A Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) e a Associação Portuguesa de Neurofibromatose (APNF), com o apoio da Associação Bengala Mágica e da Associação de Comunicação de Ciência SciComPt, e de pessoas a título individual, incluindo João Pimpão, Mestre em Comunicação de Ciência, pela Universidade Nova de Lisboa, com deficiência visual, e João Ferreira, estudante de Doutoramento na FCT Nova, com mobilidade reduzida, uniram-se para assinalar o Dia Nacional da Cultura Científica, que se comemora anualmente a 24 de novembro, como forma de afirmar o compromisso com a Acessibilidade e Inclusão na Comunicação de Ciência.
Esta data é um convite à reflexão sobre a importância da ciência na sociedade e o impacto na sua partilha. Portugal tem feito progressos significativos nesta área, mas a acessibilidade à informação científica ainda enfrenta barreiras, especialmente para pessoas com deficiência.
Torna-se, portanto, imprescindível reconhecer o que ainda é necessário melhorar e que obstáculos ainda persistem, muitas vezes invisíveis para quem não lida diretamente com estas dificuldades.
Dados do Eurostat indicam que cerca de 27% da população europeia acima dos 16 anos tem uma deficiência ligeira ou grave, o equivalente a um quarto da população. Em Portugal, a taxa é ainda maior, com cerca de 34% da população a relatar limitações prolongadas (20% moderadas e 14% graves), demonstrando a importância de uma comunicação científica acessível para que a mesma possa chegar a uma parcela significativa da população.
A comunicação científica acessível não beneficia apenas pessoas com deficiência ou alguma condição de vulnerabilidade, mas toda a sociedade, uma vez que permite ampliar a compreensão e participação de diferentes públicos.
São vários os exemplos de boas práticas a nível internacional, mas também a nível nacional:
∙ O Museu Nacional de História Natural e da Ciência e o Pavilhão do Conhecimento disponibilizam visitas guiadas em Língua Gestual Portuguesa (LGP), materiais em Braille e adaptações para pessoas com deficiência visual e auditiva.
∙ O Centro Ciência Viva de Bragança lançou o “Roteiro de Ciência Inclusiva”, com atividades adaptadas para visitantes com limitações visuais e auditivas, promovendo a inclusão científica numa região do interior.
∙ O Centro Ciência Viva do Algarve, em Faro, oferece adaptações em várias exposições e atividades para públicos com limitações sensoriais, contribuindo para uma experiência inclusiva no sul do país.
∙ O Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) organiza sessões de observação astronómica e eventos com interpretação em LGP, promovendo a acessibilidade em áreas específicas como a astrofísica.
∙ O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra já lançou exposições adaptadas para pessoas com deficiência visual e auditiva, utilizando descrições táteis e áudio, reforçando o compromisso com uma experiência inclusiva.
∙ O Programa Ciência Viva no Verão, que realiza atividades científicas em todo o país, investe em acessibilidade, adaptando eventos ao ar livre, como observação de estrelas e passeios guiados, para pessoas com diferentes tipos de deficiência.
Somente através de um esforço conjunto e de uma política de inclusão abrangente, alinhada com a Estratégia Nacional para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, será possível alcançar uma ciência aberta que promova a igualdade de oportunidades e fomente o desenvolvimento integral da sociedade.
A utilização de tecnologias de apoio, recursos digitais, inteligência artificial, realidade virtual, e recursos de texto-para-voz ou tradução em tempo real para LGP são exemplos de como a acessibilidade pode estar ao alcance de todos. O estabelecimento de parcerias com comunidades de pessoas com deficiência, recorrendo às mesmas para co-criar iniciativas de comunicação científica acessível, garante que as soluções desenvolvidas respondem diretamente às necessidades reais, promovendo uma comunicação científica mais eficaz, representativa e inclusiva.
É preciso relembrar, sempre, que a acessibilidade não é apenas uma necessidade, mas sim um direito que beneficia toda a comunidade. Uma sociedade bem informada tem maior capacidade de inovar, resolver problemas e fomentar inclusão.
A SPEM e a APNF, bem como os restantes envolvidos convocam todos para tomarem consciência e colaborarem na chamada de atenção para esta efeméride e para a importância da Acessibilidade e Inclusão na Comunicação de Ciência, estando disponíveis para apoiar no desenvolvimento desta temática.
Fonte: Nota de Imprensa / Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM)