“Há uma grande procura de vinhos portugueses, em particular dos alentejanos”. A afirmação é de Rui Gião Santos, do Casbi Group, uma empresa de internacionalização, que em conjunto com a empresa alentejana Desassossego – Eventos, promoveu um encontro em Évora para potenciar a exportação de vinhos do Alentejo.

A iniciativa, realizada no dia 6 deste mês, decorreu no Hotel Solar de Monfalim, de Diamantino Serrabulho, que é também o promotor do projeto Casa Grande Vinhas do Sudoeste, um dos produtores presentes no evento.

O encontro contou ainda com a presença da Adega Cooperativa de Redondo (ACR), bem como de dois importadores, um para o mercado angolano, outro para o mercado do México.

“Contámos com um parceiro que está em Angola, mas que fornece toda a rede de países da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), e também tivemos um parceiro que é de Campo Maior, mas que é um grande importador de vinhos para o México”, explicou Rui Gião Santos.

Adiantou que “para o mercado norte-americano temos uma estratégia e temos pedidos de grande escala, mas esse é o nosso problema”, frisando que “o ano passado foram pedidos 50 contentores e nós não conseguimos fornecer contentores de marca portuguesa”.

Nesse sentido, o mesmo responsável referiu que “estamos a mover algumas forças para inverter esse cenário e temos uma estratégia de forma a que o vinho português possa entrar nos grandes mercados e ser o nosso embaixador, dando-lhe dignidade, mudando as cadeias de valor e atraindo valor e riqueza”.

Acrescentou ainda que neste encontro em Évora “esses importadores estiveram a falar com dois produtores, a ACR e a Casa Grande”, reiterando que “vamos começar com esses dois e vamos ver como decorre, mas depois podemos integrar outros que tiverem interesse”.

À margem do evento, José Manuel Martins, presidente do Conselho de Administração da ACR, recordou que “nós comercializamos os nossos vinhos, o Porta da Ravessa, o Real Lavrador e os AR, para ‘os quatro cantos do mundo’, mas é sempre interessante dinamizarmos as vendas, principalmente quando se trata de países de expressão portuguesa, como é o caso de Angola, onde já tivemos uma expressão maior”.

Garantiu que, “se for possível, queremos levar para lá os nossos vinhos de melhor qualidade e aqueles que realmente são uma referência de qualidade, pelo que todos estes projetos são bem-vindos para nós”.

Segundo José Manuel Martins, “o objetivo é conseguirmos ganhar escala”, constatando que, “se em conjunto com mais produtores fizermos escala para podermos ter dois ou três contentores de uma só vez, isso é muito bom para nós porque fica mais barato e esse efeito sinérgico é muito positivo”.

Por sua vez, Diamantino Serrabulho deu conta de que, “em 2024, ganhámos a medalha de ouro no Concurso de Vinhos Crédito Agrícola com o vinho regional alentejano tinto Casa Grande Vinhas do Sudoeste 2021”.

Focou ainda que “este projeto está situado na zona da Zambujeira do Mar, que é uma região com características diferentes”, realçando que “este vai ser o nosso quarto ano de produção e ainda não exportamos”.

Nesse âmbito, o responsável do Casa Grande comentou que “estes eventos podem dar uma ajuda importante na exportação”, sublinhando que “o facto de ser em conjunto com outros produtores também é um fator importante”.

Importadores destacam procura pelos vinhos do Alentejo

António Alves, da Top Indústria, uma empresa que está em Angola há muito tempo, foi um dos importadores que esteve presente.

“Temos trabalhado com vinhos de todas as regiões, casas com muito nome, mas também produtores mais pequenos, e estamos sempre interessados em conhecer coisas novas”, disse, afiançando que “foi nesse sentido que aceitámos o convite para estar presentes”.

Na sua opinião, “Angola é um país que mantém um vínculo muito grande e tem uma preferência muito grande pelos vinhos portugueses por questões culturais”.

António Alves confidenciou ainda que “tenho uma estima especial pelos vinhos do Alentejo, é uma região que até em Angola se destaca”, considerando que “deve aproveitar-se essa oportunidade em relação ao mercado angolano, que é um mercado que está de novo a recuperar”.

Também Pedro Veríssimo, da empresa Grupo Mayoral e Veríssimo, um importador do México, quis participar no encontro.

“Como alentejano que sou (de Campo Maior), começámos a levar para o México produtos portugueses, nomeadamente os vinhos”, revelou, contando que “já tínhamos reunido com alguns produtores alentejanos”.

Na sua perspetiva, “estes encontros são sempre bons, pois o networking é sempre importante para ‘abrir portas’”.

Não obstante, Pedro Veríssimo constatou que, “de qualquer forma, o mais importante é que os empresários portugueses utilizem bem os apoios intracomunitários e as expansões e deixem de pensar só nos mercados europeus e no mercado da ‘saudade’, que cada vez está mais saturado, quando temos mercados como o México que é uma ‘porta’ de abertura para o Norte da América e para a Latino América”.

“O vinho tem sido um aliado enorme do turismo da região”

O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, José Manuel Santos, acompanhou esta ação de promoção dos vinhos alentejanos.

Na sua ótica, “estes eventos têm uma grande importância”, lembrando que “nós elegemos o enoturismo como o grande produto estratégico para o desenvolvimento turístico da região nos próximos anos”.

José Santos salientou que, “obviamente, o enoturismo precisa do vinho, que é um elemento muito importante em termos de exportação da região”.

Para o mesmo responsável, “estamos num momento importante naquilo que é a necessidade de vender mais vinho e de conseguir escoar vinho que não estamos a conseguir escoar, pelo que há aqui também uma perspetiva de diversificação de mercado”.

Especificou que, “do nosso lado, nós tentamos olhar para o vinho numa lógica de aliança estratégica com o turismo, para procurarmos a partir daí conquistar mais mercados”.

A esse nível, José Santos relembrou que “o vinho tem sido um aliado enorme do turismo da região e tem-nos possibilitado chegar a mercados internacionais de uma forma mais rápida e mais fácil”, evidenciando que “precisamos de uma dinâmica comercial de venda de vinho e o turismo terá um bom aproveitamento disso”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

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