“Violência entre Portas” é um projeto do Comando Distrital da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Évora, que apresenta, até ao final do mês, uma exposição fotográfica na Galeria do INATEL desta cidade alentejana.

Sensibilizar a comunidade para “a problemática da violência contra os idosos, ocorra ela dentro de casa ou em instituições” é um dos objetivos da iniciativa. Através deste trabalho são retratados diferentes tipos de violência, desde a física à sexual, passando pela financeira e psicológica, mas também pelo abandono e negligência.

Clementina Granjeia, Emília Dias, Filipe Granjeia, Maria Pereira, Mariana Cavaco, Olívia Rosa e Vitorina Pavia são os rostos desta exposição, dando o seu contributo para este alerta da PSP.

Segundo os promotores, “as imagens alusivas à violência sobre os idosos representam, cada uma delas, uma ‘porta’, simbolizando cada uma a entrada para a tomada de consciência destes crimes e ao mesmo tempo a possibilidade de saída dos mesmos, através das medidas de prevenção apresentadas nesta exposição”.

A mesma fonte adiantou que “para a concretização do projeto envolveram-se instituições que trabalham com o envelhecimento, como escolas do ensino básico e uma escola secundária, mas também a Fundação INATEL, a maquilhadora Ana Cavaco, a EPRAL, a Fundação Eugénio de Almeida, a Malvada Associação Artística e a Câmara Municipal de Évora (CME)”.

Acrescentou ainda que “os trabalhos efetuados tiveram a participação dos fotógrafos do Gabinete de Imprensa e Relações Públicas da Direção Nacional da PSP e dos idosos do Centro de Convívio da CME”.

A inauguração decorreu na passada terça-feira, assinalando também o Dia Internacional do Idoso. Estiveram presentes quatro idosas que deram “a cara” a esta exposição, nomeadamente Maria Pereira, Mariana Cavaco, Olívia Rosa e Vitorina Pavia.

Em conversa com o Diário do Sul (DS), contaram como foi participarem neste projeto e realçaram que “gostámos muito; foi esplêndido; é bom vivermos estas experiências”, não deixando de mostrar a sua satisfação e orgulho por terem estado envolvidas neste trabalho.

Também em declarações ao DS, o comandante distrital da PSP de Évora, superintendente Joaquim Simão, revelou que, “sensibilizar e consciencializar a comunidade em geral para este problema da violência dos idosos é um dos nossos objetivos”, dizendo que, “infelizmente, estas situações não são casos raros e, muitas vezes, por vergonha ou porque não têm apoio não são ajudados”.

Focou que, “para além daquilo que fazemos diariamente, que é falar com as pessoas e tentar fazer um levantamento das dificuldades para depois podermos sinalizar essas situações junto de outras entidades, achámos que esta exposição seria uma boa oportunidade para fazer chegar esta mensagem a muita gente”.

Joaquim Simão salientou que “procuramos com esta exposição levar a muitas pessoas aquilo que podem ser os sentimentos de pessoas que são violentadas, a diferentes níveis, e tentar afastar um pouco daquilo que é a solidão de algumas delas”.

Disse ainda que “procuramos que as outras entidades que são nossas parceiras também possam ter uma maior atenção neste tipo de casos”.

O comandante evidenciou também que “o feedback que me foi sendo dado desde o início foi precisamente que os idosos envolvidos tiveram uma resposta muito positiva a este desafio”.

O diretor nacional da PSP, superintendente Luís Carrilho, também marcou presença nesta sessão, confessando que “é um grande orgulho ver as excelentes sinergias e relacionamento que existe entre a PSP, a sociedade civil e as diferentes instituições que trabalham em Évora em prol da comunidade, inclusive os órgãos de comunicação social”.

Lembrou que “o trabalho dos polícias é, por vezes, um trabalho anónimo e escondido, mas de grande reconhecimento social para as pessoas que precisam”.

O mesmo responsável destacou que, “nesta terça-feira, em que se celebrou o Dia Internacional do Idoso e o Dia Mundial da Música, estivemos aqui em Évora, na Fundação INATEL, onde a PSP e outras instituições desenvolveram um projeto de proximidade no sentido de alertar para o flagelo da violência doméstica, sobretudo contra os mais idosos”.

Sublinhou que “tivemos aqui modelos, todos com ‘mais de 25 anos’, e que se expuseram a dar a face devidamente maquilhadas com situações de violência doméstica para alertar e sensibilizar toda a sociedade que todos devemos ter tolerância zero para a violência doméstica”.

A inauguração contou com a participação do Grupo de Metais da Banda Sinfónica da PSP. A esse respeito, o diretor nacional da PSP mencionou que essa atuação “contribuiu para alegrar o momento, pois os mais idosos, que já deram tanto aos outros, também devem ter a alegria, nesta fase da vida, de terem uma vida melodiosa e com música”.

De referir que a propósito do Dia Internacional do Idoso, foram divulgados os dados da operação “A Solidariedade Não Tem Idade – A PSP com os idosos”. Desses números, destaca-se que “foram efetuados 3 447 contactos individuais de prevenção criminal e 244 ações de sensibilização”.

É ainda focado que “dos contactos/ações efetuados durante a operação, resultou a sinalização de 918 idosos, dos quais 141 são vítimas de violência em contexto familiar, nomeadamente violência física e psicológica (sendo esta a mais comum), económica e ameaças”.

Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal

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