“Ambiente em 2022 no Alto Alentejo – O Melhor e o Pior”. Neste documento, enviado ao Grupo Diário do Sul, o Núcleo Regional de Portalegre da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza dá conta de vários factos que marcaram positiva e negativamente o ano de 2022, a nível deste território.

Em relação ao pior, um dos pontos destacados foi que “a obtenção de parecer ‘favorável condicionado’ por parte da Declaração de Impacte Ambiental da Barragem do Pisão é uma derrota para a conservação dos sistemas agrosilvopastoris tradicionais, nomeadamente o montado de azinho e sobro e o olival tradicional”.

Nesse assunto, a Quercus de Portalegre considerou que “permite o avanço das monoculturas intensivas de olival e amendoal, cujos impactos ambientais negativos se tornaram muito evidentes noutras regiões do Alentejo”.

Por outro lado, apontou que “o então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, declarou a ‘imprescindível utilidade pública’ para o projeto da Central Solar Fotovoltaica de Margalha, no concelho de Gavião, favorecendo o abate de 1079 sobreiros em cerca de 15 hectares”, lembrando que “existiam alternativas de localização fora do montado de sobro que não foram consideradas”.

Neste âmbito, a Quercus garantiu que “defende a promoção da energia fotovoltaica, mas num modelo assente em critérios de sustentabilidade, com produção descentralizada em autoconsumo nos edifícios e não em grandes centrais dispersas no território”.

Outro dos alertas deixados diz respeito “aos passadiços no concelho do Gavião, no percurso de pequena rota PR8, Rota da Sirga, que prejudicaram aves protegidas como os grifos e os abutres-do-Egito”.

A mesma fonte realçou também que “as cheias provocadas pela intensa chuva que caiu em vários concelhos do distrito de Portalegre trouxeram destruição e prejuízos que ainda não foram totalmente calculados”, reiterando que, “nalguns casos, verifica-se um desordenamento do território, com construções e equipamentos instalados em leitos de cheias, impermeabilização dos solos e encanamento de ribeiras que propiciam que os extremos climáticos tenham efeitos desastrosos”.

A Quercus denunciou ainda que “o Alto Alentejo, sobretudo em concelhos como Elvas, Avis, Fronteira, Campo Maior ou Évora, continuou, em 2022, a ser alvo da instalação de novas monoculturas intensivas e superintensivas de olival, sem um fim à vista”, constatando que, “perante as previsões de existirem cada vez mais carências dos recursos hídricos, será muito questionável a aposta que está a ser feita nestas culturas de regadio”.

Para terminar este périplo pelos factos negativos, mencionou também que, “à semelhança do país, pese o esforço da VALNOR, continuamos com índices de separação de resíduos muito baixos, devendo a educação ser reforçada”.

Quanto ao melhor de 2022, a Quercus evidenciou que “a análise do Índice Sintético de Desenvolvimento Regional, referente a 2020, divulgada em junho passado, revelou que, ao nível do índice de qualidade ambiental, o Alto Alentejo se situa em quarto lugar nacional”.

A par disso, sublinhou que “os municípios de Avis e do Alandroal foram distinguidos com a bandeira verde atribuída pela Associação Bandeira Azul da Europa”, explicando que “essa atribuição foi condicionada à avaliação do seu desempenho, através de indicadores de sustentabilidade, sendo um estímulo e uma responsabilidade para o fortalecimento de ações continuadas que visam a elevação da sua qualidade ambiental e educacional”.

A mesma entidade enalteceu ainda “o esforço das autarquias para reavivar eventos sociais, económicos e culturais que promovem o que temos de melhor e a própria vida social”.

Relativamente às perspetivas para 2023, o Núcleo de Portalegre da Quercus está expectante de que “o inverno chuvoso possa evitar seca na primavera”, esperando ainda que “2023 traga o primeiro município ou junta de freguesia a declarar-se livre de herbicidas”.

Por outro lado, salientou que “a fixação da população na região poderá proporcionar um desenvolvimento sustentável, dos pontos de vista ambiental e económico”, mostrando também a esperança de que “os cidadãos mais conscientes consigam influenciar os políticos para um melhor ordenamento do território”.

Autor: Redação DS / Marina Pardal
Foto: Quercus

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