ter ao longo do ano, para que as pessoas percebam quais são as ofertas que a biblioteca pode ter para elas”.

Lamentou que “muitas pessoas ainda têm a ideia de que a biblioteca é um lugar só para intelectuais, só com documentos patrimoniais e que não tem nada que lhes possa interessar”.

Segundo a diretora da BPE, “o que nós tentámos demonstrar durante estes dias é quase um concentrado daquilo que fazemos ao longo do ano e que são atividades para diversos públicos, sobre diferentes temáticas”.

Salientou que, “muitas vezes, as pessoas até ficam espantadas por nós abordarmos alguns temas, questionando o que é que isso tem a ver com a biblioteca, como a literacia da saúde ou financeira, por exemplo, mas tudo o que tem a ver com a transmissão de informação e de conhecimento tem a ver com a biblioteca”.

No dia de aniversário, a 25 de março, o programa incluiu a sessão “Histórias com caixas”, com Bru Junça e Joana Dias”, adiantando a Zélia Parreira que “este é um projeto que fizeram aqui pela primeira vez de forma experimental e que agora já está consolidado”.

Acrescentou que “depois tivemos o bolo de aniversário e os parabéns cantados pelo Grupo de Cantares de Évora, que nos tem presenteado nos últimos anos com a sua atuação neste dia”.

Quanto ao programa comemorativo, incluiu mercadinho do livro, viagem ao interior da biblioteca, caça ao tesouro, jogos de tabuleiro, contos, entre outras atividades.

Para a mesma responsável, “este é um momento de celebração de uma casa que é de todos”, reiterando que “queremos que as pessoas se sintam bem em passar tempo na biblioteca, que é também um espaço de socialização”.

Relativamente ao número de leitores, revelou que “ainda não chegámos aos 14 mil, o que significa que temos cerca de 25 por cento da população de Évora inscrita na BPE, o que não deixa de ser preocupante, até porque muitos dos nossos utilizadores são pessoas que estão em Évora de passagem e que quando acabam o seu percurso académico regressam às suas zonas de origem, deixando de estar ligados à BPE”.

Zélia Parreira constatou que “o que isto significa para nós é que ainda há mais de 70 por cento da população de Évora que não descobriu nenhum motivo de interesse para vir à biblioteca”.

Considerou isso “preocupante”, sobretudo, “num momento em que já estamos a assistir a movimentos de censura da informação em vários países, que supostamente são o ‘farol’ da democracia, havendo bibliotecas a serem proibidas de terem determinados livros nas estantes”.

Na sua perspetiva, “a biblioteca tem hoje um papel fundamental”, lembrando que, “em Portugal, ainda conseguimos que toda essa informação se encontre disponível”.

A mesma responsável destacou que “esta é uma das últimas instituições que presta um serviço público à população totalmente gratuito”, reforçando “a importância de haver este acesso à informação e ao conhecimento de forma gratuita”.

Indicou também que “para se ser leitor basta trazer o cartão de cidadão e a inscrição é feita no momento”, realçando que “como a BPE é uma biblioteca nacional a nossa responsabilidade não se limita às fronteiras do concelho de Évora e qualquer pessoa pode inscrever-se e aceder a mais de um milhão de documentos que temos na nossa posse”.

Zélia Parreira confessou ainda que “gostava, sobretudo, que crescesse a utilização da BPE, não adianta que as pessoas venham inscrever-se e depois não a frequentem”, concluindo que “o que interessa é haver essa utilização e ver que estamos a contribuir para uma sociedade com espírito crítico por parte dos cidadãos”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

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