A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo e o Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT) deram o pontapé de saída no que diz respeito ao debate e acompanhamento das Agendas Mobilizadoras no Alentejo com a sessão de apresentação de 17 agendas e um momento de networking.

Nesse sentido, o PACT a CCDR do Alentejo organizaram, no dia 4 deste mês, uma sessão de trabalho sobre as Agendas Mobilizadoras com investimentos no Alentejo, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o que representou uma iniciativa ímpar a nível regional.

Esta atividade encontrou-se alinhada com a responsabilidade do PACT, enquanto elemento dinamizador da ambição do Alentejo, uma vez que lidera o Sistema Regional de Transferência de Tecnologia (SRTT) e integra quatro das 32 Agendas Mobilizadoras implementadas na região, mas também enquanto elemento agregador, tendo em vista a coordenação de atividades de desenvolvimento regional e a apresentação à comunidade do impacto que os investimentos do PRR estão a ter no Alentejo.

A sessão, que decorreu nas instalações do PACT, teve como objetivo fazer um ponto de situação das Agendas Mobilizadoras. As apresentações das 17 agendas ficaram a cargo de representantes das respetivas empresas líderes. Em jeito de resumo, damos a conhecer o que foi apresentado.

Área temática das Indústrias e Tecnologias de Produção: Sines Green Hydrogen Valley (SinesH2GValley); InsectERA, H2Enable – The Hydrogen Way for Our Chemical Future; NGS – New Generation Storage; e R2UTechnologies – modular systems.

Área temática da Mobilidade, Espaço e Logística: Aero.Next Portugal; New Space Portugal; e NEXUS Pacto de Inovação – Transição Verde e Digital para Transportes, Logística e Mobilidade.

Área Temática das Tecnologias Transversais e suas Aplicações: Aliança para a Transição Energética; BLOCKCHAIN.PT – Agenda “Descentralizar Portugal com Blockchain”; CircularTech; eGames Lab; Embalagem do Futuro | + ECOLÓGICA + DIGITAL + INCLUSIVA; Green Valley – Agenda Verde para o desenvolvimento de região 100% hidrogénio verde; e Sustainable Stone by Portugal – Valorização da Pedra Natural para um futuro digital, sustentável e qualificado.

Área Temática dos Recursos Naturais e Ambiente: Vine and Wine Portugal – Driving Sustainable Growth Through Smart Innovation; e Pacto da Bioeconomia Azul.

Em sede de candidatura, estas 32 Agendas Mobilizadoras declararam um investimento global na ordem dos seis mil milhões de euros, dos quais 770 milhões estão alocados ao Alentejo e são realizados por mais de 100 entidades copromotoras.

Posteriormente às apresentações das Agendas Mobilizadoras, seguiu-se uma breve discussão moderada por Tiago Teotónio Pereira, vogal executivo na CCDR do Alentejo, com Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, e António Oliveira das Neves, consultor para a EREI 2030 do Alentejo.

O seminário “Agendas Mobilizadoras no Alentejo” foi também uma ocasião para explorar sinergias entre os mais de 100 participantes (entre eles empresas líder de agendas, entidades copromotoras de agendas e representantes de municípios) em virtude do momento de networking e coffee break, durante o qual foi também possível analisar os 32 posters em exposição que davam conta das diferentes dimensões de cada agenda.

Para além do discurso de Pedro Dominguinhos, que teve a oportunidade de se inteirar dos principais desafios enfrentados pelos consórcios e mostrar a sua vontade em trabalhar com os mesmos numa lógica de maior proximidade, o encerramento da sessão incluiu uma intervenção da secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, em suporte vídeo.

Por fim, o PACT deu a conhecer que pretende dar continuidade ao acompanhamento da temática dos investimentos alocados ao PRR. Soumodip Sarkar, presidente executivo do PACT, revelou que “esta sessão não foi uma iniciativa isolada pelo que planeia realizar um novo evento no final do ano de 2023, com o propósito de fazer um novo ponto de situação e análise de resultados já alcançados neste primeiro ano de execução, em conjunto com as entidades que a nível nacional tutelam a gestão destas Agendas”: o IAPMEI e o Ministério da Economia e do Mar.

Em entrevista ao Diário do Sul, afirmou também “que esta iniciativa está totalmente alinhada com o papel cada vez mais preponderante que o PACT desempenha a nível regional na liderança do SRTT e revelou-se de uma enorme importância para todos os intervenientes”, constatando que “o PRR é uma ferramenta ímpar e que a região tem de saber aproveitar, rumo a um Alentejo mais inovador e tecnológico, sempre com o objetivo de reter pessoas, reter talento e envolver todos os que aqui escolherem viver.”

Soumodip Sarkar destacou ainda a importância desta sessão “uma vez que muitos dos atores desconheciam o conjunto de investimentos previstos, com impacto direto nos seus territórios, quer do ponto de vista da criação de novas tecnologias, de riqueza ou mesmo e mais importante, a criação de postos de trabalho”, tendo considerado assim “que este evento superou largamente as expectativas criadas em volta do mesmo”.

Por sua vez, o presidente da CCDR do Alentejo, António Ceia da Silva, sublinhou que “o PRR abriu um concurso para as Agendas Mobilizadoras”, definindo estas como “um consórcio de empresas em determinadas áreas específicas e que se associaram para poderem candidatar-se neste âmbito”.

Explicou ainda que “o Alentejo foi das regiões que teve maior acolhimento”, exemplificando que “há projetos em Sines, em Ponte de Sôr ou na Zona dos Mármores”.

De acordo com Ceia da Silva, “estes consórcios abrangem várias áreas de atividade e empresariais e vão trazer muito investimento para o Alentejo, mas também significam muitos recursos humanos altamente qualificados”.

Na sua perspetiva, “tem de haver aqui um círculo virtuoso porque vamos necessitar de habitação, de cultura, de acessibilidades”, comentando que “há um conjunto de investimentos que têm de ser feitos à volta disto para que as empresas se possam fixar e criar dinâmicas de desenvolvimento”.

O que são Agendas Mobilizadoras?

O presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, Pedro Dominguinhos, também falou com os jornalistas, realçando os pontos mais importantes nesta matéria.

“As Agendas Mobilizadoras estão enquadradas no PRR e tiveram como objetivo fundamental promover a inovação empresarial, mas acima de tudo juntar empresas que têm de ser líderes conjuntamente com a academia, quer universidades, quer politécnicos ou centros de investigação, com outros parceiros públicos e privados no sentido de produzir novo conhecimento”, começou por explicar.

Acrescentou ainda que, “acima de tudo, visam oferecer ao mercado produtos, serviços e processos inovadores que garantam que a economia portuguesa fica mais robusta, que tem maior capacidade de exportação, que tem a possibilidade de criar empregos mais qualificados e globalmente que aumentará a competitividade da economia portuguesa e das empresas e dos parceiros envolvidos”.

Segundo o mesmo responsável, “estamos a falar de Agendas Mobilizadoras que totalizam cerca de sete mil milhões de euros de investimento num potencial de incentivos de até cerca de três mil milhões de euros”.

Sustentou que, “nos próximos três anos, isso significa uma forte aposta do investimento empresarial privado com o apoio das entidades públicas e onde as entidades do sistema científico também têm aqui um potencial de investigação muito forte”.

De acordo com Pedro Dominguinhos, “no Alentejo, as 32 Agendas Mobilizadoras que têm investimento ou atividades têm um potencial de várias centenas de milhões de euros de investimento, de criação de centenas de postos de trabalho qualificado e isto permitirá, se forem concretizadas, um incremento na estratégia de especialização do Alentejo”.

A par disso, considerou que “significa também entrarem novos setores de atividade ou reforçar aqueles que se iniciaram em termos de investimento, como a aeronáutica, aeroespacial, o vinho, as rochas ornamentais, o ambiente ou a energia que têm aqui um potencial muito significativo”.

Para o mesmo responsável, “desse ponto de vista, as Agendas Mobilizadoras podem contribuir para uma transformação profunda daquilo que é a especialização produtiva do Alentejo, fazendo-a subir na cadeia de valor, tornando-a mais internacional e criando também trabalhadores mais qualificados com um potencial salarial também mais significativo”.

Por outro lado, fez questão de salientar “a criação e o potenciar de uma cultura de colaboração entre as empresas, a academia e o sistema científico e tecnológico, que é decisivo até porque um dos índices onde Portugal compara pior é na articulação entre o sistema científico e as empresas, a transferência e a partilha de conhecimento e em fazê-la chegar ao mercado”.

A esse nível, reforçou que “nós temos muito boa investigação, mas temos mais dificuldade em transformar essa investigação em produtos, serviços e processos inovadores”.

Autor: Redação DS
Fotos: DS

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