OPINIÃO por João Palmeiro • Promotor e Divulgador Cultural

Em Itália, o Ministério da Cultura já está a trabalhar para escolher, nos próximos meses, a Capital Italiana da Cultura para 2027. Assim, após a nomeação, será lançada a quarta edição da Cantiere Città** como testemunho da eficácia e vitalidade desta iniciativa, que continua a crescer, a adaptar-se e a responder aos desafios do nosso tempo.

O volume agora publicado, o terceiro, é o resultado de uma experiência única: um mosaico de reflexões, boas práticas e testemunhos, que consolida a riqueza de um percurso agora na sua terceira edição. As páginas recolhem os resultados de um trabalho que envolveu gestores, agentes culturais, cidadãos e jovens, todos protagonistas de um diálogo aberto e construtivo. É precisamente a dimensão participativa que representa uma das características distintivas da Cantiere Città.

A cultura não é apenas um património a preservar, valorizar e promover, mas representa um motor de transformação social, capaz de gerar coesão, inovação e crescimento. Este é o princípio orientador do projeto Cantiere Città, uma iniciativa do Ministério da Cultura com a Escola Nacional do Património e Atividades Culturais. Criado para acompanhar as cidades finalistas ao título de Capital Italiana da Cultura, o Cantiere Città é agora uma forja de ideias, habilidades e visões que não se esgota com a competição anual.

A força desta iniciativa reside na capacidade de transformar o planeamento individual da candidatura num caminho de amadurecimento coletivo que nos impulsiona a olhar para além do território municipal, visando a construção de um futuro participativo, que reconheça o valor de diferentes vozes e competências. Cada cidade, através da comparação e partilha com outros intervenientes, é enriquecida com ferramentas para repensar o seu papel e contributo para o sistema cultural nacional. As propostas nascidas no contexto da candidatura a Capital Italiana da Cultura encontram assim um novo impulso, tornando-se não só projetos viáveis dirigidos ao próprio território, mas também modelos replicáveis, capazes de inspirar outras realidades territoriais.

A este respeito, um elemento particularmente importante é a introdução da Edição Júnior. O envolvimento dos jovens não é apenas um investimento no futuro, mas uma escolha estratégica para promover uma cultura de participação e responsabilidade desde tenra idade. O Ministério da Cultura italiano, com grande entusiasmo, apoia esta nova iniciativa, reconhecendo o seu potencial para formar cidadãos conscientes e ativos. Ao reconhecer a participação de todos aqueles que contribuíram para o sucesso deste caminho – de parceiros institucionais a especialistas, de cidades finalistas a participantes – espera-se que estas experiências possam iluminar novas ideias e estimular reflexões sobre o papel da cultura como alavanca para a mudança.

Texto de Francesca Saccone* editado e adaptado por João Palmeiro

*Diretor, Serviço VI – Eventos, Exposições e Exposições, Departamento de Administração Geral (DIAG) Ministério da Cultura, Itália.

**A proposta editorial de Cantiere Città é também um laboratório: um caminho de pesquisa interdisciplinar e comparação que envolve estudiosos, administradores, operadores numa análise crítica dos desafios e oportunidades que a cultura oferece à cidade contemporânea. Nesta terceira edição, mais uma vez, é a partir de experiências e questões concretas que recolhemos, num volume, reflexões, experiências e ferramentas. No canteiro de obras da cidade. Conhecidos pela participação ativa na cidade cultural, sustentabilidade, participação e governança colaborativa são os temas (os princípios do planejamento cultural) aos quais, com a ajuda dos especialistas que também nos apoiaram na temporada de encontros com as cidades, dedicamos nosso estudo aprofundado: reflexões teóricas – confiadas a Rossella Tarantino, Francesco Mannino, Donatella Viscogliosi – e experiências práticas, estudos de caso, ferramentas operacionais – contados por Giulia Cogoli, Vania Cauzillo e Cristina Palermo, Riccardo Tovaglieri.
Dirigido a quem trabalha na cultura em nome das administrações municipais (planeadores culturais, técnicos, funcionários, gestores, mas também autarcas e vereadores), este volume é também um apelo à ação: fazer da cultura um motor de mudança e um instrumento de desenvolvimento e coesão social.

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