11 de janeiro de 1975. É esta a data que marca o nascimento do Centro Cultural de Évora, um projeto considerado pioneiro da descentralização teatral em Portugal.
Hoje tem a designação de Centro Dramático de Évora (Cendrev), apresentando-se esta associação cultural como “um projeto desenvolvido em torno da criação e difusão artística, da formação teatral e da gestão do Teatro Garcia de Resende (TGR)”.

Para assinalar os seus 50 anos, o Cendrev realizou, no passado domingo, ao final da tarde, uma cerimónia evocativa aberta ao público, que aconteceu em frente ao TGR, em Évora.
Em declarações aos jornalistas, José Russo, diretor do Cendrev, salientou que “este foi mais um dia dos 50 anos do trabalho regular e sistemático nas várias vertentes que temos tocado da criação, da programação, dos Bonecos de Santo Aleixo, das bienais de marionetas, do trabalho com o Gil Vicente, com as escolas, os autores portugueses ou os grandes autores universais”.

Acrescentou ainda que “esta casa tem sido um centro a partir do qual muita gente tem nascido para esta vida do teatro”, reiterando que “não só do teatro, mas das artes em geral”.
Para José Russo, que é também ator da companhia, “esse é o nosso maior orgulho, sentirmos que isto foi construído ao longo destes anos, mas não só por nós”, constatando que “somos os que neste momento estamos aqui e já há muita gente jovem, muito mais jovem do que eu, e espero que isso continue a acontecer para garantir que estas coisas podem ser continuadas”.

Na sua opinião, “nesta área da cultura é preciso assegurar a continuidade porque a atividade cultural precisa disso”, reforçando que “precisa de se relacionar com as pessoas regularmente para criar o gosto e para facilitar que se confrontem com estes objetos artísticos, nomeadamente a dança, o teatro, a música ou as exposições”.
O mesmo responsável realçou que “o nosso papel é um pouco promover essa relação com os diferentes públicos e isso é o que temos feito ao longo destes 50 anos”.

Quanto a esta cerimónia de comemoração, focou que “foi um dia particular porque celebrámos meio século de vida dum projeto que foi pioneiro em Portugal na questão da descentralização”.
José Russo recordou que “foi a partir daqui que se criou um conjunto de projetos a nível nacional que fazem um pouco por todo o país aquilo que a gente tem feito aqui em Évora”, sustentando que isso “é visível no número de criações que fizemos, de espetáculos que apresentamos em cada ano ou de espetadores que visitou o TGR”.

Reiterou ainda que, “porque o Cendrev só existe porque existiu o 25 de Abril, a liberdade e a democracia são duas palavras-chave para a existência deste projeto e desta casa”, relembrando também que “o TGR está hoje completamente restaurado”.
Relativamente ao evento deste domingo, o mesmo responsável explicou que “entendemos que nos devíamos vestir com fatos de personagens que fomos construindo ao longo destes anos para acolhermos o público e podermos cantar os parabéns ao Cendrev”.

Além desta sessão evocativa, “neste domingo, tivemos uma sala completamente cheia, não só porque o Cendrev fez 50 anos, mas também porque foi apresentado um excelente concerto de Júlio Resende – Fado Jazz – Filhos da Revolução, que celebrou os 50 anos do 25 de Abril”, concluiu ainda José Russo.
Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal