Cartazes ou jornais, entre outros documentos do Arquivo Ephemera, que retratam pedaços da nossa história relativa ao 25 de Abril, estão patentes em Évora, numa iniciativa da União das Freguesias (UF) de Bacelo e Senhora da Saúde.

A exposição “A revolução e o que ela trouxe” está integrada no programa de comemorações alusivo aos 50 anos do 25 de Abril que esta autarquia tem vindo a promover.

Inaugurada no dia 20 de julho, no edifício da Senhora da Saúde, esta mostra fica patente neste local até 20 de agosto, seguindo depois para o edifício do Bacelo, entre 26 de agosto e 26 de setembro.

Segundo a UF de Bacelo e Senhora da Saúde, “a exposição apresenta materiais do Arquivo Ephemera relacionados com o 25 de Abril de 1974 e o período subsequente”, adiantando que “oferece uma perspetiva abrangente sobre a Revolução dos Cravos e o seu impacto na sociedade portuguesa”.

A mesma fonte destacou algumas das peças que podem ser observadas durante a visita, nomeadamente “jornais de diversas forças políticas, incluindo o primeiro ‘Avante!’ publicado em liberdade; cartazes históricos ilustrando a iconografia da época; ou documentos que retratam a explosão da participação cívica e a democratização da política”.

A inauguração da mostra contou com a presença de José Pacheco Pereira, responsável do Arquivo Ephemera, que partilhou mais pormenores sobre os materiais expostos e os momentos históricos que representam.

À margem da sessão, Luís Pardal, presidente da UF de Bacelo e Senhora da Saúde, explicou que, “ao longo deste ano, já fizemos uma série de iniciativas relacionadas com a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, como a construção de um mural alusivo à liberdade ou um encontro de poetas populares”.

Acrescentou que “este é mais um momento em que trazemos aqui um conjunto de arquivo de interesse histórico relativo aos primeiros anos pós 25 de Abril”.

O autarca realçou que “tivemos a presença de José Pacheco Pereira, que dirige o Arquivo Ephemera que tem um papel muito importante naquilo que é a preservação de tudo”, constatando que “como ele diz ‘tudo interessa’ para construir, desenhar e consolidar aquilo que são as memórias e a nossa história”.

Para Luís Pardal, “com a sua presença aqui tivemos a possibilidade de refletir sobre aquilo que são as conquistas de Abril, mas também os desafios atuais para a consolidação da democracia”.

Na sua opinião, “sendo uma junta de freguesia, esta é uma casa em que devemos todos os dias procurar consolidar aquilo que é o processo autárquico e a consolidação democrática”.

Defendeu também que “o futuro de todos nós e da consolidação democrática tem que ter bem presente a importância de não esquecermos aquilo que é o passado”, reiterando que “esta exposição pretende precisamente avivar aquilo que foram as vivências do passado”.

O presidente da UF ressalvou que “damos muito valor àquilo que é o contexto histórico, pois sem contexto histórico não vamos conseguir construir um futuro que todos queremos que seja bom”.

Revelou ainda que “a partir desta exposição há uma clara abertura de José Pacheco Pereira e do Ephemera para disponibilizar mais material e até para visitar o espaço do arquivo”.

Em declarações aos jornalistas, José Pacheco Pereira falou da importância de apresentar estes documentos num espaço como o de uma junta de freguesia.

“Nós partimos do princípio de que não há locais de primeira, nem locais de segunda”, referiu, garantindo que “fizemos sempre um grande esforço para poder levar pequenas exposições (muitas vezes tem a ver com a dimensão do espaço ou com as suas características) um pouco por todo o país e tratar essas exposições com a mesma dignidade com que tratamos uma exposição maior”.

O responsável do Arquivo Ephemera sublinhou que “ficamos contentes com esta exposição”, recordando que “este ano já fizemos duas ou três da mesma natureza em pequenas juntas de freguesia um pouco por todo o país”.

Mencionou também a relevância “das pessoas terem acesso a materiais originais e perceberem o valor da memória”, constatando que “a luta pela memória é uma luta política no sentido mais lato do termo, é uma luta pela democracia”.

Na perspetiva de Pacheco Pereira, “a memória vive de todos os sinais e este é um trabalho para dar a entender à maioria das pessoas uma coisa básica, que corresponde a uma frase de George Orwell e que pode ser usada de várias maneiras, ‘Quem controla o passado controla o presente, quem controla o presente controla o futuro’”.

Relativamente ao Arquivo Ephemera, a UF de Bacelo e Senhora da Saúde evidenciou que “dedica-se ao salvamento, preservação e divulgação pública de espólios, acervos, livros, manuscritos, documentos, papéis, panfletos, objetos, entre outros, portugueses e estrangeiros, relacionados com a memória da história social, cultural, sindical e política contemporânea”.

Texto e Fotos: Redação DS / Marina Pardal

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