A Universidade de Évora (UÉ) acolheu, no dia 23 de março, uma sessão para a literacia no cancro promovida pelo Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).
Esta iniciativa fez parte de um ciclo de conferências que aconteceram em vários pontos do país, incidindo em diferentes tipos de cancro. Em Évora, esteve em destaque “Diagnóstico e Tratamento – Cólon”.
O evento na UÉ contou com a participação de Fátima Carneiro, patologista e investigadora no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto; José Carlos Machado, professor da Faculdade de Medicina do Porto e vice-presidente do IPATIMUP; Manuel Sobrinho Simões, médico e diretor do IPATIMUP; e Rui Dinis, diretor do Serviço de Oncologia Médica no Hospital do Espírito Santo de Évora. Além disso, esteve presente o ator Jorge Serafim que, “através de contos populares e algum humor, ajudou a humanizar o tema”, de acordo com os organizadores.
Em declarações ao Diário do Sul, José Carlos Machado focou que “esta iniciativa do IPATIMUP tem como objetivo aumentar a literacia das pessoas em saúde, mais especificamente no cancro”, assegurando que “pretendemos, literalmente, que as pessoas passem a tratar o ‘cancro por tu’”.
Especificou que “queremos que compreendam melhor o cancro, que quando ficam doentes percebam melhor o que lhes está a acontecer ou os tratamentos que são administrados”.
Por outro lado, “pretendemos que percebam que o cancro não é necessariamente a doença catastrófica que muitas vezes parece que é”, disse José Carlos Machado, lembrando que “vencer o cancro é o mais provável”.
Exemplificou que “menos de metade das pessoas diagnosticadas com cancro morre com cancro, a maior parte das pessoas cura a doença ou controla a doença”, considerando que “este é um dogma que é preciso alterar, bem como desmistificar algumas ideias”.
Na sua perspetiva, “um doente melhor informado, é um doente melhor tratado”, constatando que “nesta relação entre médico e doente e no tratamento do cancro um doente que compreende bem o que lhe está a acontecer, que sabe fazer as perguntas certas e pedir o que é necessário, é um doente que vai ser seguramente melhor tratado”.
Quanto ao “Tratar o Cancro por Tu”, o vice-presidente do IPATIMUP explicou que “este foi o segundo ciclo da iniciativa”, indicando que “cada ciclo teve seis sessões e Évora foi o último local, tal como aconteceu da outra vez”.
Revelou que “cada sessão teve uma componente geral sobre o cancro, mas depois dedicou-se a um modelo de cancro em particular”, apontando que, “neste caso, foi sobre o cancro do cólon, um dos mais frequentes e dos mais mortais”.
José Carlos Machado referiu que “é daqueles cancros em que as pessoas têm de estar muito alertadas até porque temos mecanismos de rastreios e há coisas que as pessoas têm de fazer para maximizar a chance de detetarem um cancro, se o tiverem, porque se o detetarem cedo as coisas vão correr muito melhor”.
Ainda sobre esta iniciativa realizada na academia alentejana, João Nabais, vice-reitor da UÉ, recordou que “a saúde é uma das nossas áreas de desenvolvimento, é uma aposta forte que já estamos a fazer e que pretendemos manter no futuro”, reiterando que “são estas discussões que também trazem vida à universidade, neste caso centrada no cancro, com especialistas na área numa conversa muito informal e muito interativa, o que é sempre muito interessante para os nossos estudantes e para o próprio corpo docente”.
Autor: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS