Entre 17 e 19 de abril, o Grupo Diário do Sul esteve em Bruxelas a convite do eurodeputado Carlos Zorrinho, para conhecer o funcionamento do Parlamento Europeu (PE) e a a lógica da União Europeia (UE), havendo ainda a oportunidade de visitar o Parlamentarium.
Eleito pelo PS, Carlos Zorrinho é membro do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no PE e está a terminar o seu segundo mandato como eurodeputado.
“Conhecer o funcionamento do PE, a sua organização, composição e evolução histórica” foram alguns dos objetivos desta viagem, na qual Carlos Zorrinho também partilhou os principais pontos desta legislatura.
“Com este convite quis sobretudo homenagear a comunicação social do Alentejo”, salientou o eurodeputado, realçando que “o centro desta visita não fui eu, foi a instituição europeia e o PE”.
Acrescentou ainda que “nos meus dez anos como eurodeputado tive oportunidade de convidar muita gente para vir ao PE e o desafio é fazer com que as pessoas sintam como funcionam as instituições, sintam que são parte delas”.
Carlos Zorrinho reforçou que “o objetivo é que as pessoas sintam que as instituições não decidem, somos nós que decidimos nas instituições”, reiterando que “Bruxelas somos nós, a Europa somos nós, o PE somos nós”.
Na sua opinião, “se as pessoas sentirem que a Europa também depende delas e que são protagonistas, elas vão votar”, frisando que “vejo isso quando vou às escolas ou às associações e nas conferências em que participo, por exemplo”.
Fazendo a analogia com um jogo de futebol, o eurodeputado referiu que “o que é fundamental nós percebermos é que o futuro não vai acontecer por acaso, nós não estamos na bancada”, constatando que “se nós estivermos na bancada não temos nenhuma influência no jogo, por isso, temos de ir para dentro do campo”.
Disse ainda que “quando eu convido alguém a vir aqui é para convidar a jogarem o jogo”, considerando que “a comunicação social tem um papel muito importante a chamar as pessoas para ‘dentro do jogo’”.
Com esta visita, o deputado quis também que a comunicação social “se sinta mais parte do jogo e fique mais motivada para chamar as pessoas para o jogo”, lembrando que “o próximo jogo é já dia 9 de junho”.
Na sua perspetiva, “a informação sobre a Europa chega a algumas pessoas de uma maneira muito elaborada, muito técnica e a comunicação social regional tem um papel muito importante”, evidenciando que “é o papel de descomplicar e de explicar aquilo que é de facto fundamental para a vida das pessoas e que decorre das medidas europeias”.
Carlos Zorrinho salientou também que “os estudos de opinião dizem que os cidadãos não se interessam pelas medidas europeias”, sugerindo que, “se calhar, temos de comunicá-las como medidas nacionais e mostrar que 70 por cento daquilo que são medidas nacionais são medidas europeias”. Resumiu que “é isso que temos de fazer e é isso que vocês (órgãos de comunicação social regional) conseguem fazer”.
Recorde-se que as eleições europeias decorrem entre 6 e 9 de junho, acontecendo em Portugal no último dia (9). Vão ser eleitos 720 deputados para o PE (até agora eram 705), mantendo Portugal os 21 deputados que teve nesta legislatura.
Carlos Zorrinho destacou principais momentos do seu percurso como eurodeputado
Carlos Zorrinho tem sido deputado no PE nas duas últimas legislaturas (2014-2019 / 2019-2024), não voltando a ser candidato nas próximas eleições.
Na altura desta visita a Bruxelas ainda não tinha sido divulgada a lista do PS para as europeias (o anúncio foi feito no dia 22 de abril), mas Carlos Zorrinho já tinha adiantado que “a tradição no PS é que não se façam mais de dois mandatos, portanto o mais provável é que essa tradição se mantenha”.
Quanto ao balanço destes dez anos, o eurodeputado garantiu que “foram muito marcados pelas minhas raízes”, comentando que “nós somos eleitos em nome de um país, não de uma região, e de um partido político, portanto Portugal e o PS deram-me a oportunidade de concorrer e as pessoas depois elegeram-me, mas também o Alentejo que é a zona onde cresci e onde vivo”.
De acordo com Carlos Zorrinho, “esta foi uma experiência muito rica e trabalhei em muitas coisas, mas sobretudo naquelas que são as minhas áreas de especialidade”, exemplificando com “as áreas da informática e do digital; energia; economia circular; indústria, nomeadamente a ver com PME; ou desenvolvimento, inclusive no domínio da ajuda humanitária”.
Quanto ao futuro, relembrou que “sou professor catedrático da Universidade de Évora”, afiançando que “nunca deixarei de estar na política e estou aberto a muitas coisas”, ao mesmo tempo que esclareceu que “a política tem um espetro muito largo, não é apenas ser deputado ou ser membro do Governo”.
Para Carlos Zorrinho, “o que é fundamental é que me sinto com muita força, gostei muito daquilo que fiz e estou com muita vontade de fazer o que venha a seguir, seja o que for”.
Pode ver a reportagem vídeo no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=xYC8MQ1TZQs&t=16s
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Fotos: DS