Começou ontem mais uma edição da EXPOMOR, que decorre em Montemor-o-Novo no âmbito da Feira da Luz. É organizada pela APORMOR – Associação de Produtores do Mundo Rural da Região de Montemor-o-Novo, em parceria com o município local, e pode ser visitada até à próxima segunda-feira.

Para a APORMOR, este é um certame que vai ao encontro de uma das grandes missões da associação, que é “servir de ‘ponte’ entre o rural e o urbano”, sendo também “um reflexo daquilo que é o concelho de Montemor-o-Novo”.

Nesse sentido, importa conhecer melhor o trabalho que esta organização tem vindo a fazer desde a sua criação, há mais de 30 anos. Em entrevista ao Grupo Diário do Sul, Joaquim Capoulas, presidente da Direção da APORMOR, contou um pouco desta história.

“O concelho de Montemor-o-Novo é o sétimo maior do país, em termos de dimensão, mas em área agrícola é o maior de todos, é um concelho com muito boas pastagens, por isso é que estão aqui os maior efetivos pecuários das espécies ligadas ao pastoreio extensivo”, começou por contextualizar Joaquim Capoulas.

Sublinhou que, “inicialmente, a APORMOR foi criada como uma associação só de ovinos”, recordando que “começámos a pensar nela em 1987, 1988 porque a espécie ovina foi a primeira a ser apoiada a propósito da entrada de Portugal na antiga Comunidade Económica Europeia”.

O mesmo responsável focou que “foi criada em 1990, mas um ano depois o setor dos bovinos também estava em grande expansão e também passou a fazer parte da associação, bem como os caprinos”. Daí a sua anterior designação de Associação de Produtores de Bovinos, Ovinos e Caprinos da Região de Montemor-o-Novo.

Explicou que “houve aqui um grande dinamismo em 1990, criaram-se associações de raças e a APORMOR teve também muito entusiasmo nesse contexto”, destacando que “construiu-se o Parque de Leilões de Gado, que talvez seja o único parque de gado no país que é propriedade de uma associação”.

A esse respeito, o presidente da Direção da APORMOR realçou que “temos o maior leilão de gado do país, são aqui comercializados por ano uma média de 32 mil ou 33 mil bovinos”.

Especificou que “também fomos pioneiros na realização de leilões de ovinos e chegámos a comercializar 27 500 animais por ano, mas, neste momento, já há mais leilões e, por isso, andamos pelos 24 ou 25 mil por ano”.

Um dos pontos evidenciados por Joaquim Capoulas foi que “os efetivos bovinos e ovinos têm diminuído em toda a Europa”, exemplificando que “há um levantamento que dá conta de que entre 2013 e 2023 houve uma diminuição de cinco por cento nos efetivos de bovinos, de nove por cento nos efetivos de ovinos e de 15 por cento nos caprinos”.

Na sua opinião, “tudo isso é reflexo da pouca atenção de que o setor foi alvo nas políticas agrícolas e pelos governantes, em que se privilegiava a parte ambiental”, alertando que “tudo isso é um erro porque se há ambientalista é o agricultor, que é aquele que está no terreno, aqueles projetos desenhados num gabinete longe da realidade das coisas são sempre um falhanço”.

O presidente da Direção da APORMOR lembrou também “a revolta dos agricultores em Portugal e na Europa para chamar a atenção de que o interior dos países vai ficar deserto porque há um desincentivo para a continuação da atividade ligada ao setor, que é o único que consegue equilibrar os ecossistemas rurais”.

Garantiu ainda que “nos nossos leilões não se tem refletido essa diminuição porque estão a vir animais de quase todo o país para serem comercializados, dado que há uma grande concentração de comerciantes que vêm aqui comprar, oriundos de norte a sul de Portugal”.

Relativamente à APORMOR, salientou que “começou com cerca de 400 associados porque havia um entusiasmo muito grande, depois, nos anos 90, vieram políticas agrícolas que fomentavam a não produção, bem como a crise das ‘vacas loucas’, e houve um decréscimo”, constatando que, “em 2008, chegámos a ter 110 associados”.

Segundo Joaquim Capoulas, “a partir de 2012, começámos a sentir que tudo isto tinha de mudar e foi aí que começámos a dinamizar muito as atividades da associação, ajudando a reativar a atividade agrícola, essencialmente, a pecuária”.

Mencionou que “uma das medidas que tomámos foi subvencionar a compra de reprodutores em leilões que aqui fazermos todos os anos na EXPOMOR”, contando que “começámos pelos machos porque era o fator que mais rapidamente traria melhoramento genético e melhor rendimento aos agricultores, mas depois alargámos também às fêmeas, àquelas raças que nós entendemos que são as adequadas para o nosso território”.

O mesmo responsável focou que “isso conduziu a um crescimento grande e nesta altura já temos à volta de 320 associados”.

A par disso, explicitou que, “em 2019, também procedemos a uma alteração estatutária”, reiterando que “a APORMOR era uma associação de produtores de bovinos, ovinos e caprinos, mas abrimos o leque de associados a todas as atividades económicas do mundo rural”.

Além disso, “criámos também os sócios amigos da APORMOR, aquelas pessoas que não têm qualquer atividade económica ligada ao mundo rural, mas que partilham dos nossos valores e da nossa maneira de ver esta ligação entre o campo e a cidade”.

Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS

Secção de comentários fechada.

Veja também

Xi Jinping destaca importância das relações entre a China e África

O Presidente chinês, Xi Jinping, discursou hoje (quinta-feira, dia 5) na cerimónia de aber…