Uma equipa de investigação liderada por Anthony Burke, professor do Departamento de Química da Universidade de Évora (UÉ) desenvolveu uma série de pequenas novas moléculas que mostram potencial para o tratamento de vários tipos de cancro, incluindo o linfoma difuso de grandes células B (DLBCLs).
O desenvolvimento destas moléculas com potencial para o tratamento de cancro e alguns linfomas foi patenteado a nível europeu.
“Um tratamento para o linfoma difuso de grandes células B (DLBCL) – o tipo mais comum de linfoma – é um objetivo muito importante, pois afeta muitas pessoas” explica o investigador da academia eborense.
As moléculas desenvolvidas “mostram potencial também para o tratamento deste tipo de linfoma, o DLBCL”, um tumor maligno do sistema linfático em que as células tumorais são os linfócitos B, de tamanho grande, que proliferam e infiltram o gânglio de forma difusa.
Os resultados foram obtidos por Anthony Burke e Carolina Marques, investigadores do grupo de Síntese Molecular da UÉ, um dos 11 grupos que integram o Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE), em colaboração com investigadores internacionais de Centros de I&D da Suíça e de Espanha.
As novas moléculas “foram sintetizadas usando métodos químicos sustentáveis com catalisadores metálicos” revela o investigador e “apresentam uma estrutura química relativamente simples e são construídas por dois anéis heterocíclicos (um composto que tem um anel, do qual fazem parte pelo menos dois tipos diferentes de átomos), e em alguns casos são quirais, ou seja, não podem ser sobrepostos à sua imagem especular (espelho).”
A investigação na área da Química é “absolutamente fundamental” na deteção e tratamento do cancro, doença que é a segunda causa de morte a nível mundial e que apresenta ainda altas taxas de morbilidade, considera o também professor do Departamento de Química da UÉ, sendo “o do pulmão, colorretal e linfomas os três tipos de cancro mais difíceis de tratar”.
Além disso, “estas moléculas também mostram atividade na área de doença de Alzheimer, principalmente na inibição de uma enzima importante para a progressão da doença chamada butirilcolinesterase”, destaca Anthony Burke, referindo que o grupo publicou este estudo no ano passado na revista internacional Bioorganic Chemistry, também aqui em colaboração com grupos estrangeiros, da Espanha, Itália e da Alemanha.
Este é mais um passo para o desenvolvimento de novas formas de tratamento do cancro estando atualmente os investigadores da Universidade de Évora “a identificar os alvos moleculares destas moléculas para permitir melhorar as suas características estruturais e assim aumentar a sua potência farmacológica”, avança Anthony Burke, para que proximamente “possamos avançar com estudos pré-clínicos e conseguir determinar a sua potência in vivo e o seu comportamento geral no organismo do animal”.
Recorde-se que a equipa de investigadores liderados por Anthony Burke, entre outros avanços científicos, produziu com sucesso um novo inibidor da enzima Colinesterase, fundamental para assegurar a comunicação entre neurónios em doentes com a doença de Alzheimer. Inovadora, esta molécula apresenta apenas na sua composição o ingrediente ativo benéfico, por isso mais segura para o organismo humano.
Fonte: Universidade de Évora / Nota de imprensa