A generalidade das previsões divulgadas pelas principais entidades nacionais e internacionais indica que Portugal deverá regressar a uma trajetória de crescimento a partir de 2021, ainda que num contexto de elevada incerteza quanto à evolução da pandemia e do seu impacto na economia. Segundo as projeções do Banco de Portugal, a economia portuguesa deverá crescer 3,9% em 2021 e 4,5% em 2022, após a quebra de 7,6% do PIB estimada pelo INE para 2020.

Não obstante o ano de 2021 ser ainda um ano marcado pelos efeitos do surto pandémico, com elevado grau de incerteza, à semelhança do observado em 2020, prevê-se que a atividade do setor da construção mantenha uma evolução globalmente positiva. O intervalo de previsão aponta para uma taxa de crescimento real entre 1,2% e 3,2%, o que representa um valor médio de +2,2%, valor ligeiramente inferior ao crescimento de 2,5% estimado para 2020.

No segmento da construção residencial, que em 2020 manteve um nível de elevada procura nacional e internacional e continuou a beneficiar de um enquadramento macroeconómico marcado por taxas de juro historicamente baixas, as previsões para 2021 apontam agora para uma variação da produção entre -2% e 0%, com o ponto médio do intervalo a situar-se em -1,0%. Esta interrupção da trajetória de crescimento iniciada em 2014 deve-se, essencialmente, a um elevado nível de incerteza que poderá conduzir ao abrandamento de investimentos já previstos, bem como ao impacto da quebra ocorrida no licenciamento de obras pelas câmaras municipais. Efetivamente, até novembro de 2020, assistiu-se a uma redução do número de fogos licenciados em construções novas de 1,3% e, nas obras de reabilitação de edifícios residenciais, a redução é de 8,1%, em termos homólogos.

Relativamente ao segmento da construção não residencial, prevê-se que a produção registe uma quebra mais intensa que a ocorrida em 2020, estimando-se agora uma redução entre 2,1% e 0,1%, a qual se traduz numa quebra de 1,1% no ponto médio do intervalo quando, em 2020, a contração foi de 0,5%. Esta evolução negativa da produção do segmento resulta da diminuição da atividade da sua componente privada, que após a quebra de 2% de 2020, deverá contrair-se cerca de 3,0% em termos reais em 2021, uma vez que, no que diz respeito à componente das obras públicas em edifícios não residenciais, prevê-se um crescimento em redor de 2% para 2021, semelhante ao ocorrido em 2020.

Na base deste decréscimo previsto para a evolução da produção de novos espaços não residenciais privados, está o indicador relativo às áreas licenciadas por destino de edifício, que, na globalidade, diminuiu 4,7% até outubro de 2020, o que corresponde a uma redução em termos absolutos de 106,3 mil m2 face ao mesmo período do ano anterior, com decréscimos significativos nas áreas licenciadas em edifícios destinados à indústria, turismo, transportes e uso geral.

Por outro lado, a componente pública da construção de edifícios não residenciais, beneficia da evolução muito positiva do mercado das obras públicas ao longo de 2020, com crescimentos acentuados, tanto no lançamento de novos concursos de empreitadas de obras públicas, como no volume de contratos celebrados.

No que diz respeito ao segmento da engenharia civil, prevê-se que 2021 seja um ano marcadamente positivo com a duplicação da taxa de crescimento face ao ano anterior: de +3,0% estimados para 2020 para +6,0% em 2021, no ponto médio do intervalo de previsão. O reforço do peso do investimento público no PIB (de 2,5% em 2020 para 2,9% em 2021, segundo as previsões da Comissão Europeia), em resultado da esperada execução dos fundos comunitários inscritos no Portugal 2020 e do expressivo aumento dos montantes de empreitadas de obras públicas promovidos e celebrados em 2020, fundamenta uma expectativa de um comportamento favorável do segmento da engenharia civil em 2021.

Note-se que o valor global dos cerca de 11 mil contratos de empreitadas de obras públicas celebrados ao longo de 2020 e que foram registados no Portal Base até 31 de dezembro rondou os 3,1 mil milhões de euros, refletindo acréscimos de 10,1% em número e 32,9% em valor, face aos totais apurados em 2019.

Em síntese, 2021 será certamente um ano ainda marcado pelos efeitos da pandemia de covid-19, com elevado grau de incerteza em diversos planos, desde o sanitário ao económico, e com um esperado impacto particularmente negativo ao nível social. Não obstante, e à semelhança do observado ao longo de 2020, espera-se que a atividade do setor da construção permaneça favorável, atingindo uma taxa de crescimento em redor dos +2,2% em termos reais.

Fonte: AICCOPN | AECOPS / Nota de imprensa

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