A vigilância das águas balneares é uma questão importante ao longo de todo o ano, mas que ganha especial relevo durante a época do verão.

Foi precisamente esta temática que foi debatida na edição de agosto do programa da Rádio Telefonia do Alentejo feito em parceria com a Unidade de Saúde Pública (USP) do Alentejo Central.

A sessão contou com a participação de Patrícia Correia Rico, médica interna de Saúde Pública, e de Rita Roques, médica interna de Formação Geral.

O programa começou com a explicação do trabalho feito pela Saúde Pública em Portugal relativamente a esta área. Entre as ações que desenvolve, Patrícia Correia Rico adiantou que passam por “avaliar as condições de segurança e funcionamento das instalações e envolventes das zonas balneares; realizar análises que complementem a avaliação da qualidade das águas balneares; realizar estudos orientados para a avaliação de fatores de risco, quando existam dados ambientais ou epidemiológicos que o justifiquem; e ainda avaliar o risco para a saúde da prática balnear”.

Nesse sentido, referiu que, “em Portugal, temos o Programa de Vigilância Sanitária, cujo objetivo é informar as entidades competentes sobre os fatores de risco existentes ou elementos que confiram risco potencial, de modo a proteger a saúde dos utilizadores das zonas balneares e assim avaliar o risco das zonas balneares”.

Por sua vez, Rita Roques destacou “os diferentes tipos de águas balneares, nomeadamente águas interiores, águas costeiras e águas de transição, mas também os tipos de praia, como praias marítimas, praias de águas fluviais e praias de águas lacustres (lagos)”.

Deu ainda conta das definições de “praias de uso limitado e de praias de uso suspenso”, constatando que “estas classificações ajudam as autoridades de saúde e ambientais a gerir e monitorizar adequadamente as diferentes áreas balneares, considerando as suas características específicas e potenciais riscos associados durante a época balnear”.

A este respeito, Patrícia Correia Rico acrescentou que “no Alentejo Central encontramos águas balneares interiores, tendo múltiplas praias de águas fluviais listadas enquanto recurso para nos refrescarmos nos dias mais quentes”, sublinhando que “está previsto que o programa de vigilância inclua zonas balneares identificadas nos documentos publicados no enquadramento legal, mas também podemos considerar incluir na vigilância e monitorização outras zonas balneares cujas águas não tenham sido identificadas”.

Um dos pontos mais pertinentes desta conversa foi sobre a forma como a qualidade das águas balneares pode ter implicação na saúde das pessoas. A esse nível, Rita Roques focou que “temos a contaminação microbiológica, presença de cianobactérias, poluição química, impacto na segurança ou riscos a longo prazo”, revelando que “os principais parâmetros microbiológicos avaliados são a Escherichia coli e os Enterococos intestinais”.

A mesma médica interna evidenciou que “é crucial monitorizar regularmente a qualidade das águas balneares e informar o público sobre as condições atuais”, constatando que, “quando há riscos identificados, as autoridades de saúde podem desaconselhar ou proibir temporariamente, e até permanentemente, o uso da água para proteger a saúde pública”.

Deu ainda conta “das diferentes formas de comunicar à população uma alteração na qualidade da água e possíveis interdições”, apontando alguns meios, como “rádio, jornais físicos regionais, redes sociais, placas informativas na praia e sinalética de alerta ou através das autoridades locais (panfletos afixados nas juntas de freguesia, por exemplo)”.

Rita Roques alertou ainda para a importância de “procurar respeitar as instruções das entidades competentes e evitar a utilização recreativa de águas balneares cuja qualidade não cumpre os valores adequados num determinado parâmetro”.

Já em jeito de conclusão, Patrícia Correia Rico aconselhou que, “caso não se verifique notificação de existência de desaconselhamento para frequência de banhos e mesmo assim se sinta doente e exista necessidade de recorrer a um médico ou à linha de apoio do SNS 24, indique a frequência recente de uma zona balnear específica, caso sejam verificados múltiplos casos semelhantes, facilitando assim a intervenção das entidades competentes, se necessário”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS

Secção de comentários fechada.

Veja também

Importância da vacinação sazonal foi destacada na RTA

É no outono e no inverno que a gripe e a covid-19 causam maior impacto, sendo por isso rec…