Até ao final do ano, a Exposição Quem és tu? — Um teatro nacional a olhar para o país estará patente em Sines, no Centro de Artes, até ao próximo dia 18 de novembro, e em Faro, no Teatro das Figuras, entre 24 de novembro e 16 de dezembro.
Quem és tu? recupera a relação da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, à qual, no final de 1929, foi concessionado o Teatro Nacional D. Maria II, com o país. Resultado de uma parceria entre o D. Maria II, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e o Museu Nacional do Teatro e da Dança, a exposição tem curadoria do programador cultural Tiago Bartolomeu Costa.
“Tem sido um privilégio trabalhar em parceria com a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e com o Museu Nacional do Teatro e da Dança para conceber e difundir a Exposição «Quem és tu? — Um teatro nacional a olhar para o país», um rigoroso trabalho do curador Tiago Bartolomeu Costa, que constitui um contributo original e significativo para a historiografia do teatro em Portugal”, afirma Rui Catarino, Presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II.
“Um retrato de quase 100 anos da complexa história do Teatro Nacional D. Maria II, e do teatro em Portugal, em permanente ligação com os seus contextos políticos e sociais, esta exposição leva a todo o país uma oportunidade única de compreender melhor a relevância do teatro português e a forma como espelhou e foi catalisador de mudanças do nosso país. Só com o esforço conjunto da equipa do D. Maria II e de todos os parceiros envolvidos, é possível empreender uma operação com esta escala”, conclui.
Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva, afirma: “Queremos tirar partido das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril para promover um maior conhecimento do passado, indispensável à reflexão sobre o futuro. Pretendemos que os 50 anos de liberdade e democracia deem o mote para construirmos uma sociedade mais participativa, plural e democrática, e a Cultura, materializada em iniciativas como esta, é imprescindível neste caminho”.
A exposição em Sines e Faro: visitas guiadas, debates e oficinas para famílias
O Centro de Artes de Sines recebe a exposição«Quem és tu? — Um teatro nacional a olhar para o país» até ao dia 18 de novembro.
Sines é o sétimo concelho do país onde esta exposição está patente e o único onde serão expostos um Telão da autoria de Graça Morais – construído em 1995, para a peça Ricardo II, de William Shakespeare, com encenação de Carlos Avilez, e apresentado pela primeira vez em contexto expositivo – e o Cenário-tapeçaria que Abílio de Mattos e Silva criou e desenhou para o espetáculo de reabertura do Teatro Nacional D. Maria II, em maio de 1978, após o incêndio que destruiu o edifício em 1964. O espetáculo de reabertura era composto por Auto da Geração Humana, atribuído a Gil Vicente, e o Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett. Nesta exposição, recria-se, de uma forma simbólica, o espaço cénico da peça Auto da Geração Humana, através das tapeçarias/telões de Abílio de Mattos e Silva, bem como do figurino usado em cena por Eunice Muñoz, desenhado pelo mesmo artista.
Estas duas peças revestem-se de elevado valor patrimonial e histórico, tanto para a história do Teatro Nacional D. Maria II como do teatro português.
Neste concelho, está ainda agendada uma visita guiada à exposição com o curador, no dia 17 de novembro, sexta-feira, às 14h30. Na mesma data, pelas 16h30, tem lugar o debate «Mitos, mitologias, ficção e identidade», com moderação de Tiago Bartolomeu Costa.
No dia 18 de novembro, domingo, às 15h, acontece uma Oficina para Famílias (crianças a partir dos 10 anos), dinamizada por Vera Santos. Estas sessões duram 1h30.
A partir de dia 24 de novembro, a exposição estará patente em Faro, no Teatro das Figuras. A inauguração acontece no dia 24, pelas 18h30, seguida de uma visita guiada pelo curador. A 16 de dezembro, sábado, pelas 15h, decorre nova visita guiada, também com orientação de Tiago Bartolomeu Costa.
No dia 25 de novembro, sábado, às 10h30, tem lugar uma Oficina para Famílias.
A 16 de dezembro, sábado, pelas 17h, o espaço acolhe um debate em torno do país social e cultural das primeiras décadas do século XX, e do D. Maria II como lugar de revelação e validação.
O teatro português e a sua relação com o Regime
A concessão do Teatro Nacional D. Maria II à Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro acompanhou 45 dos 48 anos da ditadura do Estado Novo, tendo-se iniciado em 1929 — três anos depois da instauração da ditadura militar —, e sido continuamente renovada, incluindo em 1964, após o incêndio que encerrou o edifício. Só a Revolução levaria ao fim do contrato, em 1974.
Nesse período, o teatro português desenvolveu-se, afirmou-se, reagiu e definiu-se na relação com o Regime. As consequências dessa relação criaram uma prática e história para o teatro e, em particular, para uma ideia de teatro nacional.
Recuperando a relação da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro com o território nacional, a Exposição Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país estabelece ligações entre a prática artística e o seu contexto político e social, sublinhando relações entre os espetáculos apresentados e as diferentes camadas de representação (do país, da sociedade, do teatro e dos regimes políticos), potenciando a perceção pública de uma certa ideia de (e para o) teatro nacional, tanto enquanto edifício, como na sua missão.
Através de linhas temáticas comuns, são estabelecidas relações entre espetáculos distintos, propondo leituras que aprofundem a prática artística e a implementação de políticas, num trabalho que identifica princípios de resistência, mas também de participação nas atividades e ações do regime.
Uma viagem pelo país
Integrada na Odisseia Nacional, um projeto de coesão territorial desenvolvido pelo Teatro Nacional D. Maria II desde o início de 2023, a Exposição Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país passou já por seis concelhos de Portugal Continental e Ilhas desde março deste ano: Águeda, Caldas da Rainha, Évora, Funchal, Ribeira Grande e Viseu.
Ao longo destes meses, cerca de 2 mil pessoas visitaram a Exposição nas várias regiões do país e participaram nas suas atividades paralelas: visitas guiadas, debates e oficinas para famílias.
Fonte: Nota de Imprensa / Teatro Nacional D. Maria II
Fotos: João Versos Roldão