Foi em Évora que arrancaram as comemorações dos 20 anos da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, que se assinalam a 17 de outubro.
“PORTUGAL IMATERIAL: Convenção UNESCO 2003-2023” é o mote para o programa preparado pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que prevê atividades ao longo de todo o ano.
Em Évora, decorreu o primeiro momento destas celebrações com um encontro no dia 3 de abril, com a participação “de um conjunto de intervenientes relacionados com o património cultural imaterial em Portugal”, de acordo com os promotores.
A mesma fonte referiu que “o objetivo foi fazer uma reflexão sobre as dinâmicas deste património, como o papel dos detentores dos saberes e práticas, a sua relação com a vida dos museus e com a sustentabilidade”.
A sessão de abertura contou com a presença de Rita Jerónimo, subdiretora da DGPC; do embaixador José Filipe Moraes Cabral, presidente da Comissão Nacional da UNESCO; de Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara de Évora; e de Ana Paula Amendoeira, diretora regional de Cultura do Alentejo.

À margem da sessão, Rita Jerónimo explicou que “a DGPC criou um programa para comemorar os 20 anos da Convenção da UNESCO, que no fundo promove a salvaguarda deste tipo de património que são as festividades, o saber-fazer ou as manifestações tradicionais culturais”.
Destacou ainda que “o programa desenvolve-se em três grandes momentos: ‘O Encontro’, ‘O Território’ e ‘A Festa’, tendo o arranque acontecido em Évora com esta reflexão com as entidades que promovem a salvaguarda do património imaterial”.

Quanto ao segundo momento, “está previsto iniciar em maio e decorrerá até final do ano, com a disponibilização de uma plataforma digital no website da DGPC, em que se pretende criar um local de divulgação e partilha dos diferentes acontecimentos que ocorrem nas várias zonas do país e que celebram o património cultural imaterial”, acrescentou a organização.
Já o momento “A Festa”, vai decorrer “entre 17 e 22 de outubro, em Lisboa, com várias iniciativas abertas ao público, como concertos, performances, workshops, mostras, espaços de gastronomia, todas elas alusivas a manifestações de património cultural imaterial”, adiantou Rita Jerónimo.
Na sua opinião, “esta convenção teve um grande impacto a nível do trabalho local”, salientando que “as autarquias começaram a aperceber-se do valor de determinadas manifestações culturais, que são distintivas de cada território”.
A subdiretora da DGPC realçou também que “nós promovemos o Inventário Nacional do Património Imaterial, que tem já muitas manifestações inscritas, e percebemos que o imóvel já está bem tratado, classificado e identificado, agora é tempo de olhar para estas festas, os conhecimentos sobre a natureza, o saber-fazer, aspetos que se vão perdendo com as pessoas”, considerando que “as autarquias estão agora muito despertas para esse tipo de património e isso é uma grande mais-valia da convenção”.
Enquanto anfitrião do evento, Carlos Pinto de Sá mostrou-se muito satisfeito com a escolha de Évora para acolher este encontro, dando ênfase ao facto da cidade ir ser Capital Europeia da Cultura em 2027.
O presidente da Câmara de Évora recordou ainda que “a nossa candidatura propõe que a cultura esteja no centro desse processo, de transformação da cidade e do Alentejo, mas fazendo a ponte com as outras áreas”.
Focou ainda que a escolha do “vagar, um conceito muito próprio da nossa identidade alentejana, propõe uma nova forma de olhar para a organização da sociedade que salvaguarde e valorize o ser humano, desafiando-nos a fazer essa reflexão sobre a vida que queremos”.
Autor: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS