O Alentejo acolheu a quarta edição do Encontro Nacional dos Profissionais de Enoturismo. O evento decorreu em Sines, no dia 30 de janeiro, e juntou empresários e representantes de várias entidades, com o objetivo de debater os desafios deste setor, bem como o seu futuro.

A iniciativa, organizada pela Associação Portuguesa de Enoturismo (APENO), em parceria com a Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, abordou questões como a inovação ou a sustentabilidade, passando também pela promoção e pela internacionalização.

Em declarações aos jornalistas, Maria João de Almeida, presidente da APENO, explicou que “a nossa associação tem trabalhado com todas as ERT e vê o enoturismo como um todo, mas na verdade o Alentejo é por excelência a região do enoturismo”.

Acrescentou que “já fizemos este encontro em várias regiões, mas estamos a fechar um ciclo e achámos que era representativo vir a Sines apresentar este trabalho”.

Segundo a mesma responsável, “a Turismo do Alentejo tem feito um trabalho incrível de comunicação, divulgação e ação, além deste ser o território com mais oferta e mais bem organizado neste momento”, frisando que “isso não quer dizer que as outras ERT não estejam também a fazer um bom trabalho”.

Deu ainda conta de que “a APENO existe há cinco anos”, lembrando que “o setor do enoturismo ainda é um setor emergente, mas que tem ganho cada vez mais força económica, portanto surgem questões que antigamente não eram necessárias”.

Maria João de Almeida reforçou que, “por ter crescido tanto, começamos a precisar de números e não temos, por exemplo, a quantificação do setor”.

Referiu também que, “nestes últimos anos, todo o trabalho que fizemos foi definir um conceito oficial que não existe, falar de uma legislação que não existe e falar do enoturismo enquanto atividade económica que já merecia e ainda não existe”.

A presidente da APENO destacou que “todos estes problemas já foram identificados e apresentados ao secretário de Estado do Turismo e temos debatido soluções, mas agora depende da vontade do Governo”.

Por sua vez, José Santos, presidente da Turismo do Alentejo e Ribatejo, realçou a importância de acolher este evento.

“O Alentejo distingue-se pela qualidade dos vinhos, somos a região que produz os vinhos preferidos dos portugueses e também queremos ser a região preferida no que diz respeito ao turismo”, salientou.

O mesmo responsável constatou que “esta união estratégica entre vinhos e turismo para nós é muito relevante e receber o maior encontro de profissionais de enoturismo no Alentejo, mais especificamente em Sines, foi para nós muito gratificante”.

Recordou também que “temos uma excelente relação com a APENO e temos procurado aproveitar esta dinâmica da associação para melhorar e contribuir para a melhoria da competitividade das nossas empresas ligadas ao enoturismo”.

José Santos exemplificou que “hoje visitar uma adega ou uma quinta que produz vinho já não é só a prova, há um conjunto de atividades à volta que cria muito valor acrescentado”, reiterando que “temos cada vez mais adegas e enoturismos que estão a abrir restaurantes, ou seja, o elemento cultural é cada vez mais importante na oferta de valor destas adegas”.

Sublinhou ainda que “estas adegas situam-se quase exclusivamente em zonas rurais, pelo que o enoturismo é também encarado por nós como uma atividade que contribui para o desenvolvimento dos territórios”.

Não obstante, o presidente da ERT admitiu que “o desenvolvimento do enoturismo é de facto significativo, mas a primeira empresa que vende tours especializados em vinhos, só apareceu no Alentejo há poucos meses e agora acho que apareceu uma segunda empresa”, considerando que “é preciso ligar mais a dinâmica dos produtores e das adegas ao empreendedorismo”.

Na sua perspetiva, “nós temos um período difícil no turismo do Alentejo, fundamentalmente de janeiro a março, em que há menos gente nos restaurantes, nos hotéis e nos enoturismos”, apontando que “temos uma oportunidade incrível com a oferta de enoturismo de criar programas e fazer com que esse produto chegue a mais pessoas”.

Durante a conversa com os jornalistas, José Santos adiantou que “o Alentejo vai ser a primeira região do país com um projeto de certificação sustentável das adegas, promovido pela APENO”, esclarecendo que “o que fizemos foi trazê-lo para a nossa estratégia de eficiência coletiva, o nosso PROVERE”.

Relativamente a essa estratégia, adiantou que “é muito focada na dinamização das zonas rurais e para o Alentejo este tema do vinho tem essa importância, pois somos uma região marcadamente rural”.

O mesmo responsável comentou que “o vinho é um veículo de atração muito grande para o território e agora vamos complementar o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, com uma dimensão relacionada com a hospitalidade e a receção turística”.

Disse ainda que “temos como meta certificar 50 adegas até ao final de 2026 e este é um dos projetos mais importantes da nossa estratégia de eficiência coletiva”.

Pode ver a reportagem vídeo no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=i3lhRkFLjg0&t=5s

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

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