“O número de mortos nunca diminui, acumula”. Esta foi uma das frases que Mário Alves, presidente da Liga de Associações Estrada Viva, destacou durante a cerimónia nacional do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, realizada em Évora, a 17 de novembro.

Esta foi uma iniciativa promovida pela Liga de Associações Estrada Viva e a GARE – Associação para a Promoção de uma Cultura de Segurança Rodoviária, com o apoio de várias entidades, lembrando a organização que esta é uma iniciativa que acontece anualmente no terceiro domingo de novembro.

Em nota de imprensa, é ainda referido que “esta celebração ocorre enquadrada na Década Global de Ação para a Segurança Rodoviária 2021-2030 promovida pela Organização Mundial da Saúde, que tem como mote geral ‘Lembrar, Apoiar, Agir’.

O evento teve início com uma concentração na Praça do Giraldo, decorrendo depois uma marcha lenta até ao Jardim da Memória. Aí foi feita a deposição de varas e teve lugar a sessão solene, com a participação de representantes de diferentes entidades locais e nacionais, bem como alguns momentos musicais.

Em declarações aos jornalistas, Filomena Araújo, presidente da Direção da GARE, recordou que “desde há 20 anos que em Évora se comemora o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, sendo que algumas vezes as cerimónias nacionais ocorreram aqui”.

Relativamente à sinistralidade rodoviária no território onde nos encontramos, frisou que “o Alentejo é problemático porque o índice de gravidade é sempre superior à média nacional”, exemplificando que “as estradas são mais retilíneas, o que favorece a velocidade; ou as distâncias são maiores entre as localidades e os serviços de assistência”.

Na sua perspetiva, “isto é problemático e tem de nos levar a refletir, a apoiar mais e a lutar contra esta situação, criando sistemas adequados”.

A par disso, Filomena Araújo constatou que “há um problema a nível nacional, que é a falta da educação para a cidadania rodoviária”, frisando que “não há preparação dos nossos jovens nessa área”.

Defendeu ainda que “é preciso aprender a andar na rua e na estrada, devendo adequar-se esses ensinamentos aos diferentes níveis de ensino, desde os mais novos até à universidade”.

Por sua vez, Mário Alves, também em conversa com a comunicação social, adiantou que “em termos de números nacionais, nos últimos 20 anos, mil pessoas morreram em média por ano em acidentes rodoviários”.

Além disso, salientou que “temos o número de feridos, que são muitos milhares, e muitas dessas pessoas ficam com sequelas permanentes”.

O presidente da Liga de Associações Estrada Viva realçou ainda “a importância de dar apoio às vítimas”, considerando que “Portugal tem evoluído um pouco no apoio imediato às vítimas, mas depois não há um apoio permanente e prolongado”.

Especificou que “é importante haver apoio psicológico para as vítimas e para as famílias, mas também apoio jurídico e apoio financeiro”.

De acordo com Mário Alves, “temos também de tratar da prevenção e isso tem muito a ver com a questão de velocidade”, considerando que “ainda há pouca consciência cultural e psicológica em relação aos efeitos da velocidade”.

Também em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, revelou que, “da análise que temos feito com as forças de segurança, verificamos que grande parte dos acidentes tem a ver com práticas incorretas por parte das pessoas envolvidas nesses acidentes e não tanto das condições das vias ou falta de sinalização”.

Não obstante, garantiu que “sempre que detetamos uma situação em que se pode melhorar a rede viária, a sinalização ou outros aspetos para precaver acidentes procuramos fazê-lo”.

Para o autarca, “há necessidade de uma política global para reduzir o trânsito nas zonas urbanas e essa política só é possível com alterações ao nível do urbanismo”, comentando que “não é com sinalização e com conselhos que se consegue”.

Na sua opinião, “estamos a assistir a um crescente comportamento incorreto por parte de um conjunto de cidadãos que não respeitam as normas”, reforçando que “temos de ter medidas de urbanismo ativo para reduzir o trânsito e reduzir a velocidade”.

Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal

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