Alandroal, Arraiolos, Évora, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Sousel e Vila Viçosa. Estes são os nove concelhos onde, atualmente, se encontram as 19 agências que fazem parte da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo (CCAM) do Alentejo Central.
Em 2023, estão a ser assinalados os 110 anos da Caixa de Crédito Agrícola matriz, a de Évora. Hoje, e após diversas fusões, esta entidade bancária abrange uma área territorial bem mais vasta.
Vamos então conhecer um pouco da história que está na origem desta instituição, recordando mais de um século de experiência, mas também ficando a par dos projetos atuais e futuros.
O presidente do Conselho de Administração da CCAM do Alentejo Central, José Tirapicos Nunes, começou por referir que “neste mês de julho, celebram-se os 110 anos da assinatura do decreto da então CCAM Eborense”.
É ainda destacado que “a 2 de agosto de 1913, por Alvará assinado pelo Presidente da República, Manuel de Arriaga, foram aprovados os Estatutos da CCAM Eborense”.
Neste percurso até aos dias de hoje, ainda assumiu a designação de CCAM de Évora e só mais recentemente passou a ser CCAM do Alentejo Central, em resultado das fusões que foram ocorrendo.
De salientar que, “em 1991, ocorreu a fusão da CCAM Eborense com as caixas de Arraiolos, de Montoito e de Portel, originando então a CCAM de Évora”.
Já em 2009, aconteceu “a fusão da CCAM de Évora com a CCAM do Alto Guadiana (Alandroal, Mourão, Reguengos de Monsaraz e Vila Viçosa), dando origem à CCAM do Alentejo Central”. Quanto à fusão com a CCAM de Sousel, é mais recente e data de 2020, explicando José Tirapicos Nunes que, “neste momento, somos o resultado de nove Caixas”.
Nesta celebração dos 110 anos, a CCAM do Alentejo Central foi o patrocinador oficial de várias atividades da Feira de São João, destacando-se o XLI Grande Prémio S. João de Atletismo ou o jantar de distinção de empresas PME Líder 2022, realizado também no dia 24 de junho.
Relativamente à criação do Crédito Agrícola, já com 112 anos, o mesmo responsável recordou que “foi fundado como uma cooperativa de crédito”, realçando, contudo, que “os seus antecedentes são bem mais antigos”.
Acrescentou que “a sua relação com Évora é muito profunda e baseia-se naquilo que foram os Celeiros Comuns, existentes em diferentes pontos do país, tendo sido o primeiro nesta cidade alentejana”.
O presidente do Conselho de Administração da CCAM do Alentejo Central focou que “os Celeiros Comuns foram criados no tempo de D. Leonor, também fundadora das Misericórdias, e serviam para emprestar sementes aos agricultores, sobretudo aos pequenos e médios agricultores porque tinham algumas dificuldades em se financiarem, pois muitas vezes não eram proprietários das terras”.
Comentou ainda que, “já no fim da monarquia, continuando a haver carência de financiamento à agricultura, começou a desenvolver-se o tema do Crédito Agrícola (CA)”, apontando que foi “depois, com a República, nomeadamente com Brito Camacho, que se dá o grande salto na criação do CA”.
È difícil relatar um percurso que tem mais de 100 anos, mas José Tirapicos Nunes evidenciou que “o CA teve uma expansão relativamente rápida durante o período da República, mas depois, devido também à situação económica, o Estado Novo colocou o CA, no que respeita aos empréstimos, na dependência da Caixa Geral de Depósitos, o que atrofiou um pouco o seu desenvolvimento”.
Mais tarde, “já em democracia, com o objetivo de se autonomizarem e de alargarem a sua atividade bancária, e como a dimensão das Caixas era pequena, foi criada, em 1978, a FENACAM – Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo”, justificou.
A sua autonomia deu-se em 1982 e, dois anos depois, “foi criada a Caixa Central do Crédito Agrícola Mútuo”, destacando o mesmo responsável “a adoção do SICAM (Sistema Integrado do Crédito Agrícola Mútuo)”,
Voltando à CCAM do Alentejo Central, é de realçar que tem mais de 8730 associados, contabilizando cerca de 33 760 clientes. O presidente do Conselho de Administração sublinhou ainda que, “apesar de termos de cumprir regras, diferenciamo-nos pela nossa autonomia, bem como pela proximidade na decisão, o que nos permite também desenvolver outras atividades”.
Exemplificou que “apoiamos uma boa parte dos clubes desportivos da região, bem como outras instituições ou situações pontuais”, considerando que “há certas coisas que só se podem fazer num banco como este, em que as pessoas se sentem envolvidas”.
José Tirapicos Nunes disse que “também temos uma relação de proximidade com as autarquias, para tentar saber os projetos existentes, já que abrangemos uma grande área territorial”.
A par disso, frisou que, “apesar de continuarmos a ser uma Caixa Agrícola e de termos, por exemplo, um técnico agrícola que ajuda na elaboração de projetos, temos todas as ofertas possíveis em termos de crédito e outros investimentos”.
Em relação a projetos da própria CCAM do Alentejo Central, o mesmo responsável garantiu que “temos investido muito na modernização das agências e no melhoramento dos espaços”, anunciando que “vamos disponibilizar em todos os concelhos em que estamos presentes o chamado ‘Balcão 24 Horas’, que permite às pessoas fazerem depósitos, levantamentos e outras transações a qualquer hora”.
Constatou que, “normalmente, só há estes balcões nas cidades, mas nós vamos colocá-los em todas as sedes de concelho”
Relativamente à sede da CCAM do Alentejo Central, localizada em Évora, José Tirapicos Nunes relembrou “foi feita quando era apenas uma Caixa, agora como somos o somatório de nove, o espaço já é limitado”.
Nesse âmbito, revelou que “o edifício da nova sede fica no Parque Industrial e Tecnológico de Évora e já está na fase final da construção, prevendo-se que seja inaugurado ainda este ano”.
Pode ver a reportagem vídeo no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=GL5Zh5WkPto&t=17s
Autor: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS