“Novas Substâncias Psicoativas – Novos Problemas?”. Este foi o tema discutido na Rádio Telefonia do Alentejo (RTA), no âmbito do programa feito em parceria com a Unidade de Saúde Pública (USP) do Alentejo Central. Na edição de agosto, estiveram presentes a médica interna de Formação Geral Margarida Consolado e a enfermeira Rita Leão.
O programa teve início com a definição de droga apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Margarida Consolado adiantou que droga é “toda a substância que, pela sua natureza química, afeta a estrutura e funcionamento do organismo”.
Especificou ainda que, “segundo o SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências), as drogas dividem-se em ‘Depressoras’, ‘Estimulantes’ ou ‘Alucinogénias’”.
A mesma médica interna referiu que “as primeiras deprimem a atividade do cérebro e provocam relaxamento, como, por exemplo, o álcool; enquanto as ‘Estimulantes’, contrariamente às anteriores, aumentam o estado de alerta e atenção, diminuem o sono e a fadiga, como é o caso da cocaína”.
Já as “Alucinogénias”, realçou que “distorcem a realidade alterando os nossos sentidos, como o ecstasy (MDMA)”, destacando ainda que “a canábis, pelas suas características, constitui uma categoria específica”.
De acordo com Margarida Consolado, “a dependência representa um estado em que há uma necessidade física e/ou psicológica de consumir uma determinada substância, devido ao seu uso contínuo”, exemplificando que “existem dois tipos de dependência, a física, que se refere às mudanças que ocorrem no nosso organismo após o uso repetido de drogas; e a psicológica, que se refere à vontade incontrolável de ingerir drogas”.
Alertou também que, “enquanto a dependência física pode desaparecer em dias ou semanas, a dependência psicológica é muito mais complexa”, reiterando que, “na maioria das vezes, as recaídas devem-se à dificuldade de combater a dependência psicológica”.
A médica interna frisou ainda que “quando um indivíduo dependente cessa o consumo, aparecem um conjunto de sintomas físicos e psíquicos, como, por exemplo, irritabilidade, confusão mental ou ansiedade, que denominamos como ‘síndrome de abstinência’”.
Relativamente a dados de consumo de droga em Portugal, explicou que, “todos os anos, o SICAD elabora um relatório a esse respeito”, especificando que o último, relativo a 2021, “revela que a região autónoma dos Açores e a região Norte são as zonas com maiores consumos e que as substâncias que mais se consomem em Portugal são o álcool, o tabaco e a canábis, seguidos da cocaína e do ecstasy”.
Outro dos alertas deixados por Margarida Consolado foi que, “nos últimos anos, têm surgido em força as ‘Novas Substâncias Psicoativas’, com o objetivo de imitar os efeitos das drogas já existentes”.
Esclareceu que “não têm que ser obrigatoriamente moléculas novas, podem simplesmente ter aparecido recentemente no mercado ou até serem fármacos que agora são utilizados como drogas”, lembrando que “este é um fenómeno recente, bastante dinâmico, que se encontra em constante mudança, tornando-se num grande desafio e preocupação para as autoridades, pois é um mercado perigoso e sem qualquer tipo de controlo de qualidade”.
Durante o programa também foram evidenciados alguns contactos que podem ajudar quem tem algum tipo de dependência.
Rita Leão salientou que “o SICAD é um serviço nacional que tem como missão promover a redução do consumo de substâncias psicoativas, prevenir comportamentos aditivos e diminuir as dependências”.
Sublinhou que “a linha de apoio no Alentejo Central é o Centro de Respostas Integradas (CRI) do Alentejo Central, situado na Rua Gil Monte (Bairro das Corunheiras) – lote 2A, em Évora (contacto telefónico – 266 009 800)”.
A mesma enfermeira recordou que “os centros de saúde também são um local onde qualquer utente pode recorrer para receber apoio e ser devidamente encaminhado”.
A par disso, focou que “a Linha de Apoio Nacional a utilizar, neste âmbito, é a ‘Linha Vida SOS Droga’, bastando ligar o 1414, das 10h00 às 18h00, de segunda a sexta-feira, sendo este um atendimento anónimo, gratuito e confidencial”.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS