A Universidade de Évora (UÉ) criou uma nova pós-graduação em Globalização e Desafios do Desenvolvimento, tendo a lição inaugural sido proferida por Carlos Zorrinho, professor universitário e antigo eurodeputado.

O novo curso arrancou na passada sexta-feira e foi criado no âmbito da Cátedra UNESCO em Educação e Ciência para o Desenvolvimento e Bem-Estar Humano (EDUWEL).

À margem da sessão, José Manuel Caetano, diretor da pós-graduação “Globalização e Desafios do Desenvolvimento”, explicou que “este curso foi criado com o objetivo de prosseguir aquele que é o grande propósito da Cátedra EDUWELL, uma cátedra UNESCO que está sediada na UÉ e na Academia das Ciências de Lisboa e que tem 20 universidades de países de língua portuguesa associadas”, adiantando que “esta cátedra tem como grande objetivo promover a educação como ferramenta de bem-estar”.

Referiu também que “este é um curso de pós-graduação, o que significa que os alunos obtêm certificação, o que do ponto de vista profissional é uma mais-valia”, recordando que “já houve um primeiro curso, mais ligado à questão do ambiente, do ponto de vista mais técnico, e da biodiversidade”.

Relativamente a este segundo curso, José Manuel Caetano focou que “preocupa-se mais com a dimensão económica e social associada a este processo da globalização, que tem a ver, no fundo, com a extensão das atividades económicas a uma escala global”.

Acrescentou que “o grande objetivo é compreender as dinâmicas e as consequências deste fenómeno da globalização para que paralelamente possamos enquadrar estratégias de desenvolvimento respondendo a esse tipo de desafios”.

O mesmo responsável realçou que “para que o curso não tenha uma base puramente académica, nós recorremos a um conjunto diversificado de pessoas que vêm dar 25 conferências que têm como fio condutor esta questão de entender a globalização e de apresentar perspetivas de desenvolvimento”.

Frisou que “docentes de sete ou oito países decidiram participar neste curso, tudo ‘pro bono’, o que é de relevar, atendendo também ao objetivo da UNESCO, que é muito filantropo”, revelando que “é um curso todo projetado online com sessões síncronas, pois temos intervenientes no curso desde o Japão até ao Brasil”.

José Manuel Caetano sublinhou que “a pós-graduação tem uma duração de cerca de três meses e conta com mais de 40 alunos, de sete países diferentes”.

Também em declarações ao Diário do Sul, Carlos Zorrinho falou do tema da sua lição inaugural, que teve em destaque “A Globalização, Ética e Desenvolvimento Sustentável”.

Na sua opinião, “é muito importante que a UÉ tenha, no âmbito de uma cátedra, uma pós-graduação em Globalização e Desafios do Desenvolvimento”, considerando que “não há nenhum grande problema à escala local, nacional ou mundial que não tenha de ser resolvido com a colaboração de todos”.

Reiterou também que, “ao mesmo tempo, o que nós assistimos no mundo é a muitas pressões para haver populismos, nacionalismos, fragmentação”.

Segundo o professor universitário, “o que procurei nesta lição inaugural foi dizer que nada se faz sozinho, que temos de desenvolver uma linguagem que todos possamos desenvolver”, constatando que “essa linguagem é a do desenvolvimento humano e do bem-estar das pessoas”.

Na sua perspetiva, “aquilo que nos pode unir é um sentido ético na forma como trabalhamos em conjunto e cada um de nós deve ter ferramentas para poder criar as soluções”, comentando que “as soluções não devem ser, como muitas pessoas pensam, o chamado mundo desenvolvido instalar soluções no mundo menos desenvolvido, as soluções devem feitas em conjunto”.

Para Carlos Zorrinho, “cursos como este são muito relevantes que sejam desenvolvidos pela UÉ para o mundo, afirmando também Évora como uma capital global muito importante”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS / UÉ

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