É na estrada que liga Évora a Estremoz (ao quilómetro 12) que encontramos a Herdade da Calada, fundada em 1854 pelos descendentes do Duque de Lencastre.
Atualmente, é propriedade de Maria e Jean Claude Penauille, destacando-se a herdade por ter uma área total de 420 hectares. Cerca de 55 são de vinha e 127 são de olival, sendo o restante espaço ocupado por montado, cultivo de cereais e um alojamento rural.
A produção de vinho domina este projeto, sendo já diversas as referências que estão no mercado. O azeite também tem vindo a ganhar maior projeção.
Foi precisamente para dar a conhecer dois novos produtos que a Herdade da Calada promoveu a Festa da Primavera, no dia 6 deste mês. O evento, dirigido a diferentes parceiros, teve como propósito a apresentação do novo Baron de B Rosé Syrah 2023 e o lançamento do novo azeite Claudy.
A iniciativa reuniu participantes nacionais e internacionais, nomeadamente fornecedores, distribuidores, clientes e amigos, entre eles a Confraria dos Enófilos do Alentejo, contando ainda com atuações de Sevilhanas.
Em declarações ao Diário do Sul, Anaïck Penauille, neto dos proprietários e diretor de desenvolvimento da Herdade da Calada, contou um pouco mais sobre a história deste local.
“Os vinhos da Calada apareceram no mercado nos anos 2000, mas em pouca quantidade”, recordou, acrescentando que, “em 2007, os meus avós compraram a herdade e depois desenvolveram este projeto”.
O jovem contou também um pouco do seu percurso. “Cheguei em 2016 e no início não sabia falar português”, confessou, admitindo ainda que “nunca tinha trabalhado numa adega, nem no campo e tenho aprendido graças à minha família e à equipa espetacular que temos aqui”.
Em relação à Festa da Primavera, adiantou que “foi um evento para o lançamento do nosso novo vinho e também de um azeite muito especial, em homenagem ao meu avô”, confidenciando que “estou muito orgulhoso de apresentar as nossas tradições e tudo o que eu sei aqui na Herdade da Calada”.
Quanto ao projeto que é desenvolvido na Herdade da Calada, Anaïck Penauille realçou que “temos vinhos tintos, brancos e rosés, de entrada de gama, meia gama e gama alta”, especificando que “temos também uma colheita tardia, Clemente de B, com casta Antão Vaz, com uvas apanhadas no mês de novembro”.
A par disso, explicou que “temos dois azeites, um virgem e um extra virgem, além deste que foi agora lançado”.
A este respeito, Cristiano Sousa Pinto, enólogo da Herdade da Calada, mencionou que “temos 127 hectares de olival, todo ele tradicional ou intensivo”, garantindo que “não temos olival superintensivo, pelo que a nossa densidade de plantação por hectare é muito baixa”.
Segundo Anaïck Penauille, o projeto inclui ainda “um enoturismo, com 14 quartos, além de também organizarmos eventos aqui na herdade, como casamentos e batizados”.
No que diz respeito aos vinhos, sublinhou que “o nosso mercado principal é fora do país”, revelando que “estamos muito na Europa, sobretudo Alemanha e Holanda, mas também no Brasil e Angola e estamos a começar nos Estados Unidos da América”.
Quanto ao mercado nacional, o diretor de desenvolvimento apontou que “representa 48 por cento das nossas vendas”.
Deu ainda conta de que “temos uma produção de cerca de 450 mil garrafas por ano”, evidenciando que “esperamos que este número venha a crescer porque em 2018 plantámos 17 hectares de vinhas novas, que já estão a produzir, mas com uma qualidade que não podemos pôr em vinhos da gama alta, mas para entrada de gama”.
Azeite Claudy é uma homenagem a Jean Claude Penauille
Para Anaïck Penauille, o azeite lançado durante o evento é “muito especial porque é uma homenagem ao meu avô, Jean Claude, que era carinhosamente conhecido por Claudy pela sua avó paterna”.
O novo azeite virgem extra é “extraído a frio com azeitonas apanhadas à mão”, apresentando um design distinto.
Na embalagem pode ler-se a dedicatória de Anaïck Penauille, onde salientou que, “enquanto o tempo passa, cada abraço que trocamos torna-se ainda mais precioso, pois sabemos que os momentos juntos são verdadeiros tesouros que guardaremos para sempre nos nossos corações”.
Destacou também que, “além de prestar homenagem ao meu avô, isto é o fruto dum trabalho meticuloso realizado com todo o amor e dedicação”.
Vinho Baron de B Rosé Syrah 2023 é a nova aposta da Herdade da Calada
O lançamento da nova colheita do Baron de B, um Rosé topo de gama de 2023, foi também um momento alto deste evento.
De acordo com Cristiano Sousa Pinto, “este é um rosé que faz parte da nossa gama superior”, comentando que “só produzimos cerca de 1000 garrafas dessa referência”.
Referiu ainda que “é um rosé monocasta, feito só da variedade Syrah, vindo totalmente das nossas vinhas velhas”.
O enólogo da Herdade da Calada focou que “colhemos manualmente durante a noite as uvas destinadas a fazer esse produto e na vinificação das uvas elas seguem em cachos inteiros para a prensa”, explicitando que “fazemos uma prensa muito suave para depois não termos de fazer nenhum procedimento de remoção de cor”.
Acrescentou que “deixamos fermentar o vinho naturalmente a baixas temperaturas em contacto com a madeira”, frisando que “usamos barricas novas para fazer esse produto”.
Cristiano Sousa Pinto reiterou ainda que “não é de todo um ‘rosé de piscina’, é um rosé seco, que acompanha muito bem pratos de peixe mais gordurosos e alguns de carne”, comentando que “queremos que o vinho dê ao consumidor o mesmo prazer a beber que a nós nos dá a fazer”.
Pode ver a reportagem vídeo no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=l2IoIUfRh_8&t=21s
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS