O desafio para as empresas e entidades públicas criarem espaços “baby-friendly” para as funcionárias partiu de Antónia Martins, enfermeira ESMO (Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia), no final da sessão “Amamentação e trabalho, uma responsabilidade de todos – Vamos falar sobre isto?”.
Este debate aconteceu no Palácio D. Manuel, em Évora, no dia 11 de outubro, no âmbito da Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM). A iniciativa foi promovida por um grupo de trabalho que junta profissionais de diferentes unidades funcionais do ACES Alentejo Central (UCC de Évora, USF Planície e USF Salus).
Segundo a organização, a SMAM “é uma campanha de sensibilização levada a cabo por um dos grupos de trabalho que fazem parte da World Alliance for Breastfeeding Action, com o objetivo de consciencializar e galvanizar ações sobre temas relacionados com a amamentação”.
Recordou ainda que “é celebrada oficialmente entre os dias 1 e 7 de agosto, em mais de 170 países”, explicando que, “em Portugal, como noutros países da Europa e América Latina, celebra-se noutras datas, concretamente na 41.ª semana do ano, homenageando e respeitando o tempo de gestação”.
Em 2023, o tema escolhido para esta semana foi “Apoie a amamentação: Faça a diferença para mães e pais que trabalham”. A esse propósito, foi então realizada em Évora a referida sessão, que contou com cerca de duas dezenas de pessoas, entre grávidas, pais e profissionais de saúde.
À margem do evento, Antónia Martins partilhou os principais desafios para a comunidade nesta conjugação entre o aleitamento materno e o trabalho.
“Destaco a importância de sermos em Évora uma sociedade inclusiva e responsiva, na qual se respeitem as mulheres lactantes e que amamentam e onde se respeite o trabalho digno”, referiu.
Na sua perspetiva, “digno é a mulher dar mama e a entidade patronal e os seus pares a elogiarem pela amamentação do seu filho, pelo benefício que isso traz para ele, mas também para o bem comum porque os Objetivos do Milénio 2030 estão acoplados às temáticas do aleitamento materno”.
De acordo com a mesma enfermeira, “temos em Évora um dos melhores projetos europeus, a TE Connectivity, que tem três salas de lactação e, para além da mulher lactante gozar das suas horas de amamentação, foram negociadas em concertação social mais duas pausas para as mulheres poderem tirar o leite”.
Nesse sentido, desafiou “outras empresas e entidades públicas, como a Segurança Social ou a câmara municipal, a criarem espaços ‘baby-friendly’ para as funcionárias e que as próprias instituições de saúde valorizem os seus trabalhadores nesta matéria para podermos ser um exemplo, enquanto entidade promotora da saúde”.
A par disso, Antónia Martins lembrou que “Évora vai Capital Europeia da Cultura em 2027 e faz sentido criar espaços ‘baby-friendly’ para as pessoas que passarem por aqui, em locais como um jardim público ou uma biblioteca, por exemplo”.
A sessão ficou ainda marcada pela intervenção de Ana Costa, diretora do Núcleo de Prestações do Centro Distrital de Segurança Social de Évora, que salientou que “a agenda do trabalho digno e a nova legislação, que entrou em vigor a 1 de maio deste ano, vêm trazer uma reforma do ponto de vista laboral com alterações que têm incidência na parentalidade”, especificando que “traz a possibilidade de aumento da licença, nomeadamente do período exclusivo do pai”.
Realçou também que “quanto mais tempo de partilha os pais tiverem, mais possibilidade há do subsídio aumentar”.
Na sua opinião, “um dos pontos mais importantes é a conciliação da vida profissional com a vida familiar e potenciar a partilha das responsabilidades com o pai”, considerando que “isso pode ser um ponto de viragem na nossa sociedade de hoje e um ponto de apoio da parte da sociedade para com estas famílias”.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS