“O impacto da qualidade do ar na saúde das populações” foi o tema escolhido pela equipa da Unidade de Saúde Pública (USP) do Alentejo Central para a edição de abril do programa feito em parceria com a Rádio Telefonia do Alentejo (RTA).
Para falar sobre estas questões, marcaram presença Pedro Jorge, médico interno de Formação Geral, e os técnicos de Saúde Ambiental, Carlos Domingues e Cátia Gusmão.
A conversa começou com uma explicação sobre o que é a poluição. De acordo com Pedro Jorge, “corresponde à introdução no ambiente de substâncias prejudiciais para o ser humano e outros organismos, tratando-se de um problema que traz malefícios para a agricultura, assim como afeta a qualidade das chuvas”.
Acrescentou ainda que “a alteração nos ecossistemas pode também afetar a distribuição de doenças que não são endémicas, isto é, que são típicas de outros países, neste caso mais quentes”.
Quanto às características mais importantes num poluente, o médico interno esclareceu que “são o tipo de poluente (se é o monóxido de carbono, compostos azotados ou outro) e o calibre do mesmo”.
Deu ainda conta de que “as principais fontes de poluentes são exteriores, correspondendo ao setor energético, a refinarias e à indústria química, assim como aos transportes”.
Já ao nível dos espaços interiores, Pedro Jorge adiantou que “as maiores fontes de poluição correspondem a atividades de limpeza, de confeção de alimentos e ao tabagismo”, lembrando que “devem ser considerados alguns fatores determinantes na distribuição destes poluentes em locais fechados, como a humidade, a temperatura e a ventilação do local”.
Em relação ao Alentejo, o médico interno frisou que “a qualidade do ar é boa, sendo que os níveis de ozono troposférico (um poluente), isto é, o ozono que respiramos, se encontram em níveis ‘muito bons’, tal como os de dióxido de azoto”.
Na abordagem aos efeitos da poluição atmosférica na saúde humana, “são vários os sistemas de órgãos que podem ser afetados”, referiu, destacando que, “no sistema circulatório, o ozono troposférico favorece os enfartes agudos do miocárdio em pessoas já com placas de gordura nas artérias, além da exposição persistente ao monóxido de carbono favorecer o aparecimento dos mesmos”.
Pedro Jorge focou ainda que, “no sistema respiratório, as poeiras, o ozono troposférico e o dióxido de azoto agravam a asma e a bronquite, enquanto o tabagismo favorece o aparecimento de tumores malignos”.
Evidenciou também que “o olho é outro dos órgãos afetados”, exemplificando que “os poluentes no geral favorecem o aparecimento de queratoconjuntivites ou que alguns poluentes favorecem o consumo dos antioxidantes protetores de uma parte do olho (cristalino), o que favorece o aparecimento da catarata”.
A par disso, o médico interno enumerou outros problemas que podem surgir, como “glaucoma, uveíte, retinopatia diabética ou a degeneração da mácula”.
Perante este cenário, importa conhecer certas medidas que podem “mitigar os efeitos da poluição do ar nos espaços exteriores e interiores”, sublinhou Cátia Gusmão, recordando que este “deve ser um esforço de todos”.
Alertou que, “a nível individual, não se deve desvalorizar os alertas que vão sendo emitidos pelas autoridades competentes neste âmbito, sendo a literacia para a saúde também relevante”, recomendando ainda que “deve ser dada a prioridade à deslocação a pé, à utilização de bicicleta, à utilização de transportes públicos ou de transportes partilhados”.
No que diz respeito aos espaços interiores, Carlos Domingues realçou que “podem ser melhor ventilados, por exemplo, abrindo as janelas ou ligando o ar condicionado ou um purificador de ar”.
Apontou também que, “para quem é fumador, a cessação do consumo de tabaco é outra boa forma de diminuir a poluição”, constatando ainda que “as plantas de folha verde (como as orquídeas) são particularmente úteis na purificação do ar”.
Autor: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS